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Protocolo Solend bloqueia fundos de grande investidor e depois volta atrás

Após a série de riscos de liquidação em fundos e empresas de empréstimo de criptomoedas, agora foi a vez do protocolo Solend. Operando na rede Solana (SOL), este protocolo de finanças descentralizadas (DeFi) pode bloquear e até confiscar os fundos de um grande investidor.

De acordo com o protocolo, a baleia em questão possui mais de US$ 100 milhões em SOL. No entanto, o investidor está à beira de enfrentar uma grande liquidação.

Ao que parece, esta liquidação pode causar um efeito caótico em cadeia. Por isso os votantes do Solend optaram pelo bloqueio dos fundos. Mas os investidores em geral criticaram a proposta, que vai contra os princípios de descentralização de uma blockchain.

Votação polêmica

No final de semana, o Solend abriu a votação para decidir o destino dos fundos da baleia. Durante seis horas, os detentores dos tokens de governança do protocolo (SLND) tiveram a opção de votar na proposta.

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A opção era simples: votar “sim” ou “não” pelo bloqueio dos fundos. No final, a rede aprovou a proposta por uma ampla maioria. Foram 1.155.431 votos a favor do bloqueio, enquanto 30.101 votos se manifestaram contra a proposta.

Contudo, a votação despertou uma série de polêmicas. Em primeiro lugar, os investidores reclamaram da pressa para realizar a votação, realizada às pressas e durou menos de um dia.

O cofundador da Solend, que atende pelo pseudônimo de Rooter, admitiu este erro, mas ressaltou que a medida demandava urgência.

“Reconhecemos que o tempo de votação de 1 dia ainda é curto, mas precisamos agir rapidamente para lidar com o risco sistêmico e o fato de que usuários normais não podem retirar USDC. Pedimos à nossa comunidade que seja ativa na governança nos próximos dias. O tempo de votação será revisitado em uma proposta futura”, disse.

O segundo ponto foi uma suposta concentração dos votos nas mãos de poucos investidores. De fato, dos mais de 1,1 milhão de votos a favor do bloqueio, um milhão teriam vindo de uma só pessoa. Ou seja, a votação não foi descentralizada, pois se o investidor não tivesse votado, o “não” ganharia a disputa.

Adam Back, CEO da Blockstream, criticou a votação e a classificou como uma “aquisição hostil” do mercado. 

Crise de liquidez

No centro da crise está o investidor, cuja carteira não teve sua origem detectada. O investidor depositou seus fundos na Solend e gerou uma grande distorção, já que 95% de todo o pool de SOL na Solend era dinheiro dessa baleia.

Além disso, o investidor também depositou o equivalente a 88% dos empréstimos na rede USDC. Com isso, a baleia transformou-se no maior usuário do protocolo.

No entanto, o bear market no mercado de criptomoedas atingiu o preço da SOL, afetando a liquidez da baleia. Se o preço da SOL atingir US$ 22,30, o protocolo liquidaria automaticamente até 20% da garantia do investidor.

Embora o preço da SOL esteja acima dos US$ 35 no momento da escrita deste texto, ele chegou a cair próximo de US$ 26. Dessa forma, os desenvolvedores do Solend temiam que a liquidação de vários milhões de dólares inundasse as exchanges descentralizadas (DEX) de Solana com muita pressão de venda e até congestionasse a rede.

Por causa do temor, os desenvolvedores aprovaram uma votação para comandar a carteira do investidor e executar sua liquidação.

A execução será conduzida “de forma mais transparente via mercado de balcão (OTC)”, de acordo com a equipe. Portanto, se o cenário de queda realmente acontecer, a equipe do Solend ficará responsável por liquidar os fundos de outro investidor.

Manobra ilegal

Como era de se esperar, o mercado reagiu negativamente ao resultado da votação. Para completar, o preço da SOL se valorizou, o que fez a medida parecer precipitada.

O advogado Gabriel Shapiro foi além e chamou a medida de “ilegal”.

“Minha mente está explodindo com isso. Não só isso é contrário em todos os sentidos ao ethos das “DeFi”, como também é ilegal. Na melhor das hipóteses, isso é transgressão/conversão, com potencial para ficar muito pior”, afirmou.

Outras personalidades também criticaram a proposta como “ridícula”. Diante da repercussão negativa, a Solend preparou uma nova proposta para revogar a aprovação anterior. Com mais de 1,4 milhão de votos a favor, a proposta foi revogada e o investidor não terá seus fundos bloqueados.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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