Categorias Notícias

Projeto na Venezuela quer permitir o uso de Bitcoin por ondas de rádio

Um grupo venezuelano está desenvolvendo o Locha, uma rede descentralizada que não depende da internet para fazer transações com Bitcoin, informou o Cointelegraph na terça-feira, 21 de janeiro.

O sistema, que utiliza ondas de rádio para permitir as transações, nasceu em resposta as frequentes interrupções no fornecimento de eletricidade e internet na Venezuela. O Locha Mesh é um projeto de código aberto liderado por Randy Brito, membro da organização Bitcoin Venezuela.

O grupo está desenvolvendo dois dispositivos, chamados Turpial e Harpia, que permitirão a qualquer pessoa se conectar com a blockchain do Bitcoin usando ondas de rádio de longo alcance. O Turpial é a versão mais simples do transmissor de rádio, que funciona em distâncias de um a dois quilômetros nas áreas urbanas. O Harpia é um módulo de rádio mais limitado para uso em computadores pequenos, como o Raspberry Pi.

Ambos os dispositivos foram desenvolvidos para serem portáteis e operar com baterias. Sua aplicação não se limita ao Bitcoin – qualquer outra blockchain pode ser integrada a ele, assim como sistemas de mensagens e transferência de arquivos, como o IPFS.

🚀 Buscando a próxima moeda 100x?
Confira nossas sugestões de Pre-Sales para investir agora

Alternativa realista à Internet

Os dispositivos Locha Mesh funcionam como um método alternativo de transferência de dados para a Internet. Seu principal caso de uso é para situações críticas, como na Venezuela e no Irã, onde problemas de infraestrutura ou restrições governamentais geralmente levam a interrupções prolongadas da Internet.

Mas, embora a incapacidade física para realizar transações seja um aspecto, a resistência à censura é outro. Brito elaborou uma discussão sobre o sistema com os membros da comunidade Monero:

“Estamos criando algo para as situações em que você não tem Internet, devido à falta de infraestrutura, censura direcionada ou caso deseje manter seu anonimato, para não expor seu endereço IP residencial/telefônico isso está vinculado à sua identidade”, explicou.

Apesar de vender seus próprios dispositivos, a Locha visa tornar possível para os entusiastas da tecnologia criarem um transmissor compatível com a malha. O software é de código aberto e acessível a todos.

Obstáculos à adoção

Uma fraqueza na proposta da Locha Mesh é que ela ainda requer acesso à Internet em algum momento da rede para se conectar aos nós mundiais de criptomoedas. Embora, mesmo durante o desligamento da Internet no Irã, alguns tenham permanecido conectados à rede mundial, não está claro se uma rede Locha completa permaneceria funcional.

Brito explicou que a rede não dependeria necessariamente de nós conectados à Internet via telefone fixo. Usuários com antenas parabólicas também seriam capazes de atuar como gateways e retransmitir os dados dentro da malha Locha.

Quando perguntado se os usuários de países em crise como a Venezuela poderiam comprar e acessar o dispositivo, Brito respondeu:

“Não esperamos que o preço seja tão alto, nosso objetivo é tornar o dispositivo o mais portátil e acessível possível. Será possível comprá-los de qualquer país. Em locais onde não pode ser enviado, teremos muita documentação para que as pessoas possam criar seus próprios e talvez algumas pessoas desejem levar alguns de nossos dispositivos Turpial para os lugares em que pode não ser capaz de alcançar a nós mesmos.”

No entanto, o progresso da equipe ainda é lento. Espera-se que um dispositivo pronto para produção seja concluído até o segundo trimestre de 2020, após o qual se espera um atraso adicional na configuração da fabricação. A equipe está atualmente buscando financiamento, com Brito observando que recursos adicionais acelerariam o desenvolvimento do projeto.

“Achamos que sim. Com mais financiamento, poderíamos chegar a um hardware e software prontos para produção mais cedo, assim como pudemos obter nossas próprias revisões de hardware e os firmwares de software necessários com os investimentos e doações que recebemos ao longo 2019.”

Leia também: Confira as vantagens e riscos de criar uma reserva de emergência em Bitcoin

Compartilhar
Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

This website uses cookies.