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Primeiro clube brasileiro a lançar uma ICO fala com exclusividade sobre o projeto

Na última quinta-feira, 13 de setembro, o Criptomoedas Fácil noticiou que o Avaí Futebol Clube, de Santa Catarina, anunciou o lançamento de sua oferta inicial de moeda (ICO, na sigla em inglês) com o objetivo de arrecadar fundos para o clube.

A ICO, primeira no país emitida por um clube de futebol, pode significar uma verdadeira mudança no modelo de financiamento dessas instituições, que geralmente são associadas a prejuízos, estruturas precárias e casos de corrupção envolvendo seus dirigentes. Também pode representar uma mudança na relação entre os torcedores com o clube e até servir de exemplo para times de maior expressão.

E foi para discutir essas questões que nós procuramos o clube para uma entrevista sobre o assunto. Em retorno ao nosso contato, o responsável pelas Relações Internacionais do clube Bruno Comicholi nos concedeu uma entrevista na qual falou mais sobre o projeto e os planos do clube para o novo token. Confira!

Criptomoedas Fácil: Olá, Bruno. Antes de tudo, o que levou o Avaí a adotar uma criptomoeda como forma de levantar recursos?

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Bruno Comicholi: Luciano, os clubes do porte do Avaí enfrentam inúmeras dificuldades financeiras. As fontes tradicionais de financiamento de um clube de futebol, tais como direitos de televisão, cotas de patrocínios e bilheteria não têm se demonstrado suficientes para fazer frente às inúmeras obrigações que a atividade demanda. Já há alguns anos o clube procura formas de receber investimentos que fujam do trivial. Nesse processo, conseguimos estabelecer contato com diversas empresas de fora do Brasil e, mais recentemente, fomos procurados pelas empresas Blackbridge Sports e Sportyco, ambas da Inglaterra, com o objetivo de implementar o processo de ICO no Avaí FC.

CF: Você poderia explicar como funcionarão a plataforma e a ICO do clube?

BC: Todas as regras estão dispostas no “whitepaper”, disponível no site criado para o ICO do Avaí (www.avaifc.io). Em termos simples, o Avaí FC, através da tecnologia disponibilizada pela Sportyco, emitirá os denominados “Avaí Tokens”, ao valor unitário de U$D 1,00 (um dólar norte-americano). O objetivo do clube é se manter de forma estável na Série A do Campeonato Brasileiro, e os recursos angariados através da ICO serão destinados a esse fim. O clube se compromete a utilizar o recurso de forma racional, sendo 50% destinados ao investimento em infraestrutura, 25% para o saneamento das contas do clube e 25% para o investimento no plantel da equipe profissional.
O clube criará um “marketplace” dedicado, em que os titulares do Avaí Token poderão utilizar os seus ativos na aquisição de produtos, serviços e experiências exclusivas. Além disso, o Avaí Token estará listado em corretoras de todo o mundo para poder ser transacionado livremente entre os seus detentores.

CF: Quantos tokens serão emitidos e disponibilizados para o mercado?

BC: Nesta primeira fase serão emitidos 22.000.000 de tokens e disponibilizados 20.400.000 destes. Caso as condições estabelecidas no whitepaper sejam atingidas, o clube se reserva no direito de emitir mais 22.000.000 tokens, sendo esse o limite.

CF: Qual será a blockchain utilizada para a realização da ICO?

BC: ERC20 da rede Ethereum.

CF: No lançamento do token durante o evento da Blockmaster, os palestrantes mencionaram a dificuldade de investimento como razão para a escolha de uma ICO. Na sua visão, quais são as maiores dificuldade que um clube de futebol tem para captar dinheiro no Brasil?

BC: A estrutura jurídica de quase a totalidade dos clubes de futebol do Brasil, ao serem constituídos como associações sem fins lucrativos, acabam restringindo de alguma maneira o investimento externo, justamente pela impossibilidade de se distribuir lucros. Além disso, o modelo dificulta a implementação de regras claras de compliance e governança, o que acaba afastando os investidores mais cautelosos. Encontramos na ICO uma forma de democratizar o acesso ao nosso clube, de uma forma não-tradicional, disruptiva e alinhada com a legislação.

CF: Em mercados mais maduros, como o europeu, as possibilidades de financiamento são maiores. Existem até mesmo bolsas de valores para clubes, nas quais o torcedor pode tornar-se acionista de seu time. Você acredita que essa também poderia ser uma opção atrativa para os clubes brasileiros buscarem financiamento?

BC: Com certeza. Logo após o anúncio da ICO pelo Avaí, clubes europeus como o Newcastle United, o Paris Saint German e o Cardiff City já declararam publicamente o seu interesse nessa modalidade. Fomos procurados por diversos clubes brasileiros, para dividirmos a nossa experiência. Entendemos que as criptomoedas podem representar uma nova era no financiamento dos clubes de futebol.

CF: A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) tem causado diversos entraves burocráticos para empresas brasileiras que buscam financiamento através de ICOs. Como o Avaí está trabalhando para evitar que sua oferta se perca no meio da burocracia?

BC: Estamos emitindo um “token de utilidade”. Tivemos toda a cautela para nos adequarmos à legislação vigente. O Avaí Token não dará ao seus titulares o direito de participar na gestão do Avaí Futebol Clube (de qualquer tipo ou natureza), não representará uma participação no Avaí Futebol Clube (de qualquer tipo ou natureza) e não dará a seus titulares qualquer direito (de qualquer tipo ou natureza) aos resultados financeiros gerados pelo Avaí Futebol Clube.

CF: Outros clubes de pequeno porte no Brasil, como Bragantino (SP) e Cruzeiro/RS, já começaram a utilizar criptomoedas. Alguma dessas iniciativas serviu de inspiração para a ICO do Avaí?

BC: Entendemos que todas as iniciativas no sentido de inovar um mercado essencialmente tradicional são positivas e dignas de elogios. Nosso modelo, no entanto, como fizemos questão de ressaltar na coletiva de anúncio é único e inovador: o Avaí FC tornou-se o primeiro clube de futebol do mundo a anunciar um ICO.

CF: O interesse por criptomoedas no futebol brasileiro tem partido, como vimos nos exemplos acima, de clubes de menor expressão. O que você acredita que motivou esses clubes a saírem na frente dos chamados “grandes” em relação à essa inovação?

BC: Certamente a dificuldade em se obter financiamento nos meios tradicionais, faz com que os clubes de menor porte acabem pensando “fora da caixa”, buscando alternativas para viabilizar a sua atividade. Esse foi o motor do Avaí e certamente não pararemos nessa iniciativa.

CF: Obrigado pela atenção e disponibilidade. Deixo o espaço aberto para seus comentários.

BC: Muito obrigado pela oportunidade em apresentar de forma mais detalhada o ICO do Avaí FC. Convido todos os leitores a visitar o site www.avaifc.io para conhecerem a nossa iniciativa. O nosso pioneirismo certamente trará resultados tanto ao clube quanto aos investidores.
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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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