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Presidente da Fiesp acredita que a blockchain revolucionará a indústria no Brasil

A tecnologia blockchain promete remodelar não apenas o setor financeiro mas também toda a sociedade por meio de aplicações diversas que modernizarão processos atuais, além de também criar novos serviços. Fundamental neste processo é o setor industrial, responsável pela fabricação de tudo aquilo que utilizamos, desde produtos complexos como uma espaçonave até pequenos semicondutores que possibilitam que a revolução eletrônica aconteça.

Para entender como o setor industrial vê a integração com novas tecnologias, o Criptomoedas Fácil entrevistou com exclusividade o presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) José Ricardo Roriz.

Roriz irá palestrar na Futurecom 2018, que acontecerá de 15 a 18 de outubro em São Paulo, sobre o tema “Macrotendências Mundiais”. Além de Roriz, a FIESP estará presente no evento em um painel específico sobre blockchain, nomeado “Como a Convergência de IoT, Blockchain e I.A. mudarão os Negócios?”, que contará com a presença de representantes da NEC, TIM, Mercedez Benz, Embraer, entre outros. Confira a entrevista!

Criptomoedas Fácil: Como a Fiesp enxerga o potencial da tecnologia blockchain?

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José Ricardo Roriz: O blockchain tem um valor estratégico para a indústria, permitindo a redução de custos nos processos, bem como, a longo prazo, a criação de novos modelos de negócios. Apesar da euforia, essa ainda é uma tecnologia imatura, com um mercado incipiente, para o qual não surgiu uma receita clara de sucesso. Para as empresas, a maior vantagem do blockchain é o efeito de rede. Portanto, seria interessante garantir o envolvimento de diversos atores (governo, academia e setor privado), os quais precisam cooperar tanto em decisões de governança quanto na condução e gerenciamento dos sistemas, dados e investimentos.

A chamada “Estratégia de Blockchain 2021” lançada nos Emirados Árabes, por exemplo, prevê que 50% dos serviços públicos utilizarão o blockchain até 2021, uma economia de quase US$ 3 bilhões nos gastos anuais do governo com circulação de documentos. Além disso, estima-se que a adoção da tecnologia economizará milhões de horas de trabalho e economizaria 1,6 bilhão em quilômetros rodados com materiais impressos.

Na prática, existe uma infinidade de casos de uso para o blockchain, os quais serviriam como importantes soluções e padrões viabilizadores para a economia como um todo, a exemplo de identidades digitais online, desburocratização de serviços de registros públicos, automatização das operações aduaneiras e inovações por meio de certificados e rastreabilidade ao longo de toda cadeia produtiva. No Brasil, temos certeza que essa tecnologia será de grande valia e terá um forte impacto na indústria, revolucionando os processos, garantindo maior confiabilidade e segurança, transparência das informações.

 CF: Os atributos que fizeram a blockchain tornar-se famosa entre as instituições em todo o mundo podem ser expandidos também para o Bitcoin e outras criptomoedas? Ou a Fiesp acredita que haverá uma separação completa das tecnologias em termos de aceitação?

JRR: São comuns as especulações sobre o valor do blockchain, enquanto as criptomoedas e o bitcoin vêm ganhando manchetes por seus preços e volatilidade vertiginosos. Entendemos essas como as primeiras aplicações da tecnologia blockchain, a qual tem chamado a atenção de governos e da indústria.  blockchain é a consolidação de uma base de dados distribuída. Por meio dessa tecnologia, cada informação é criptografada matematicamente e adicionada como um novo “bloco” à cadeia de registros, possibilitando que transações e negócios sejam feitos de forma automática e com custo reduzido.

A confiabilidade de suas transações baseia-se no chamado consenso compartilhado, ou seja, todo registro de informação precisa passar pelo crivo da rede para ser validado. Isso é o que torna o blockchain tão importante. Ele garante que todos os “nós da rede”/atores que validam as transações concordem e tenham exatamente os mesmos dados, evitando situações de suspeita quanto à validade das informações prestadas, comuns em sistemas que dependem da validação de um terceiro. Esse procedimento evita fraudes ou gastos duplicados, sem precisar de uma autoridade central.

No Brasil já há um movimento tanto para a regulamentação das criptomoedas quanto para a aplicabilidade da tecnologia do blockchain. Apesar de terem surgido quase ao mesmo tempo, elas não necessariamente precisam andar em conjunto. A aplicação do blockchain não precisa, obrigatoriamente, estar atrelada às criptomoedas para ter sucesso na indústria.

 CF: Como a Fiesp vem atuando, junto a seus associados, visando promover praticas relacionadas à tecnologia e inovação e como as novas tecnologias como IoT, Machine Learning, Big Data e blockchain tem entrada na pauta da instituição?

JRR: O primeiro passo da Fiesp foi realizar uma pesquisa sobre o grau de conhecimento e interesse do empresariado no tema. Segundo nosso levantamento, 64,4% das empresas indicaram que nunca tinham ouvido falar da tecnologia, ao passo que 72,4% gostariam de conhecer mais sobre o assunto. Apesar de apenas 0,7% dos entrevistados estarem implementando projetos com a tecnologia, 49,3% consideram importante ou muito importante sua aplicação.

De olho no impacto que essa tecnologia terá em toda a cadeia da indústria, podendo reduzir custos, desperdícios e processos burocráticos, bem como aumentar a produtividade, a Fiesp e o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) estão colocando em prática uma agenda para discutir e desenvolver as melhores práticas de aplicação do blockchain, visando o desenvolvimento da indústria paulista e do Brasil.

Outras entidades do Sistema S também estão envolvidas nesse processo, como o Sesi e o Senai. A ideia é discutir novas maneiras de aplicação da tecnologia na educação e na indústria, com o lançamento de um curso específico para sensibilizar os empresários a respeito da importância do assunto. A utilização de novas tecnologias é pauta frequente na Fiesp diante da revolução de informação pela qual estamos passando.

CF: A Fiesp acredita que o setor industrial brasileiro está preparado para a revolução da indústria 4.0 e quais as dificuldades para as empresas adotarem e pesquisarem implementações em novas tecnologias no Brasil?

JRR: A Indústria 4.0 está baseada em uma descentralização do controle dos processos e na utilização de dispositivos inteligentes integrados à cadeia produtiva e é uma discussão recente no Brasil. O blockchain poderá garantir segurança e rastreabilidade, imputando um histórico confiável de transações, permitindo a validação de informações precisas sobre produtos, sua origem, dados do fabricante, validade e principais características.

De acordo com pesquisa sobre Indústria 4.0 desenvolvida pela Fiesp com 227 empresas (55% pequenas, 30% médias e 15% grandes) em outubro deste ano, 68% do total de entrevistados, ou 154 empresários, concordaram que o fenômeno da Indústria 4.0 deverá alavancar a produtividade dos parques industriais e que “é uma oportunidade ao invés de um risco”. Outros 30% disseram estar “muito otimistas” quanto à implementação da Indústria 4.0 na própria empresa, enquanto 17% estavam “muito otimistas” quanto a essa implementação no setor de atuação da empresa. Já entre as áreas citadas como potenciais pelos entrevistados ficaram a produção (55%), o controle da produção (50%), a rastreabilidade (38%), o controle de qualidade (32%), o planejamento (31%) e a engenharia de desenvolvimento de novos produtos (31%). As grandes companhias destacaram manutenção (34%) e suporte a clientes (31%).

O estudo da Fiesp também tentou identificar quais as qualificações esperadas do chamado profissional do futuro. Houve consenso entre os primeiros itens considerados essenciais, que foram: automação, cibersegurança e (capacidade) analítica e preditiva. As principais variações estavam relacionadas com habilidade de “programação” (eleita pelas pequenas) e “gerenciamento de dados” (destacada pelas médias e grandes), além de data science (priorizada pelas grandes).

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Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

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