Categorias Notícias

Presidente da Embrapa defende que Brasil aplique mais recursos em tecnologia

A Embrapa que recentemente firmou uma parceira com a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) para fomentar a pesquisa e desenvolvimento de soluções de inovação baseadas em blockchain, para ampliar a competitividade, produtividade e a sustentabilidade da cadeia produtiva de cana-de-açúcar, destacou, por meio de seu presidente Celso Moretti, que para que seja possível a pesquisa agrícola continuar gerando conhecimento, é preciso investir de forma mais consistente em ciência e tecnologia.

“É o que devemos fazer para ter um agro competitivo”, explicou durante um debate no evento Agrocenário 2020, realizado nesta quarta-feira, 04 de dezembro, em Brasília.

Moretti participou do painel “Inovação e Sustentabilidade – O papel da inovação para o desenvolvimento sustentável do agro”, ao lado do ex-deputado federal e ex-ministro da Secretaria de Coordenação Política e Relações Institucionais Aldo Rebelo, do líder de Marketing da Corteva Douglas Ribeiro e do secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) Fernando Camargo. O presidente da Embrapa chamou a atenção para o fato de que, nas últimas cinco décadas, o país passou de importador a um dos maiores produtores de alimentos do mundo.

“Eu não tenho dúvidas de podemos fazer muito mais”, garantiu. “Mas por enquanto o Brasil só investe 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento, enquanto a Coreia do Sul investe 3,5% e Israel 4,4%”. Ele lembrou que para fazer parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é preciso que o país invista pelo menos 2%.

🚀 Buscando a próxima moeda 100x?
Confira nossas sugestões de Pre-Sales para investir agora

“Não dá para pensar em um novo salto no setor e continuar avançando, sem sair de 1,2%”, completou.

Ele destacou que, em 2030, a população mundial será de 8.5 bilhões de pessoas e que 50% da classe média global estarão no sudeste asiático. “Nosso País é o único no mundo que tem condições de contribuir nesse cenário”, ressaltou.  Segundo ele, “a produção de alimentos, fibra e bioenergia, é fotossíntese, é luz, é temperatura que está nos trópicos”. Mas, defendeu que isso só será possível se a Embrapa e os institutos de pesquisa e universidades continuarem inovando, em parceria com o setor privado, por meio de investimentos sólidos.

“O Brasil está em 13º lugar do ponto de vista de geração de ciência e de conhecimento, mas está em 65º em inovação”, comentou.

Sobre os recursos disponíveis atualmente para o produtor rural brasileiro, Celso Moretti disse se preocupar com a conectividade, porque só 65% do território é coberto pela internet. Preocupado com a preservação da competitividade do agro brasileiro, o presidente ressaltou que a Embrapa mantém pesquisadores na Europa e nos Estados Unidos, trabalhando para acompanhar a evolução da pesquisa fora do país. “Temos estabelecido cooperações e parceria, a exemplo da Corteva, para resolver problemas relacionados à adaptação à seca e à resistência a nematoides”, afirmou, lembrando que do ponto de vista de avanço tecnológico o Brasil tem se mantido no mesmo nível dos americanos e europeus e em igualdade em vários níveis com a pesquisa agropecuária da China.

Moretti disse que a Embrapa tem se esforçado para estar mais presente no campo, ao lado de associações e  empresas empenhadas em entender os problemas do agro e desenvolver soluções, como a Aprosoja e a Corteva. Mas se em muitos aspectos o agro brasileiro ocupa posição de destaque, no que diz respeito à comunicação, Moretti defendeu que ainda há muito a fazer para que se reverta a imagem que tem comprometido o Brasil.

“O mundo precisa saber o que estamos fazendo e que a nossa agricultura é sustentável”, garantiu. “Não podemos perder a batalha da comunicação.”

Durante o evento, o presidente da frente parlamentar da Agropecuária Alceu Moreira disse que quer as universidades mais próximas da Embrapa. Comentou que o Brasil hoje é referência mundial em pesquisa, e que deve buscar socializar e democratizar o conhecimento: “tecnologia pode estar em qualquer lavoura e se isso é transformador, tem que estar na nossa agenda”.

Realizado pela segunda vez, o Agrocenário 2020 é uma realização da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e da Corteva Agrisciente, com o apoio do Canal Rural, com o objetivo de debater as perspectivas para o cenário da política, da economia e de assuntos ligados às tecnologias para a produção sustentável de alimentos no próximo ano.

Estiveram presentes na abertura do evento a ministra da Agricultura Tereza Cristina, o presidente da Aprosoja  Brasil Bartolomeu Braz e o presidente  da Corteva Agriscience Brasil e Paraguai Roberto Hun. Os debates foram mediados pelos jornalistas Alexandre Garcia e William Waack.

Leia também: Embrapa utilizará tecnologia blockchain no abastecimento de cana-de-açúcar

Compartilhar
Luciano Rodrigues

Jornalista, assessor de comunicação e escritor. Escreve também sobre cinema, séries, quadrinhos, já publicou dois livros independentes e tem buscado aprender mais sobre criptomoedas, o suficiente para poder compartilhar o conhecimento.

This website uses cookies.