O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, segue em frente com seu plano de lançar o Petro – possivelmente a primeira criptomoeda emitida por um Governo em todo o mundo – anunciando, durante um encontro de ministros venezuelanos, que a ICO da moeda terá início no dia 20 de fevereiro. Além disso, Maduro também assinou o White Paper oficial da moeda – que não foi divulgado para a imprensa e nem disponibilizado em nenhum local para consulta – lembrando que o presidente não reconheceu como sendo verdadeiro um suposto paper do Petro divulgado anteriormente.
Como relatou o Criptomoedas Fácil, cerca de 38 milhões de Petros serão vendidos para investidores institucionais nesta pré-venda anunciada por Maduro que terá duração de um mês, esperando arrecadar cerca de US$ 1,3 bilhão. Estes investidores institucionais receberão um desconto de até 60% no token, mas não poderão adquirir os tokens usando dinheiro venezuelano, no caso o Bolivar, a moeda fiat do país. Para comprar o “Petro” os investidores poderão usar criptomoedas e moedas fortes para a compra do Petro (como moedas fortes entenda-se, por exemplo Euro e Dólar). Apesar do anúncio, Maduro não deu detalhes sobre de que forma os investidores podem adquirir os Tokens e nem como eles serão armazenados.
Após esta fase, será realizada uma venda pública na qual serão vendidos 44 milhões de tokens. Os funcionários esperam que esta fase da venda arrecade US$ 2,4 bilhões. Os restantes 18 milhões de tokens irão para um painel de conselheiros que apoiaram o governo, auxiliares que atuaram na criação do token e no próprio governo. Pouco mais de metade dos fundos arrecadados com a venda do Petros serão destinados a um fundo soberano, enquanto o resto será usado para apoiar a infra-estrutura da criptomoeda e outros projetos tecnológicos.
“Nós chegamos no futuro. A Venezuela avança como potência econômica. A moeda será negociada de forma segura e direta para evitar bloqueios e embargos e evitará o alto custo transacional das companhias e bancos processadores de pagamento”, declarou o presidente que também especificou, sem dar detalhes, que a venda da petro se dará através de tokens ERC-20, segundo Maduro mais detalhes serão divulgados esta semana pelo ministro da Educação Universitária, Ciência e Tecnologia, Hugbel Roa, e o superintendente da criptomoeda, Carlos Vargas.
Durante a reunião, Maduro também anunciou o “Petro Container”, e revelou que centros de mineração do Petro estão sendo instalados em instituições educacionais (escolas e universidades) para produzir o token, que anteriormente havia sido anunciado como ‘pré-minado’. Ainda segundo o presidente, também sem dar detalhes, por meio do Petro Coitainer será possível participar ativamente do processo do Petro, sugerindo que o Container deve ser uma mini fazenda de mineração e poderá ser concedido para operação de terceiros.
Embora tenha feito questão de ressaltar que “o Petro estará disponível de maneira livre em casas de câmbio eletrônico no mundo todo”, ainda não há qualquer apoio formal de qualquer Exchange ou governo para o plano venezuelano. Recentemente Maduro, esteve no Qatar em busca de investidores e cobrou apoio institucional entre países integrantes da ALBA.
Porém além das críticas internas emitidas pelo Congresso Venezuelano, que proibiu o Petros, alegando que ele é inconstitucional e ilegal, além de ser um alegado instrumento para corrupção, nos EUA, os senadores Marco Rubio e Robert Menendez cobraram uma posição do próprio governo americano, em uma carta aberta dirigida ao secretário do Tesouro dos EUA, questionando como o Departamento do Tesouro estava monitorando o plano da Venezuela com o Petro. Os dois senadores querem saber como o departamento irá se mover para evitar que o plano venezuelano tenha êxito e consiga ignorar as sanções americanas. O Presidente americano Donald Trump, segundo o jornal italiano Il Giornale, “estaria a um passo” de declarar o embargo à importação de petróleo venezuelano ou a suspensão de óleo cru por refinarias americanas, “começando pelo Texas”. Ele só estaria esperando a concordância de México, Argentina, Colômbia e Peru.
Maduro fez questão de salientar que o “Petro” será respaldado com a riqueza do campo I do bloco Ayacucho da faixa petrolífera do Orinoco. O Petro será apoiada principalmente pelo petróleo, juntamente com outras commodities em ouro e diamantes, contudo, as moedas não poderão ser trocadas pelos seus ativos físicos (óleo, ouro, diamantes, etc). Cada Petro deve ser dividido em 100 milhões de unidades, sendo a unidade mínima denominada Mene, de acordo com uma proposta preliminar, obtida pela Reuters. Segundo a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) a Venezuela detém a maior reserva mundial de Petróleo com mais de 17,8% sobe seu território, algo em torno de 297.6 bilhões de barris, cada barril é cotado hoje, no momento da redação do texto, a US$ 63.48.
A Venezuela também está estudando planos para incorporar o Petro no “cartão da pátria”, um cartão de identificação estatal usado para reivindicar subsídios governamentais e alimentos regulados, disse Maduro que acrescentou que mais informações sobre a criptomoeda serão divulgadas no portal http://www.elpetro.gov.ve (ainda sem acesso).
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