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Massacre de Suzano é planejado em fórum criado por desenvolvedor da BolsoCoin

O recente massacre ocorrido na escola pública de Suzano, no qual dois atiradores, um de 17 e outro de 26 anos, mataram 10 pessoas e se suicidaram na sequência, guarda, segundo investigações reveladas no dia 14 de março pela Polícia Civil, uma triste relação com o universo das criptomoedas.

Segundo a investigação, Luiz Henrique de Castro de 26 anos e Guilherme Taucci Monteiro de 17, autores do massacre, faziam parte de um fórum criado na deep web chamado Dogolachan. Neste “chan”, os jovens também teriam juntado dicas e planejado o ataque seguindo conselhos do próprio administrador do Fórum, que atualmente atende pelo nome de DPR.

O Dogolachan é um fórum extremista e anti-semita conhecido nacionalmente pois foi criado pelo neonazista Marcelo Valle Silveira, que é um entusiasta das criptomoedas e fundador da BolsoCoin, a primeira criptomoeda declaradamente “neo-nazi” e inspirada no atual presidente Jair Bolsonaro.

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Bolsocoin e Dogolachan

A criptomoeda é um fork da Litecoin e, desde o seu lançamento, está intimamente ligada ao Dogolachan e teria sido criada com o objetivo de ser utilizada em fóruns anônimos de extrema direita como forma de pagamento para usuários que fazem doxxing ou swatting em favor da causa do grupo. Atualmente, Silveira está preso por conta da Operação Bravata da Polícia Federal, no entanto, isso não impediu que o fórum continuasse.

Silveira e a Dogolachan são conhecidos dos investigadores da Polícia Civil. O criador do fórum já havia sido preso outras vezes por incitar, apoiar e ajudar pessoas a planejarem crimes de estupro e assassinato, tanto de gays, como também de mulheres e negros. Silveira entrou para a história jurídica do Brasil ao ser o primeiro condenado por crime de racismo via internet, lá em 2009. Já em 2012, o criador da BolsoCoin também planejou uma chacina contra estudantes de Ciências Sociais em Brasília. Além dos crimes pelos quais foi preso (associação criminosa, ameaça, racismo e incitação ao crime), o bolsonarista ainda é acusado de ameaçar, com bombas, diversas universidades.

O massacre de Suzano, vangloriado no fórum, foi mais um crime que contou com a participação dos hackers que usam a deep web para tornar anônimas suas ações. Segundo a Polícia, o massacre de Realengo, onde Wellington Menezes de Oliveira — considerado um herói no Dogolachan — matou 12 crianças, antes de se matar, também foi “orquestrado” no Fórum.

Massacre em Suzano

No caso do massacre em Suzano, os assassinos pediram dicas no Fórum sobre como realizar os ataques, agradeceram ao administrador da Dogolachan pelas dicas e declaram que os conselhos não seriam em vão.

“Muito obrigado pelos conselhos e orientações, DPR. Esperamos do fundo dos nossos corações não cometer esse ato em vão. (…) Nascemos falhos, mas partiremos como heróis. (…) Ficamos espantados com a qualidade, digna de filmes de Hollywood”, diz a mensagem.

Em mensagens trocadas no Fórum, DPR, que assumiu a administração da “confraria”, garante que eles usuários do Dogolachan, “não fiquem citando, mas era confrades daqui, sim. Logo vão encontrar algo em poder deles (…)”.

Como mostra uma reportagem do portal R7, o sinal de que os preparativos para o ataque estavam prontos, envolviam a publicação de um tópico com a letra de uma música conhecida dos integrantes do Dogolachan. A publicação foi feita aproximadamente três dias antes do crime.

O próprio administrador do fórum, posteriormente, deu alguns detalhes de como ajudou os dois atiradores a conseguirem armas, além de descrever Guilherme como um “um bom garoto que acabou descobrindo da pior forma possível que brincadeiras podem ser tornar pesadelos reais”.

Ocultando provas

Assim que o crime aconteceu e prevendo que as investigações levariam as autoridades até a Dogolachan, os administradores da página começaram a tomar medidas para destruir e ocultar provas que pudessem ajudar nas investigações.

Em uma postagem, o usuário sanctvs (possivelmente uma referência a outro fórum extremista que deu origem ao Dogolachan, o Homini Sanctus) declarou que estava alterado endereços para evitar qualquer inconveniente

Ainda de acordo com a reportagem, um tópico com as dicas pedidas pelos atiradores enquanto planejavam o massacre foi classificado como secreto por DPR, que mudou sua URL para não ser encontrado em futuras investigações de autoridades.

DPR disse em outro momento que as conversas com os atiradores, na qual ajudou-os a obter acesso a armas, foram deletadas e jamais irá revelar o teor exato delas. DPR diz ainda que cortou o contato com Luiz por e-mail pois ele deixava muitos “rastros” digitais, que facilitariam a identificação de todos os membros e reforça que todas as conversas com os jovens assassinos foram deletadas e que nunca irá revelar o que sabe.

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Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

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