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Manipulação de mercado? Confira 5 mitos a respeito do assunto

A existência de grandes players, os quais possuem capital e/ou informação que seriam suficientes para efetuar grandes manipulações no preço dos ativos digitais é uma preocupação que surge em diversos momentos de baixa do mercado.

O tema inclusive atrai a atenção de governos, os quais buscam evitar a prática através de regulamentações e intervenções que muitas vezes podem causar mais problemas do que os que elas procuram evitar. Mas, será que a manipulação de mercado realmente ocorre? Ou será que ela é tão grave quanto as pessoas imaginam?

Pensando nesse tema, a agência de classificação de risco Weiss Rating lançou um texto intitulado 5 Myths about Crypto Market Manipulation (5 mitos sobre a manipulação de mercado dos criptoativos, em tradução livre).O texto, escrito por Juan Villaverde, fala sobre o papel dos grandes investidores e sobre a regulamentação, e esclarece mitos acerca dos dois pontos.

Vamos a eles.

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Mito 1: “Por causa das baleias, os mercados de criptoativos são únicos.”

No jargão do meio, “baleia” é o nome dado a um investidor que possui um alto capital, cujas operações (de compra ou venda) podem causar alterações súbitas no preço de diversos ativos. Em criptomoedas, o impacto desses investidores pode ser ainda maior. Mas será mesmo que esse é um fenômeno típico e único desse mercado?

No início dos anos 1630, durante a famosa Mania das Tulipas, a especulação daquela época elevou o preço dos bulbos das tulipas à estratosfera. A título de informação, apenas um tipo de bulbo, chamada Semper Augustus, chegou a ser negociado por 12 acres de terra. Outro foi vendido por uma enorme coleção de produtos, incluindo 160 alqueires de trigo, 160 alqueires de centeio, 4 bois, 12 suínos, 2 barris de vinho, 4 caixas de cerveja, 2 toneladas de manteiga, 1.000 libras de queijo e mais.

Então, quando as massas começaram a sair, tudo desabou. Ou seja, exatamente como ocorre no atual mercado de criptoativos, com quase 400 anos de antecedência.

Nos anos 1700, aconteceu novamente. A “baleia” desta vez foi a South Sea Company. Foi dado um monopólio legal ao comércio no Atlântico Sul, principalmente no comércio de escravos da África à América do Sul. Grandes investidores investiram e, conforme as ações começaram a subir, as massas entraram a bordo – o que levou essas ações de 125 para 960 libras em apenas seis meses.

Avançando rapidamente para o final do século XIX. Um dos setores mais sujeitos a fraudes eram as ações de mineração de ouro. Hordas de pequenos investidores perderam tanto dinheiro que a nova definição de minerador de ouro era “um mentiroso com um buraco no chão.”

Mesmo hoje, os investidores em mercados sem liquidez, como as pequenas ações, ainda são vulneráveis ​​ao uso de informações privilegiadas, esquemas de pump-and-dump e outras fraudes.

Mito 2: “As baleias são as culpadas pelas grandes perdas que os pequenos investidores sofrem”

De fato, grandes investidores tendem a serem gananciosos ou calculistas, da mesma forma que os pequenos investidores – ambos estão no mercado pela mesma razão: para ganhar tanto dinheiro quanto puderem. A bolha imobiliária de 2008 e a do mercado de criptoativos, no ano passado, estão aí para provarem isso. É absolutamente normal investidores quererem fazer dinheiro em um mercado de alta.

Ninguém obriga os pequenos investidores a comprarem ativos cujo preço se encontra perto do topo; e ninguém os força a vender perto do fundo. Eles fazem isso por vontade própria. Este foi o caso nos mercados do passado; é verdade hoje, no mercado de criptoativos também. E sempre acontecerá dessa maneira.

Mito 3: “As baleias controlam o mercado”

É verdade que algumas pessoas detêm uma parcela desproporcionalmente alta da maioria dos criptoativos. Mas manter posições tão grandes nesses ativos não é o mesmo que controlar seu preço. Muito pelo contrário, é mais uma maldição do que uma bênção.

A triste verdade sobre o mercado de criptoativos é que ele está sujeito a baleias e outras manipulações, assim como mercados como o de ações. Digamos que você seja um grande envolvido na empresa Ripple, que detém a maior parte dos tokens XRP. Isso pode fazer do investidor um bilionário, mas apenas no papel: ele não terá riqueza alguma se não conseguir alguém a quem vender os ativos que possui.

Isso apenas fará com que o investidor seja como um peixe grande em um pequeno lago, no qual está preso segurando um ativo altamente volátil.

Mito 4: “As baleias sabem mais sobre o mercado do que os pequenos investidores”

De acordo com a Weiss Ratings, esse mito também não se sustenta.

Até mesmo Mike Novogratz, um investidor institucional experiente, disse recentemente que se arrependeu de ter ido a público durante um mercado de baixa nos criptoativos. Tal declaração, vinda de um dos investidores institucionais mais influentes neste espaço, mostra uma falta de visão que diz mais sobre os mitos das “baleias” do que sobre Novogratz.

Ou se você acha que os investidores médios são os únicos a serem enganados, considere todos os “especialistas” de Wall Street e gigantescas instituições financeiras que se apaixonaram pelo esquema de pirâmide de Bernard Madoff. O “guru dos rendimentos”, que era endeusado por Wall Street inteira, acabou se revelando uma fraude que durou décadas, só foi descoberta em 2008 e lesou seus investidores em cerca de US$ 65 bilhões.

Fundos de pensão, fundos soberanos, grandes bolsas de valores e instituições governamentais elogiaram o histórico estelar de Madoff e o receberam de braços abertos, ao mesmo tempo em que famílias bilionárias perderam fortunas inteiras. Mesmo os grandes players do mercado não possuem todas as informações.

Mito 5: “Regulamentação resolverá o problema”

Realidade: mesmo as autoridades não podem proibir o medo e a ganância que fazem com que os mercados afundem ou subam mais do que podem prever os ciclos que impulsionam o universo. E, como uma questão prática, simplesmente não há maneira de que eles possam perseguir a maioria dos manipuladores de ações ou as fraudes de uma oferta inicial de moedas (ICO). O máximo que pode ser feito em relação a isso são campanhas educativas sobre como investir melhor ou como identificar golpes.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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