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Há um ano, BTC atingia máxima história: veja o que mudou

O dia 20 de outubro de 2021 é mais uma daquelas datas que entram para a história do Bitcoin (BTC), sobretudo em questão de preço. Naquela data, a maior criptomoeda do mercado atingia mais uma máxima histórica tanto em reais quanto em dólar.

Pouco mais de um ano atrás, o BTC fechava o dia 20 ao preço de quase US$ 69.517,32, de acordo com o site CoinGecko. Já em reais, a criptomoeda atingiu R$ 385.312, também rompendo sua máxima histórica.

Valorização do BTC de 01/01/2021 até sua máxima histórica (em reais). Fonte: CoinGecko.

 

Quando o BTC rompeu essa máxima, o mercado ainda estava otimista frente a todos os acontecimentos positivos que ocorreram após março de 2020. No entanto, à medida que 2021 acabou, o ano de 2022 viu o BTC enfrentar uma dura correção de preços e até cair abaixo de R$ 100 mil.

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Essa forte queda ocorreu tanto por causa de fatores macroeconômicos quanto por problemas que ocorreram no mercado de criptomoedas como um todo. Portanto, relembre alguns dos fatores que levaram ao forte período de baixa do mercado.

Falências em sequência

Uma série de falências atingiu o mercado de criptomoedas em 2022, especialmente após o mês de maio, todas envolveram grandes empresas ou protocolos do mercado. A maior delas sem dúvida foi a falência da Terra (LUNC), que destruiu bilhões de dólares em questão de semanas.

Poucos meses antes do colapso da blockchain, a Luna Foundation Guard (LFG) resolveu “diversificar” o lastro da stablecoin UST (atual USTC). Para isso, a empresa deu início à compra de grandes quantidades de BTC, com o objetivo de utilizar a criptomoeda como lastro para a stablecoin.

Olhando em retrospectiva, isso parecia uma boa ideia: reforçar o lastro da UST com a principal criptomoeda do mercado. Mas a volatilidade do BTC fez com que a LFG enfrentasse problemas quando o preço caiu, levando os investidores a duvidarem da capacidade da Fundação em manter o lastro da UST.

Conforme o mercado aumentava a desconfiança, a UST passou a sofrer testes por parte do mercado, que queria testar o lastro da stablecoin. Finalmente, a LFG teve que vender BTC no mercado para impedir o colapso da stablecoin. Só que a medida não apenas não deu resultado, como também causou uma forte pressão de venda, aprofundando a correção da criptomoeda.

Paralelamente, o colapso da UST e da Terra afetou vários fundos que tinham posições na stablecoin ou investimentos no ecossistema. E protocolos de empréstimos de criptomoedas também sofreram, levando a uma paralisação em cadeia de saques nessas plataformas, o que afetou a cotação.

Guerra na Ucrânia

O ano de 2022 também foi o ano no qual a correlação entre o BTC e o mercado tradicional cresceu. Ou seja, a criptomoeda começou a acompanhar o desempenho do mercado de renda variável, especialmente bolsa de valores.

Nesse sentido, muitos analistas apontaram que o BTC estava cada vez mais parecido com uma ação do setor de tecnologia. Para muitos, a narrativa de “descorrelação” do BTC acabou à medida que mais empresas passaram a comprar a criptomoeda como reserva para seus caixas.

Com o tempo, esta correlação diminuiu, mas o cenário macroeconômico também contribuiu para a queda no preço do BTC. Logo no início do ano, em fevereiro, o mundo encarou com choque uma nova guerra na Europa, a primeira em quase 30 anos. A poderosa Rússia resolveu invadir a vizinha Ucrânia.

Inicialmente, a guerra favoreceu a demanda por BTC devido ao fato de muitos ucranianos que estavam fugindo do país desejarem levar sua riqueza consigo. Como os bancos do país congelaram saques e limitaram as movimentações em dinheiro, os refugiados passaram a comprar BTC para escapar.

Além disso, o governo da Ucrânia também passou a receber doações em BTC – e muitas pessoas doaram. Mas a guerra avançou, a aversão ao risco diminuiu, e com isso o preço do BTC foi severamente impactado com a venda maciça de ativos de risco.

Inflação e juros

Em paralelo ao desenrolar da guerra, a Europa também precisou lidar com outro inimigo perigoso: a inflação de preços. Como resultado da impressão de dinheiro realizada em 2020 e 2021, os cidadãos europeus tiveram que lidar com o forte aumento no custo de vida.

Ao longo dos meses, a inflação nos países da Europa – dentro e fora da Zona do Euro – atingiu níveis recordes e antes inimagináveis. Portugal, por exemplo, chegou a ter mais de 9% de inflação, enquanto o “IPCA” no Reino Unido já supera os 10%. A Turquia ficou muito pior, com uma inflação anual que supera os 80% em 2022.

Em poucos meses, a Europa precisou lidar com taxas de inflação que antes eram associadas a países da África ou América Latina. E a carestia também atingiu os Estados Unidos, cuja inflação chegou ao recorde de 9,1% – a maior taxa em 40 anos.

Por isso, os bancos centrais dos EUA e da União Europeia (UE) tiveram que aumentar os juros para impedir que a inflação saísse do controle. O Federal Reserve (Fed) dos EUA tomou a iniciativa e elevou as taxas primeiro. Em poucos meses, os juros básicos dos EUA saíram de 0% para 3,25%, e o Fed planeja realizar novas elevações.

Na Europa, que tinha juros de -0,5% ao ano (sim, a UE tinha juros negativos), o Banco Central Europeu (BCE) realizou dois aumentos na taxa de juros, elevando-a para 0,75%. No entanto, os europeus ainda estão muito atrás dos EUA, motivo pelo qual a inflação por lá segue bastante elevada.

Relação com o BTC

Quanto mais os juros aumentam, maiores ficam os rendimentos dos títulos dos governos desses países, aplicações que o mercado considera de baixo risco. Por isso que a cada aumento de juros, os investidores correm para mandar seu dinheiro para jurisdições mais seguras, especialmente os EUA.

No entanto, para fazer isso os investidores precisam retirar recursos de outros investimentos considerados mais arriscados. E nesse movimento, as ações de empresas de tecnologia e as criptomoedas levaram a pior, perdendo muitos investimentos ao longo do ano.

Essa série de fatores combinados culminou com a retirada de muitos recursos de mercados mais arriscados, o que causou a desvalorização no preço do BTC e das criptomoedas como um todo. Afinal, é a primeira grande crise global que o BTC enfrenta desde o seu lançamento em 2009.

No longo prazo, a tese de investimento no BTC segue firme, bem como seus principais fundamentos. Ele ainda mantém sua escassez, sua segurança (não poder ser confiscado pelos governos) e o funcionamento de sua tecnologia. Mas o momento de curto prazo ainda é arriscado e requer mais cautela, pelo menos até o fim do próximo ciclo de halving.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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