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Há 90 anos, EUA realizavam o primeiro confisco de dinheiro da sua história

O dia era 5 de abril de 1933. Nesta mesma data, 90 anos atrás, o governo dos Estados Unidos realizava o maior confisco de dinheiro de sua história. Sim, a então nação livre simplesmente confiscou todo o dinheiro de seus cidadãos.

Só que o confisco dos EUA não ocorreu como no Brasil dos anos 1990, com o bloqueio das contas poupanças. Ao invés disso, o então presidente Franklin Delano Roosevelt estipulou o confisco do ouro que os estadunidenses tinham guardado nos bancos.

Este confisco causou diversos impactos na sociedade dos EUA a longo prazo e culminou com o início do fim do padrão-ouro, que ocorreria definitivamente em 1971. Conheça agora a história da Ordem Executiva 6102 e como ela impactou todo o sistema monetário global.

Confisco: a crise de 1929 e os limites do ouro

Quatro anos antes do confisco de ouro, os EUA enfrentaram a quebra da bolsa de Nova York e o maior colapso financeiro de sua história. Um em cada quatro estadunidenses, ou 25% da população, ficou desempregado e sem condições de sustentar a sua família.

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Em 1932, ocorreram eleições presidenciais nos EUA que resultaram na vitória de Roosevelt, que tomou posse no ano seguinte. O novo presidente tinha planos de construir um pacote econômico para tentar recuperar a economia, algo que ficou conhecido como o New Deal (novo acordo).

Só que havia um empecilho para a realização desse programa: o padrão monetário vigente naquela época. O dólar, bem como as demais moedas do planeta, eram ancoradas ao ouro, que era o dinheiro de fato. As moedas nacionais equivaliam apenas a proporções de um grama de ouro: uma libra esterlina valia 1/5 de grama de ouro, um dólar valia 1/20, e assim por diante.

Esse sistema trazia a vantagem de dar estabilidade para o valor da moeda, por isso que os preços dos bens eram muito mais baratos há 100 anos do que é hoje. Ou seja, o dinheiro tinha mais valor, beneficiando a população em geral.

Por outro lado, os governos não conseguiam gastar à vontade por causa dessa amarra. Se algum governo começasse a emitir mais moeda do que as suas reservas de dólares, a moeda rapidamente perderia valor em relação aos seus pares. Os cidadãos poderiam simplesmente migrar para outra moeda ou então sacar seu ouro dos bancos. E para implementar seu programa, Roosevelt precisava contornar essa limitação.

Ordem 6102

Foi então que no início de 1933, Roosevelt emitiu a Ordem Executiva 6102, que estabeleceu dois golpes para os cidadãos. O primeiro desses golpes era proibir completamente a posse individual de ouro, seja em casa ou nos bancos. Agora, os estadunidenses só poderiam utilizar o dólar como dinheiro.

O segundo golpe foi que, além da proibição da posse de ouro, o governo obrigou as pessoas a entregarem ao banco central (Fed) todo o ouro que possuíam. Mas não foi um confisco direto, pois o governo “comprou” o ouro das pessoas pagando a taxa de US$ 20,67 por onça-troy.

No entanto, os cidadãos não podiam recusar vender seu ouro, tampouco exigir que o governo pagasse uma taxa maior. Quem se recusasse a vender pagaria uma multa no valor de US$ 10 mil, cerca de R$ 50 mil no preço atual – mas uma pequena fortuna no início do século XX.

Logo após “vender” todo o ouro, os cidadãos recebiam dólares em troca, e foi aí que o governo deu mais um golpe. Um ano depois da emissão da Ordem Executiva, o presidente aumentou a taxa do ouro para US$ 35 por onça-troy.

Ou seja, os dólares que os estadunidenses receberam em troca do seu ouro perderam 60% de seu valor em pouco menos de um ano. A partir daí, o ouro perdeu cada vez mais espaço até que, em 15 de agosto de 1971, os EUA aboliram totalmente a conversibilidade do dólar, transformando-o na moeda que é hoje.

A posse de ouro nos EUA foi criminalizada por mais de 40 anos, já que o governo revogou a ordem 6012 somente em 1975.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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