FMI: aumento da correlação entre Bitcoin e mercado de ações representa um risco

Durante muito tempo, o preço do Bitcoin (BTC) mostrava uma descorrelação do mercado de ações. Ou seja, quando o BTC se valorizava, as ações caíam, e vice-versa. No entanto, ambos os ativos começaram a ficar mais próximos – e isso é um risco para o sistema de muitos países.

A avaliação partiu dos economistas Adrian Tobias, Tara Iyer, e Mahvash S. Qureshi, membros do Fundo monetário Internacional (FMI). De acordo com eles, esta relação pode criar choques capazes de desestabilizar todo o mercado financeiro.

“O aumento da correlação entre os mercados de criptomoedas e ações indicam uma crescente interconexão entre as duas classes de ativos que permite a transmissão de choques que podem desestabilizar os mercados financeiros”, alertaram os economistas.

Bitcoin e ações: unidos pelos institucionais

A principal fonte do estudo são novas pesquisas organizadas por Iyer, conforme mostra o gráfico abaixo. Desde 2020, a correlação entre BTC e o índice de ações S&P 500 tornou-se constantemente positiva.

O auge dessa correlação ocorreu em março de 2020, durante o Coronacrash, quando chegou a 0.6. Foi no começo da pandemia onde praticamente todos os ativos caíram fortemente de preço. A partir de então, o índice oscilou entre 0.2 e 0.4 na maior parte dos últimos dois anos.

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Esta correlação é confirmada por outro relatório emitido pela companhia Kaiko, focada em análise de dados em criptomoedas. O documento, divulgado na segunda-feira (11), mostra que o coeficiente de correlação entre o preço do BTC e o S&P 500 atingiu 0.61. Este foi o maior nível registrado desde julho de 2020.

Por outro lado, a correlação entre BTC e o índice Nasdaq 100 atingiu 0.58. Ou seja, o BTC também apresenta forte relação com as ações de tecnologia. De fato, muitas empresas do setor, como a MicroStrategy, já possuem a criptomoeda como parte de seus balanços financeiros.

Até mesmo os mercados emergentes estão mais alinhados com o preço da criptomoeda, como mostra o índice de emergentes MSCI. Segundo o relatório, a correlação entre ambos chegou a 0.34, um aumento de 17 vezes em relação aos níveis anteriores.

Mercado tradicional abraçou o Bitcoin

Coeficientes de correlação entre ativos variam em uma escala -1 a 1. Quanto mais próximo de 1, mais próximo é o comportamento de preço entre eles. Quanto mais perto de -1, maior é a divergência.

Nesse sentido, os pesquisadores afirmam que as criptomoedas, sobretudo o BTC, já não estão mais à margem do chamado sistema financeiro tradicional. Pelo contrário: seus movimentos de preço já começam a afetar até a cotação de ações na bolsa.

“A volatilidade de Bitcoin explica cerca de um sexto da volatilidade do S&P 500 durante a pandemia, e cerca de 10% da variação nos retornos do S&P 500. Como tal, um declínio acentuado nos preços de BTC pode aumentar a aversão ao risco do investidor e levar a uma queda no investimento em mercados de ações”, alertaram os autores.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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