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Férias com Bitcoin: brasileira Fernanda Guardian conta sua experiência em El Salvador

Em 7 de setembro, El Salvador fazia história ao adotar o Bitcoin (BTC) como moeda oficial. A criptomoeda agora é aceita juntamente com o dólar em todos os estabelecimentos do país.

Quase um mês depois, em 3 de outubro, a analista brasileira Fernanda Guardian partiu em uma aventura igualmente histórica. Guardian saiu de São Paulo em direção a San Salvador e, por conta própria, resolveu explorar o país e utilizar o BTC na prática.

Durante sua viagem, a analista de criptomoedas deixou seu papel de hodler ferrenha e comprou algumas das mais caras refeições da sua vida. Entre almoço no McDonald’s e piñas coladas, Guardian trouxe ao CriptoFácil um relato a respeito de sua jornada.

O primeiro almoço

A chegada ao aeroporto de San Salvador ocorreu às 13h do dia 3 de outubro, horário local. Tratava-se, portanto, da hora do almoço. Mas antes de adquirir qualquer coisa, Guardian transferiu cerca de 0,00116257 BTC (R$ 320 na cotação da época) para sua carteira.

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O dispositivo escolhido pela analista foi a Muun Wallet, carteira que possui suporte para transações via Lightning Network (LN). E conforme noticiou o CriptoFácil, a adoção da tecnologia de transações rápidas e baratas cresce a ritmo exponencial em El Salvador.

De acordo com Guardian, o valor correspondia aos gastos que ela planejava fazer ao longo de toda a viagem. Em seguida, ocorreu a primeira transação: o almoço no McDonald’s local.

“Com o saldo já aparecendo na minha carteira, pude fazer o meu pedido e escolher a opção de pagar com Bitcoin. Foi gerado um QR Code que foi lido pela própria Muun Wallet com o valor do meu pedido. O pagamento foi feito via Lightning Network e a transação foi imediatamente confirmada. Depois, pude, finalmente, curtir o meu Big Mac pago em BTC”, conta Guardian.

Além do registro na própria carteira, a nota fiscal da compra traz a informação de que o valor foi pago em BTC. Mas o preço não é mostrado em satoshis, e sim em dólar – que ainda é a moeda de conta utilizada em boa parte dos estabelecimentos.

Cotação dos preços

Para muitas pessoas, utilizar o BTC como moeda talvez seja uma experiência difícil. Afinal, como determinar os preços cotados em uma moeda tão volátil?

Conforme destacado por Guardian, o dólar ainda é a unidade de conta. Mas diversos estabelecimentos mostram os preços tanto em dólar quanto em satoshis, unidade de conta do BTC. Durante sua ida ao Starbucks, Guardian registrou um monitor que trazia os preços cotados nas duas moedas.

No caso do BTC, a cotação era apresentada em tempo real, ou seja, mudava conforme a volatilidade da criptomoeda. Os monitores trazem três padrões de preço: dólar, satoshi e BTC. Assim, um produto que custa US$ 1,00, por exemplo, é apresentado dessa forma na tela:

  • preço em dólar: US$ 1,00
  • preço em satoshis: 1.941 sats
  • preço em BTC: 0,00001941 BTC

A atualização em tempo real serve como forma de proteção ao estabelecimento. Nesse sentido, o impacto das fortes altas ou quedas nos preços tende a ser reduzido.

No Starbucks, também na capital San Salvador, encontrei um tablet que atualiza o preço em tempo real. Logo, foi possível determinar, em satoshis (a menor parte de um Bitcoin, a exemplo dos centavos do real), o preço do meu Frappuccino”, conta Guardian.

Vulcões e mineração

Além de tornar o BTC moeda oficial, o governo de El Salvador deseja ascender como um polo de mineração da criptomoeda.

Embora possua um território pequeno, o país possui cerca de 20 vulcões, sendo que seis deles ainda são ativos ou potencialmente ativos. E parte da viagem de Guardian foi reservada para a visita desses vulcões.

A analista esteve no Parque Nacional de Cerro Verde, que é uma área ambiental protegida. Neste parque estão localizados dois vulcões, Izalco e Ilamatepec, ambos considerados ativos.

Se por um lado os vulcões trazem riscos quando entram em erupção, por outro lado eles servem de importante fonte geotérmica em tempos de “paz.” De acordo com o órgão das Nações Unidas para mudanças climáticas (UNFCC, na sigla em inglês), cerca de 27% da energia do país é geotérmica, gerada através dos vulcões.

Praticamente toda essa energia é gerada pela estatal LaGeo, que já possui uma parceria com o governo. Nesse sentido, El Salvador já tinha minerado cerca de 0,0059 BTC, ou cerca de R$ 2.112 na cotação atual.

Praia de El Zonte e segurança no país

É impossível falar de El Salvador sem mencionar a praia de El Zonte, cuja fama remonta a dois motivos. O primeiro é a sua fama como um importante ponto de surfe na América Central, enquanto o segundo é, naturalmente, o BTC.

A praia é o lar da Bitcoin Beach, comunidade que foi pioneira na adoção da criptomoeda no país. Antes mesmo da aprovação da Ley Bitcoin, o projeto Bitcoin Beach já estimulava que comerciantes locais aceitassem a criptomoeda como pagamento.

Como ocorre no país inteiro, a maioria dos comerciante de El Zonte não possuem acesso aos bancos. Portanto, o sucesso foi imediato, com placas, anúncios e diversas referências ao BTC presentes na região.

O projeto Bitcoin Beach está criando um ecossistema econômico no litoral de El Salvador, onde a maioria das pessoas não tem acesso a contas bancárias e as empresas locais nunca poderiam se qualificar para contas comerciais necessárias para aceitar cartões de crédito”, destaca Guardian.

Lições de uma viagem solo

Guardian destaca que a viagem solo em território salvadorenho deixou várias lições importantes não apenas relacionadas ao BTC, mas à vida como um todo.

Em primeiro lugar, ela destaca a visão do BTC além de um investimento. Sim, é inegável que a parte do preço e valorização, sobretudo no mercado financeiro, importam bastante. Mas há também um componente social no uso do BTC.

Afinal, trata-se de uma tecnologia que é capaz de chegar a uma praia isolada com poucos moradores e dar-lhes acesso financeiro global. Em poucos dias, metade da população de El Salvador foi incluída no sistema financeiro graças ao BTC – um verdadeiro case de sucesso de uma revolução digital.

Ele (o BTC) possibilita que pequenos comércios e estabeleci- mentos consigam manter suas operações em regiões mais pobres, onde o sistema financeiro tradicional não chega, como ser- viços bancários de conta corrente” ressalta a analista.

Já a segunda lição envolve um trabalho educacional, o qual é necessário para que as pessoas aprendam a lidar com o BTC. Nesse sentido, Guardian volta a destacar o trabalho da comunidade de El Zonte, principalmente com o acesso à Lightning Network.

Finalmente, Guardian destacou o aspecto global de uso do BTC, que de fato trata-se de uma moeda global. Seu uso transcende fronteiras, territórios, nacionalidades e une tanto salvadorenhos locais quanto turistas.

O Bitcoin é uma linguagem universal, pois os problemas inerentes à moeda fiduciária, como a inflação e a constante depreciação do nosso poder de compra, atingem diversos países em graus diferentes”, finaliza.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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