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Executivo da FTX gerou milhões para sua fundação usando token FTT

Ruairi Donnelly, ex-chefe de gabinete da exchange cripto FTX, usou informações privilegiadas de tokens da FTX (FTT) para enriquecer sua fundação de caridade, a Polaris Ventures. A acusação partiu de uma matéria publicada no Wall Street Journal na terça-feira (14).

De acordo com a matéria, a maior parte da riqueza da Polaris veio da transferência inicial de FTT sob posse de Donnelly. O executivo, por sua vez, comprou o token antes de sua listagem pública, segundo o WSJ.

O jornal citou pessoas familiarizadas com o assunto e ainda disse que os ativos da organização estão presos na exchange. Contudo, o advogado de Donnelly questionou dizendo que os FTT não pertenciam à FTX, e sim ao próprio Donnelly.

Polaris ganhou milhões de dólares com FTT

De acordo com o WSJ, Donnelly foi um dos primeiros funcionários da trading Alameda Research antes de se tornar chefe de gabinete da FTX em 2019. Nesse meio tempo, Donnelly também fundou a Polaires, que tem sede na Suíça.

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O objetivo da fundação é promover pesquisas sobre altruísmo eficaz e inteligência artificial – curiosamente, áreas nas quais estava envolvido Sam Bankman-Fried, ex-CEO da FTX. Quando o FTT foi lançado, a exchange ofereceu a Donnelly e outros funcionários iniciais um acordo para comprar os tokens por US$ 0,05 cada.

Quando o lançamento ocorreu, cada FTT entrou no mercado valendo US$ 1,00. Ou seja, os funcionários da FTX que optaram pela compra tiveram um ganho de 20 vezes somente com o ICO.

Donnelly aceitou a oferta e, portanto, estava no grupo dos ganhadores. Ele pediu à FTX que trocasse US$ 562 mil de seu salário por 11,2 milhões de FTT. A seu pedido, a FTX encaminhou os tokens como uma concessão à Polaris, fato confirmado pelas demonstrações financeiras da fundação.

Bens presos na FTX

Seis meses depois, já em 2020, depois que o FTT começou a negociar publicamente, a Polaris vendeu seus tokens no mercado aberto e ganhou milhões de dólares com a operação. Notavelmente, Donnelly ainda era funcionário da FTX.

Naquele mesmo ano, Donnelly se demitiu da FTX e da Alameda para dar mais atenção ao seu trabalho na Polaris. Eventualmente, a fundação começou a investir seu novo capital em empresas de inteligência artificial, incluindo a Anthropic.

A FTX e suas entidades afiliadas entraram com pedido de recuperação judicial em novembro, e milhões de ativos de clientes estão congelados na plataforma, incluindo 20% da riqueza acumulada da Polaris. A reportagem apura se a Polaris não se beneficiou por causa do status de Donnelly como funcionário da exchange.

Cerca de US$ 30 milhões dos US$ 150 milhões que a Polaris tem em ativos estão presos na FTX, enquanto Donnelly está buscando uma saída vendendo os direitos da conta por centavos de dólar.

Advogado contesta acusação

Em resposta ao artigo do WSJ, o advogado de Donnelly, Jason P.W. Halperin disse que o FTT inicial enviado à fundação não pertencia à FTX, pois eram os salários não pagos de seu cliente. Ele argumentou que Donnelly pretendia doar parte de sua renda para instituições de caridade quando começou a trabalhar para a Alameda em 2017.

Halperin revelou ainda que um dos colegas de Donnelly na FTX e Alameda também doou FTT no valor de US$ 30.000 para a Polaris. Portanto, Halperin afirma que seu cliente não executou nenhuma ação ilegal com seus tokens.

Com a recuperação judicial da FTX em andamento, os reguladores e advogados estão de olho em todas as operações suspeitas envolvendo a empresa. Dessa forma, é provável que Donnelly possa ser investigado por conta dessas operações.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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