“O anonimato das moedas dessa natureza traz risco reputacional e dificuldades com relação ao programa de prevenção à lavagem de dinheiro. Não há como rastreá-las e elas estão sujeitas a ataques cibernéticos. Além disso, elas têm dificuldade de aceitação, porque é um universo pequeno que negocia com isso. Como reserva de valor, elas são extremamente arriscadas”, disse.
“Basta ver a volatilidade que o Bitcoin tem oferecido, por exemplo. É uma loucura, uma montanha-russa. As criptomoedas enfrentam dificuldade para cumprir papéis tradicionais das moedas físicas. Sem contar que as moedas virtuais têm um defeito no DNA: são anárquicas. Ou seja, não têm nenhum controle central”, destaca.
“Com certeza, a blockchain é a tecnologia que veio para ficar. Mas temos que lembrar que, quando saímos dos processamentos de máquinas de grande porte para a nuvem, isso gerou problemas seríssimos para as empresas. A IBM teve de se reinventar em um espaço de 10 anos. Portanto, a blockchain desafia o que temos hoje em termos de distribuição de tecnologia.”
“Também há a particularidade de que ela quer abrir mão de ser uma moeda anárquica. Os idealizadores querem que seja regulada, neste início. Para atrair 1,7 bilhão de pessoas, eles acreditam que é necessário haver regularização. É um projeto ambicioso. Muitos dos usuários do Facebook estão fora do sistema financeiro, pois são pobres e teriam de pagar mais caro pelos serviços. Então, essas pessoas serão trazidas para dentro do Libra. Essa moeda, com certeza, será uma grande ameaça aos métodos financeiros tradicionais”, completa.
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