Estudos discutem relação entre descentralização e escalabilidade na rede do Bitcoin

Um interessante artigo publicado pela CoinDesk, agência de notícias especializada no universo das criptomoedas, comenta sobre a possibilidade da rede do Bitcoin focar tanto em descentralização quanto em escalabilidade. A “luta” entre esses dois objetivos tornou-se mais perceptível à medida que novos interessados passaram a investir na moeda digital, inclusive por enxergarem a tecnologia como uma solução para problemas de centralização atuais.

Diversos pesquisadores estão estudando se existe um equilíbrio a ser alcançado entre a descentralização, principal motivação financeira e a característica mais marcante da blockchain, e a capacidade da rede em aumentar a sua escalabilidade de modo que comporte um número cada vez maior de usuários.

“A principal motivação por trás da blockchain é a descentralização do poder de entidades, as quais julgamos não confiáveis. Porém, há uma tensão entre a escalabilidade e a descentralização. Embora saibamos como escalar a rede do Bitcoin, essas soluções podem comprometer a natureza descentralizada da blockchain”, disse Adem Efe Gencer, pesquisador da Universidade de Cornell, de Nova York, EUA.

O novo artigo escrito por Gencer, e uma série de outros artigos publicados, exploram o quão descentralizadas são as blockchains mais populares e o quão resistentes elas serão futuramente à medida que novas tecnologias para dimensionamento são adicionadas.

Em seu artigo, Gencer e seus co-autores visam “quantificar cientificamente” a descentralização das redes do Bitcoin e do Ethereum. O trabalho reúne uma série de métricas, incluindo a quantidade de mineradores, de nós, a quantidade de banda necessária para enviar blocos através da rede e assim por diante. Na opinião de Gencer, olhar para este grande quadro pode ajudar os pesquisadores a resolver o problema de escalabilidade.

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Com isso em mente, a pesquisa fornece alguma diretriz sobre a “viabilidade de diferentes propostas de escalabilidade“. Por exemplo, o tamanho do bloco pode ser aumentado até 1,7 vezes visando aumentar a escalabilidade sem prejudicar a descentralização.

Outro artigo que também explorou o tema foi publicado por Greg Slepak, fundador da Ok Turtles, tecnologia descentralizada sem fins lucrativos, na semana passada. O artigo descreve a “teoria básica” por trás do problema de escalabilidade através de um triângulo. Cada ponto do triângulo representa uma das três propriedades que a blockchain necessita: necessidade de escala e a capacidade de suportar muitos usuários, necessidade de descentralização que possibilita a não centralização em uma entidade controladora, e a necessidde de consenso na qual todos os nós validam as transações.

Porém, os desenvolvedores só conseguem se concentrar e obter sucesso em duas das três propriedades necessárias nas blockchains. Por exemplo, é possível ter um sistema que possui alta escalabilidade e que alcança um consenso, mas será à custa da descentralização completa.

Ainda assim, a pesquisa de Slepak foi mais otimista que a de Gencer, afinal seu artigo afirma que há evidências de que as redes fora da rede da blockchain (off-chain, termo em inglês), como a Lightning Network, podem contornar esse complicado trio de necessidades. Para fazer isso, as soluções off-chain podem “aliviar” a definição de consenso. Ao invés de exigir que os nós mantenham todas as transações que já aconteceram dentro do sistema, eles só precisarão acompanhar algumas transações solicitadas pelos usuários em “momentos raros”.

Shehar Bano, pesquisadora pós-doutora da Universidade de Londres, também estudou o enigma de escalabilidade versus descentralização. “O que percebemos em algumas blockchains é que, enquanto o sistema é descentralizado, de alguma forma devido às estruturas de governança ou à natureza do protocolo, a centralização acontece de novo”, disse ela. “Podemos perceber isso na mineração do Bitcoin“, em que apenas três grandes empresas de mineração representam cerca de 56% do poder computacional, atualmente.

Resolver o problema dependerá do desenvolvimento de melhores protocolos de consenso, argumentou Bano. “Os outros recursos são realmente a cereja no topo do bolo. Os protocolos de consenso são o bolo“, completou.

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Amanda Bastiani

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