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Especialista brasileiro diz que culto a Vitalik é um dos grandes problemas do Ethereum

Após o sucesso dos hard forks (Constantinople e Petersburg) do Ethereum em fevereiro deste ano, o caminho ficou aberto para novas mudanças na blockchain da segunda principal criptomoeda do mercado, inclusive alteração no próprio algoritmo de consenso (de Pow – proof-of-work – para PoS – proof of stake). Chamada de Serenity, o ainda indefinido conjunto de novas regras é considerado a última fase de alterações e marcará o lançamento do Ethereum 2.0

Porém, além dos desafios técnicos ligados ao desenvolvimento do Ethereum, os especialistas brasileiros Safiri Felix, apresentador do programa Bloco Cripto, e Felipe Santana, da Paradigma Capital, ambos com experiências no desenvolvimento e trabalho com a EVM (Ethereum Virtual Machine), destacaram, durante um painel realizado no Bitcoin Summit 2019, organizado pela Stratum Blockchain Tech, que outras variantes precisam ser levadas em conta para o futuro do Ether.

“Na minha opinião, o grande diferencial hoje e também o grande problema do Ethereum é o excesso do ‘culto’ ao Vitalik. Esta idolatria, que foi se construindo e sendo reforçada ao longo do tempo, dificulta um pouco o aparecimento de novas lideranças que possam ter tanto lugar de fala e decisão quanto ele [Buterin] tem nas decisões mais técnicas do projeto”, destaca Felix.

Já para Felipe Santana, as dificuldades em tornar o projeto realidade podem ter sido avaliadas de uma forma equivocada e talvez até mesmo menosprezadas, o que fez com que prazos e soluções demorassem mais tempo do que o previsto.

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“Tem uma frase que diz que um sistema complexo invariavelmente parte de um sistema simples, mas um sistema simples nunca evolui a partir de um sistema complexo. O Ethereum se lançou com uma ideia super original e jogou fichas em apostas que não eram certeza, prometendo prazos que não eram reais e coisas que seriam resolvidas, mas depois se viu que eram diferentes. A gente não tem certeza o quanto vai demorar realmente para chegar este Ethereum 2.0. Na prática, acredito que isso ainda passará por muitas fases e teremos muitos bugs ainda para descobrir, mas eu acho que o Ethereum não morrerá e conseguirá ajudar na mudança de muitas coisas ainda na sociedade”, argumenta Santana.

Safiri Felix, que já atuou no principal hub de projetos baseados em Etherum, a Consensys, cujo fundador é o também cofundador do Ether Joseph Lubin, ainda reforça que o pioneirismo do ETH em desbravar um campo até então não explorado, o dos contratos intelifentes, trouxe consigo as dificuldade de desbravar o desconhecido, no entanto, no futuro, a tendência é que o geral ceda lugar ao específico.

“Eu acho que o grande problema do Ethereum atualmente foi tentar desbravar, como pioneiro, esse conceito de plataforma de contratos inteligentes, o que acaba gerando uma superfície de ataque muito ampla que obriga que você tome diversas medidas para proteger isso que, na outra ponta, acaba também por impor limitações ao projeto. Então, eu acredito que no curto prazo, o Ethereum deve continuar sendo a principal plataforma para rodar operações descentralizadas, mas no longo prazo, este ambiente ficará muito mais concorrido e, tal qual acontece hoje com as plataformas em nuvem, o usuário terá diversas opções e escolherá a que se adéqua melhor aos seus objetivos. Também acredito que teremos blockchains especializadas para nichos específicos, resolvendo muito bem não o somente desafio geral que o Ethereum se propõe hoje, mas determinados usos”, finaliza.

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Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

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