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Especialista brasileiro diz que a computação quântica pode realmente destruir o Bitcoin

Falar de computação quântica nos dias atuais é quase como pensar em ficção científica – à primeira vista, parece algo com funcionamento complexo e obscuro, sem perspectiva de benefícios claros dentro de muitos anos. Mas a Minsait, uma companhia da Indra, aponta que essa percepção está longe de ser verdadeira. Na verdade, essa tecnologia terá impactos claros no nosso dia-a-dia nos próximos 10 a 20 anos. Superar condições físicas e garantir cibersegurança das informações contidas nos qubits são os desafios.

“Entendemos que os benefícios gerados com a adoção do computador quântico serão fundamentais principalmente na área de pesquisa e desenvolvimento, especialmente quando aplicado para resolver um problema em um tempo muito curto, como simular e otimizar processos como a construção de aviões mais seguros, projetar modelos econômicos, otimizar sistemas de inteligência artificial, ou simular todo tipo de moléculas, o que nos permitirá descobrir novos materiais, ou desenvolver novos remédios”, afirma Wander Cunha, head da Minsait no Brasil.

Para entender como esta nova tecnologia pode impactar o mercado de criptomoedas, o Criptomoedas Fácil conversou com exclusividade com Cunha, que traçou uma perspectiva pouco promissora para o Bitcoin. Confira!

Criptomoedas Fácil: Qual o potencial que a computação quântica trará para a sociedade e como estão os desenvolvimentos desta tecnologia? Você acredita que em 10 anos ela será disponibilizada para o público?

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Wander Cunha: Na verdade, até mais cedo do que isso. Hoje já existem computadores quânticos disponíveis para compra, contudo com poder de processamento ainda limitado e custos muito elevados. Temos acompanhado a evolução da empresa D-Wave no desenvolvimento de computadores quânticos comerciais – aliás, a companhia lançou no início de 2017 um computador com 2.000 qubits. Esses computadores foram adquiridos por empresas como Google e NASA. Espera-se para 2019 o lançamento da plataforma de computação quântica em nuvem. Desta forma será possível pagar apenas pelo tempo de processamento sem a necessidade de comprar um computador inteiro. Isso irá tornar possível o uso desta tecnologia por um número maior de empresas.

CF: Existe bastante especulação sobre se a computação quântica pode quebrar os hashs criptográficos do Bitcoin. Você acredita que isso é mesmo possível?

WC: Sim, é possível. As máquinas quânticas são muito eficientes na execução de algoritmos de força bruta, como a fatoração de números primos e buscas em listas não ordenadas. As soluções de criptografia são feitas de forma que nenhum computador convencional possa quebrar a chave em tempo hábil, mas com computadores quânticos isto pode vir a ser possível nos próximos anos. Pela própria característica de processamento acelerado do computador quântico, pode colocar em risco não somente o bitcoin, mas todo o sistema de criptografia existente. Em um primeiro momento pode-se postergar este problema aumentando o tamanho das chaves, contudo novos métodos de criptografia que não possam ser quebradas por computadores quânticos deverão ser desenvolvidos no futuro.

CF: Como a computação quântica pode impulsionar o setor de telecomunicações e aplicações em IoT e blockchain?

WC: A computação quântica deve trazer efeitos significativos em termos de velocidade e no desenvolvimento de novas tecnologias como o machine learning, tendo uma evolução do que conhecemos atualmente – os robôs teriam uma inteligência muito próxima à humana em termos de compreensão e de realização de tarefas. Além disso, é possível identificar erros em códigos-fonte rapidamente. A Lockheed Martin (empresa que adquiriu um computador da D-Wave) levou 6 semanas para encontrar falhas que levariam 6 meses para serem encontradas no código do avião F-16. Mas há outros impactos igualmente significativos: o mercado financeiro deve obter avanços no gerenciamento de risco, análise quantitativa e preço de opção para derivativos complexos; o sistema de logística deve ter avanços com agendamento e redução de custos; a química vai poder fabricar baterias melhores, produzir fertilizantes usando métodos menos intensivos, etc.

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Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

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