Categorias Notícias

Entrevista com o presidente de Liberland: uma “nação” construída com Bitcoin e Blockchain

Como tem mostrado o Criptomoedas Fácil, Liberland é uma “nação” (ainda não é reconhecida pela ONU) que busca construir toda sua estrutura social e jurídica utilizando blockchain e criptomoedas. O território que “surgiu” entre a Sérvia e a Croácia, já possui uma parceria com a IIMSAM – uma espécie de observador intergovernamental do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas.

Além disso, Liberland possui nove representações oficiais em todo o globo, localizadas em Gana, Guatemala, Guiné, Etiópia, Japão, Panamá, Arábia Saudita, Tanzânia e Tailândia, além de um escritório em Dubai e a primeira embaixada oficial em Somalilândia, uma região na Somália que é oficialmente parte do país, mas que declarou independência em 1991 e tem uma população estimada em mais de 3 milhões de pessoas. Toda a economia local de Liberland gira em torno de BitcoinEthereumBitcoin Cash e sua criptomoeda própria, o Merit.

Para entender um pouco mais dos propósitos desta nação e os objetivos de Liberland, o Criptomoedas Fácil conversou com exclusividade com o seu presidente, Vit Jedlicka. Confira!

Criptomoedas Fácil: Atualmente, quantos habitantes (físicos e virtuais) estão em Liberland e como estão suas relações diplomáticas, especialmente com seus vizinhos Croácia e Sérvia?

🚀 Buscando a próxima moeda 100x?
Confira nossas sugestões de Pre-Sales para investir agora

Vit Jedlicka: Atualmente, registramos 520 mil pessoas com interesse na cidadania de Liberland. Cerca de um terço indicou que gostaria de se mudar imediatamente, mas como você pode entender, se o fizéssemos, seríamos um dos países mais superpovoados da terra devido nosso pequeno território. Como a polícia croata ainda prende todos os que tentam entrar em Liberland, estamos construindo nossa nação nas margens de Liberland – ou seja, no rio Danúbio. No momento, estamos abrindo um restaurante, um próspero centro de coworking e um pequeno centro de spa, onde poderemos realizar eventos para até 150 pessoas. A Sérvia, na verdade, estava bastante otimista sobre Liberland desde o início afirmando que, oficialmente, Liberland não faz parte da Sérvia e seu apoio silencioso ainda continua. A Croácia, por outro lado, apesar de não reivindicar o território de Liberland, procura ativamente prender qualquer um que esteja vindo mesmo para uma visita curta. Mas tenho esperança que em breve este problema será resolvido, a prova disso é a presença de Ivan Pernar, um dos mais populares políticos croatas durante nosso aniversários de três anos, que demostrou seu apoio à nossa causa.

CF: Quais os potenciais que a tecnologia blockchain vai proporcionar aos cidadãos de Liberland?

VJ: Blockchain é tão importante porque substitui o intermediário. Todos os serviços que exigem terceiros serão transformados e os terceiros irão desaparecer lentamente. As maiores mudanças serão visíveis nos bancos, seguros e governos. Estamos adotando essas tendências e queremos construir o primeiro governo autônomo descentralizado.

CF: Como você vê o processo regulatório sendo debatido em organizações multilaterais como a União Europeia, o FMI e o G20 e também a autorregulação que está sendo debatida por membros do setor?

VJ: A grande coisa sobre criptomoedas é que elas não podem ser reguladas. Portanto, a única coisa eficaz a fazer é bani-las. Isso, por sua vez, causará efeitos adversos em qualquer um que tentar. Podemos dizer com orgulho que Liberland se beneficiou enormemente do fato de que mantemos a maioria das nossas reservas em criptomoedas desde os primeiros dias. Em 2015, o Bitcoin valia apenas US$250 e agora subiu para mais de US$6 mil.

CF: O que o navio Bitcoin representa e como ele ajudará Liberland?

VJ: O navio Bitcoin Freedom de Liberland será o nosso maior local até agora, com restaurante e centro de culinária a bordo, entre outros, como mencionei anteriormente. Com mais de 600 metros quadrados, os liberlandeses poderão utilizá-lo também para qualquer evento, desde conferências até casamentos.

CF: Como Liberland tem procurado construir junto aos seus cidadãos um sistema legal e de governança diferente do modelo atual?

VJ: Introduzimos em nosso sistema de governança a nosso criptomoeda Merit, assim, todos os indivíduos que pagam voluntariamente seus impostos, em troca, receberão uma participação em Merits. Você pode então utilizar essas criptomoedas na forma de votos, ​​como garantia e pagamento em diferentes setores (como uma especie de “multa” quando infrações são apuradas), entre outros. Acredito que esta seja uma maneira eficaz de infligir uma penalidade ou sanção a alguém, como retribuição por uma ofensa ou transgressão, mesmo se eles estiverem escondidos do outro lado do planeta. A fim de ter um aparato justo e moderno de justiça, estamos construindo um sistema baseado no sistema judicial descentralizado em blockchain. Estamos trabalhando nisso, já que nos associamos ao kleros.io.

CF: Como estão se desenvolvendo as relações internacionais e o setor econômico no país?

VJ: No ano passado, Liberland teve seu primeiro reconhecimento do estado da Somalilândia. Neste momento, estamos construindo nossa primeira embaixada de Liberland lá. Acreditamos que traremos enormes benefícios para toda a região. Entre os muitos planos a caminho, por exemplo, o Rotary Club de Liberland já iniciou atividades humanitárias. Também começamos a registrar empresas em Liberland.ltd e acredito que possuímos a jurisdição ideal para qualquer lançamento de oferta inicial de moeda (ICO, na sigla em inglês). Nós já temos várias startups de sucesso nos procurando. Também temos empresas existentes vindas de outros países. Recentemente, a exchange ojux.io iniciou operações em Liberland. Eu também estou muito otimista sobre a nossa diáspora, onde muitos liberlandeses estão construindo projetos de sucesso em lugares como Panamá, Honduras, Belize, Malásia, México e Noruega.

Compartilhar
Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

This website uses cookies.