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Entrevista com Kevin Abosch: o artista adepto à blockchain

O artista irlandês Kevin Abosch tem realizado diversas obras que utilizam tokens e criptomoedas. Como mostrou o Criptomoedas Fácil, após a venda da foto “Potato#345” por R$4,37 milhões, Abosch começou a pensar na relação valor/obra/artista e concluiu que “o valor monetário da obra é, para a maioria dos artistas, uma extensão do artista, e assim, você começa a se sentir como uma mercadoria. Para controlar essa sensação, em alguma medida, comecei a pensar em mim mesmo como uma moeda”.

Foi então que o artista voltou seus olhos para a blockchain e para os contratos inteligentes do Ethereum, no qual criou seu próprio token, com um suprimento de 10 milhões de unidades, o IMMA Coin. Mas, para o artista, a monetização em si não faria sentido se os tokens não estivessem conectados ao seu corpo, por isso ele solicitou a extração de seis frascos de sangue de seu organismo, e carimbou em sangue o endereço do contrato em 100 pedaços de papel para, segundo ele, “vender pedaços” de si próprio.

Além de outras obras, recentemente, o artista, em parceria com um dos maiores artistas plásticos mundiais, Ai Weiwei, elaborou o projeto PRICELESS, que busca desencadear uma mudança de mentalidade em torno do valor da vida humana e especificamente do tratamento de refugiados por nações usando a blockchain do Ethereum. O PRICELESS (PRCLS) é composto por dois tokens ERC-20, enquanto um não estará disponível para distribuição, o outro é destinado à distribuição e é divisível em até 18 casas decimais.

No entanto, apesar de estar extremamente ligado ao ecossistema das criptomoedas, durante uma entrevista exclusiva realizada pelo Criptomoedas Fácil, Abosch revelou que tem pouco interesse nos ativos digitais e que ainda espera pelo grande “case” em relação à aplicabilidade da tecnologia blockchain. Confira!

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Criptomoedas Fácil: Qual é a proposta da PRICELESS em parceria com Weiwei?

Kevin Abosch: PRICELESS é um experimento social. As pessoas são rápidas em atribuir valor às coisas, no mais perverso dos casos, algumas até colocam um preço na vida humana. Este projeto é o ponto de partida para uma discussão sobre como e por que valorizamos as coisas, bem como nosso complicado relacionamento com os inestimáveis.  Eu uso endereços blockchain como proxies para destilar valor emocional, como faço com faces ou objetos inanimados. Com a PRICELESS, Weiwei e eu não nos esforçamos para apresentar uma aplicação prática para a tecnologia blockchain, mas usamos a tecnologia como um método para criar arte que coloca questões ontológicas.

CF: Porque a opção por abordar o “valor das pessoas”?

KA: Sou eternamente fascinado por onde termino e a próxima pessoa começa e vice-versa. Esta linha é no mínimo, embaçada. As pessoas se esforçam ao máximo para se diferenciarem, conformando-se aos padrões sociais. Muita energia é desperdiçada, penso nesta busca.

CF: Além do uso na arte, como você vê o potencial do Bitcoin, da blockchain e das criptomoedas como um todo?

KA: Eu uso a blockchain como um método para fazer arte e como um meio de transferir a propriedade de minhas obras de arte virtuais. Eu tenho muito pouco interesse em criptomoedas. Dito isso, tenho estado profundamente envolvido na tecnologia blockchain desde 2012 e, como a maioria das pessoas, estou aguardando o próximo grande “caso” que irá definir a usuabilidade da tecnologia.

CF: Existe uma estratégia para distribuir o PRCLS em setembro? Podemos esperar um novo trabalho entre vocês neste ecossistema?

KA: Nós começamos a distribuir o PRCLS muito lentamente para um número de colecionadores e ativistas. Deve-se notar que, mesmo com um centésimo milionésimo de um token, um tem o suficiente para distribuir para todos no planeta. Isso ocorre porque o token é divisível para 18 casas decimais. Em setembro, esse processo provavelmente se expandirá e acelerará.

CF: Podem as novas tecnologias, como Inteligência Artificial, criar uma nova distopia?

KA: Somos o nosso pior inimigo, mas parece que temos a capacidade de mitigar o dano às vezes. Se as máquinas que fabricamos e sua “inteligência” são construídas sobre nosso próprio sistema lógico e de valores, não sei ao certo que tipo de distopia nos espera.

CF: E sobre os artistas brasileiros?

KA: Bem, quem não ama Vik Muniz?

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Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

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