Notícias

Entenda: ofertas de rendimentos fixos mensais são insustentáveis

2019 foi um ano em que empresas do ramo de criptomoedas prometeram altos e fixos rendimentos sobre investimentos feitos junto a elas. A maior parte delas não só acabou apresentando problemas em relação aos saques (que foram paralisados), como também apresentaram as mais diversas justificativas.

Desta forma, tendo em vista o destino de grande parte delas, resta a dúvida: rendimentos fixos massivos são sustentáveis?

2 + 2 = R$ 1,5 bilhão em débito

O CriptoFácil então decidiu testar diferentes hipóteses de rendimentos fixos, mensais e diários, para verificar a sustentabilidade dos mesmos. Os valores são aleatórios, nenhuma das empresas em atividade ou não no mercado de criptoativos foi usada de parâmetro.

O valor do investimento usado de exemplo é R$26 mil, uma média tirada dos aportes geralmente feitos em nome das empresas já mencionadas nesta matéria, e foi calculado por meio de decisões judiciais envolvendo tutelas de urgência que culminaram no bloqueio de bens. O período considerado para os cálculos é de seis meses.

🚀 Buscando a próxima moeda 100x?
Confira nossas sugestões de Pre-Sales para investir agora

O primeiro rendimento considerado é de 15% ao mês. Investindo R$26 mil, ao fim de seis meses, o investidor terminará com R$60.139,27 – ou seja, a quantia superou o dobro do investimento inicial em um semestre. Apenas para tornar o cálculo mais interessante, em um investimento inicial de R$100 mil, o investidor terminaria os seis meses com R$231.306,06.

Importante ressaltar que, caso a poupança rendesse 1% ao mês, o total acumulado em seis meses seria R$27.599,52 – menos da metade do valor obtido, em um cenário onde a poupança está muito acima de seu rendimento real.

Reduzindo o rendimento pela metade, em 7,5%, os ganhos ainda significativos. Com um aporte inicial de R$26 mil, o investidor encerraria o semestre com R$40.125,84, R$14.125,84 em ganhos.

Uma promessa não incomum prometia ao menos 100% sobre o dinheiro investido ao fim de um ano. No caso do aporte de R$26 mil, ao fim de um ano (e não de seis meses, como praticado até agora) o investidor duplicaria seu dinheiro, pelo menos – ou seja, R$52 mil.

Não é incomum que empresas ofereçam rendimentos fixos diários. Em uma promessa de 7% diários sobre R$26 mil, ao fim de seis meses, o resultado é de R$5.791.949.430,06. Com 1200 afiliados, essa empresa superaria o PIB do Brasil em 2018.

Em um caso de 1,5% ao dia em rendimentos, no fim de seis meses, o rendimento inicial de R$26 mil renderia uma quantia muito menor do que o exemplo acima. Porém, não menos massiva, uma vez que R$390.653,68 é um resultado final considerável em seis meses. Em um caso hipotético em que essa empresa tenha cerca de 23 mil afiliados, ela também superaria o PIB do Brasil em 2018 – levando metade do tempo para tanto.

Sem resultados negativos

Além de prometer ganhos fixos, tais empresas afirmam nunca experienciar perdas em suas operações, que geralmente envolvem robôs de arbitragem supostamente muito sofisticados. Contudo, ao entrar em crise, é normal que empresas culpem variações do mercado e perdas massivas oriundas de tais flutuações.

Ambas são características de supostas pirâmides financeiras, conforme um infográfico criado pelo CriptoFácil:

Por meio dos cálculos apresentados acima, é nítida a insustentabilidade de tais empresas, que com os ganhos prometidos superam o PIB de nações em períodos de seis meses. Se fosse realmente possível auferir mais de R$5 bilhões em seis meses com um investimento de R$26 mil, é possível dizer com plena certeza que praticamente ninguém optaria trabalhar até a idade mínima prevista para se aposentar.

Desta forma, é extremamente aconselhável utilizar uma calculadora de juros compostos (facilmente encontradas na internet) quando uma empresa apresentar propostas de ganhos fixos mensais ou diários, especialmente se ela nunca teve prejuízo em suas operações.

Leia também: CriptoBíblia; Um guia sobre o universo das criptomoedas

Compartilhar
Gino Matos

Tenho 28 anos, sou formado em Direito e acabei fascinado pelas criptomoedas, ramo no qual trabalho há três anos.

This website uses cookies.