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Entenda por que a MicroStrategy fez sua primeira venda de Bitcoin

A empresa de inteligência de negócios MicroStrategy revelou que vendeu parte de seu estoque de Bitcoin (BTC) em 22 de dezembro. Foi a primeira venda que a empresa realizou desde que começou a adquirir BTC em agosto de 2020.

Embora a empresa tenha posteriormente comprado mais BTC, a venda desafiou sua promessa de nunca vender nenhuma parte de seu estoque de BTC. Então por que a empresa resolveu vender parte do seu estoque, ainda que tenha recomprado mais em seguida?

O motivo da venda, de acordo com documentos registrados na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), é puramente fiscal. A MicroStrategy vendeu 704 BTC e realizou prejuízo com a operação, mas utilizou isso para compensar lucros em outras áreas.

Em busca de benefícios fiscais

Conforme relatado pelo CriptoFácil, a MicroStrategy comprou 2.500 bitcoins no valor de cerca de US$ 42,8 milhões entre 1 de novembro e 21 de dezembro de 2022. Ao mesmo tempo, a empresa vendeu 704 BTC por cerca de US$ 11,8 milhões em 22 de dezembro.

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Em seguida, a MicroStrategy voltou a comprar outros 810 BTC dois dias depois. A operação intrincada tem a intenção de vender no prejuízo para compensar o lucro de outras operações.

Esse tipo de recurso também existe no Brasil e é muito utilizado por quem negocia ações. Muitos traders e até investidores de longo prazo costumam vender ações e realizar prejuízos periodicamente. Dessa forma, eles acumulam esse prejuízo como uma espécie de “crédito” tributário.

Posteriormente, se o investidor vender uma ação e realizar lucro, ele teria que pagar imposto dependendo do lucro obtido. Para diminuir ou até evitar esse imposto, ele utiliza o prejuízo declarado como um abatimento no lucro realizado.

A MicroStrategy realizou a mesma operação, só que voltada para a negociação de BTC. Não se trata de uma venda para se desfazer do ativo, mas sim como uma manobra fiscal.

“A MicroStrategy planeja compensar as perdas de capital resultantes desta transação contra ganhos de capital anteriores, na medida em que tais retrocessos estejam disponíveis sob as leis federais de imposto de renda atualmente em vigor, o que pode gerar um benefício fiscal”, disse a empresa.

Uma Promessa Quebrada

No verão de 2020, a MicroStrategy iniciou sua cultura de acumular BTC por meio de seu ex-CEO, Michael Saylor. Desde então, a empresa acumulou 132.251 BTC, avaliados em US$ 2,2 bilhões aos preços atuais de mercado.

Isso posiciona a MicroStrategy como a maior detentora de BTC entre as empresas públicas. No entanto, a empresa conta com uma enorme perda não realizada de quase US$ 2 bilhões, já que desembolsou mais de US$ 4 bilhões na compra de seus BTC.

Após a forte valorização de 2021, o preço do BTC e de outros criptoativos despencou. A tendência de baixa tornou-se mais pronunciada em 2022, mas isso não diminuiu o espírito de compra de BTC da MicroStrategy.

Em uma entrevista em janeiro para a Bloomberg, Saylor prometeu que sua empresa não venderia suas participações em BTC.

“Nunca. Não, não somos vendedores. [. . .] Estamos apenas adquirindo e mantendo bitcoin, certo? Essa é a nossa estratégia”, disse.

Naquele mesmo mês, Phong Le, que era o diretor financeiro da MicroStrategy na época, declarou que a empresa manteria uma política de “comprar e manter”. Isso reforça o caráter pontual e meramente tributário da operação inédita do dia 22 de dezembro.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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