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El Salvador tem nota de risco rebaixada antes da emissão dos Bitcoin Bonds

Menos de 24 horas após o anúncio da data de emissão dos Bitcoin Bonds, El Salvador teve sua nota de risco rebaixada. O downgrade partiu da Fitch, que cortou a nota de risco do país de B- para CCC.

Trata-se da segunda agência de risco a reduzir a nota de El Salvador em menos de um ano. A primeira foi a Moody’s, que cortou a nota do país de B3 para CAA1 em julho do ano passado. Na ocasião, a agência utilizou a adoção do Bitcoin (BTC) como justificativa para o corte.

Em contrapartida, a Fitch destacou o aumento do risco de calotes na dívida salvadorenha. O risco envolve sobretudo a dívida de curto prazo do país, além da dificuldade de acesso a financiamentos.

“Riscos elevados de dependência acordada na dívida de curto prazo, escopo limitado para financiamento do mercado local, acesso incerto a financiamento multilateral adicional e financiamento no mercado externo com altos custos de empréstimos”, disse a Fitch.

Como resultado, El Salvador passa a integrar a a lista de países com “risco substancial” nas duas agências. Ou seja, apenas dois níveis acima da região de calote iminente (iminent default).

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Aposta nos Bitcoin Bonds

Conforme noticiou o CriptoFácil, a emissão dos Bitcoin Bonds deverá ocorrer entre os dias 15 e 20 de março. Os títulos serão denominados em BTC e oferecem juros de 6,5% ao ano, taxa 50% menor do que os 13% pagos no título de 10 anos do país.

Segundo analistas, a diferença ocorre por dois motivos. Em primeiro lugar, parte dos Bitcoin Bonds terão como lastro os BTC que serão comprados pelo país. Além disso, os títulos são uma aposta na valorização do BTC e não uma expressão de confiança na responsabilidade do governo do presidente Nayib Bukele.

“Qualquer pessoa que compre este Bitcoin Bond está apostando na criptomoeda de uma maneira muito grande, ignorando o mercado de crédito de alto risco de El Salvador, país que enfrenta uma situação de dívida em dificuldades”, disse Marc Ostwald, economista-chefe e estrategista global da Addstand Services International (Admissi).

Ao mesmo tempo, os títulos são vistos como uma forma de aliviar a pressão dessa dívida. Um dos proponentes dessa ideia é Samson Mow, cofundador da Blockstream, a empresa que desenvolveu os títulos. Em sua visão, o BTC é uma maneira de dar a El Salvador acesso a capital mais barato.

Dívida bilionária

O governo de El Salvador emitirá títulos em Bitcoin esperando captar US$ 1 bilhão. Metade desse valor será utilizado para comprar BTC, enquanto o restante financiará a construção da Bitcoin City.

Contudo, a situação atual já demanda uma grande atenção. Segundo dados da Fitch, El Salvador possui US$ 1,2 bilhão em amortizações de dívida externa a serem pagos até em 2023. Desse total, 67% (US$ 800 milhões) vencerão em janeiro daquele ano.

A Fitch também disse que o país enfrenta uma lacuna de financiamento de US$ 1,2 bilhão em 2022, que aumentaria para US$ 2,5 bilhões em 2023. O valor é 150% maior do que a expectativa de captação com os Bitcoin Bonds.

“Há um alto grau de incerteza em torno de outras fontes de finamento externo, tal adicional de financiamento multilateral adicional, dadas dúvidas em torno de um programa do FMI, bem como a capacidade de emitir títulos lastreados em Bitcoin”, disse a Fitch.

Em outras palavras, o país tem dois possíveis riscos: não conseguir emitir os Bitcoin Bonds, ou emiti-los e não ver uma grande demanda. Mas Bukele já deu sinais de que não se importa com as opiniões de agências de classificação e levará o plano adiante.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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