Educação: minha experiência no primeiro mestrado de criptomoedas do mundo

2017 foi o ano das criptomoedas. Isso se torna claro para alguém que observa qualquer gráfico que mostra a valorização exponencial das principais moedas desse mercado.

Ativos como Bitcoin, Dash e Ethereum chegaram a experimentar altas que superaram facilmente os 1000% em UM ÚNICO ANO. A entrada do Bitcoin nos grandes mercados internacionais, como a Bolsa de Mercados Futuros de Chicago, também faz parte desse crescimento, que mostra a aceitação que esses ativos tiveram – saindo de mercados “marginais” e da visão de “moeda de bandidos” para a de ativos com grande potencial de uso, especialmente como reserva de valor.

Entretanto, o crescimento do mercado cripto não pode ser resumido apenas ao aspecto financeiro. Afinal, existe um setor que também foi bastante fomentado pelas criptomoedas em 2017: o setor educacional.

Grandes universidades se rendem ao Bitcoin

Quem acompanha o mercado e as redes sociais pode ter acompanhado a grande proliferação de materiais de ensino sobre criptomoedas e Bitcoin. Cursos, palestras e programas inteiros foram ou estão sendo desenvolvidos nesse sentido.

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No Brasil, temos o exemplo da Foxbit, uma das principais exchange do país. A empresa resolveu entrar na área educacional, que atualmente dispõe dos cursos introdutórios Bitcoin em Minutos e Blockchain em Minutos, ambos voltados para o entendimento da criptomoeda e da tecnologia Blockchain.

Já a nível internacional, a oferta consegue ser ainda maior. Grandes universidades já disponibilizam em seus sites materiais e cursos gratuitos sobre o tema. As universidades de Duke e de Stanford, nos Estados Unidos, são dois exemplos.

E do outro lado do oceano, em uma pequena ilha localizada na Europa, temos o curso que será o foco desse texto, do qual eu tenho orgulho de ter sido aluno: o mestrado online de criptomedas realizado no Chipre.

Chipre e Bitcoin: uma relação antiga

O curso em questão é ministrado pela Universidade de Nicósia, ou UNIC, cujo campus se localiza na capital do Chipre. Esse não é qualquer curso: trata-se, de fato, do primeiro mestrado em moedas digitais organizado e ministrado por uma grande universidade, cujo diploma tem o mesmo peso de qualquer outro mestrado.

O pioneirismo dos cipriotas talvez não seja por acaso: em 2015, o Chipre vivenciou um congelamento de capitais e limitações de saques em seus principais bancos. Milhares de pessoas se viram impossibilitadas de retirar seu dinheiro dos bancos em virtude de um “feriado bancário” decretado pelo governo do país.

Sem outra opção, os cidadãos passaram a recorrer ao uso do bitcoin, comprando a moeda digital e utilizando-a para proteger seu dinheiro ou comprar bens de consumo. Tal movimento refletiu no preço da moeda: cotado a cerca de 400 dólares a época, o Bitcoin chegou perto dos 600 dólares apenas com a movimentação no pequeno país.

O interesse cipriota no Bitcoin, portanto, vai além de um simples curso. Eles viram seus benefícios na prática.

Pegue um avião ou faça em casa

Apesar disso, o curso foi criado antes desse episódio, em 2014. Atualmente o curso se encontra em sua oitava turma no módulo online, a turma na qual eu entrei e que se encerrou em dezembro do ano passado.

O mestrado apresenta duas formas de aulas. A primeira é presencial, realizada no campus da universidade, e possui todos os requisitos de entrada presentes em qualquer mestrado: ter uma graduação completa, realizar um exame de admissão, possuir inglês satisfatório para acompanhar as aulas e realizar o pagamento da taxa de inscrição.

Esse último ponto talvez seja o grande limitador para a maior parte das pessoas, uma vez que o mestrado completo custa 12 mil euros.

Para quem não pode se mudar para Nicósia, ou mesmo não dispõe do valor da taxa de inscrição, existe a possibilidade de realizar o módulo online, através da plataforma Moodle. Essa é a versão MOOC do curso (sigla em inglês para Curso Online Aberto e Massivo), a qual tem como objetivo fornecer acesso em massa ao material e aos aprendizados fornecidos pelo curso original.

A forma de inscrição no MOOC é relativamente simples. Basta que o aluno realize o cadastro através do site, criando um login e senha. Em seguida, basta entrar no perfil de aluno e escolher o curso DFIN – Introduction to Digital Currencies (o número do curso pode variar de acordo com a turma).

As 12 semanas de Satoshi

O módulo online foi a minha escolha para realizar o mestrado na UNIC. Além de ser gratuito e poder ser realizado em casa, o MOOC tem a vantagem de não possuir requisitos de entrada, sendo aberto a qualquer interessado em estudar sobre criptomoedas.

No entanto, o fato de ser um curso online nem de longe significa alguma “moleza”. Com efeito, o MOOC já começa rigoroso pela sua duração: são 12 semanas de curso, ou 3 meses intensos de aulas liberadas toda semana.

Para cada aula era liberado um slide para estudos. O tamanho do conteúdo também é desafiador: a maioria passa das 50 páginas de conteúdo (alguns chegam a alcançar 70). O material é todo em inglês, o que requer um bom domínio do idioma.

As aulas

Qualquer tipo de desafio, no entanto, fica pequeno quando acompanhamos os temas das aulas, os quais se tornam mais instigantes a cada semana.

A primeira aula é uma introdução a história do dinheiro. Mostra como o dinheiro surgiu, evoluiu, como o estado tomou posse dessa ferramenta, fazendo um verdadeiro apanhado dos tempos antigos ater o sistema financeiro atual.

A segunda aula mostra uma das grandes façanhas realizadas com a criação do Bitcoin: a solução do Problema dos Generais Bizantinos, um problema envolvendo confiança e transmissão de mensagens por meios eletrônicos que atue então não tinha sido solucionado. Aqui é mostrado como Satoshi Nakamoto solucionou esse problema através da criação do mecanismo de consenso da rede Blockchain. Foi a aula que me serviu de base para escrever um artigo sobre esse mesmo tema.

Conceitos básicos e práticos sobre criptomoedas e Bitcoin são o tema das três aulas seguintes, as quais mostram como a rede funciona, quais os códigos e algoritmos usados para garantir a segurança, estabilidade e funcionamento da rede, os mecanismos de consenso, como os endereços de carteiras são gerados e vários outros aspectos técnicos. Foram as aulas onde tive uma maior dificuldade de assimilação dada a minha falta de conhecimento técnico – e justamente por isso foram as mais instigantes.

Os usos alternativos do Bitcoin são abordados na aula 6. Lá são mostrados conceitos de Coloredcoins, sidechains e os usos do Blockchain para além das transações financeiras. A sétima aula mostra com o Bitcoin pode ser uma alternativa viável aos atuais bancos centrais e suas políticas heterodoxas, enquanto a oitava aula mostra a relação entre moedas digitais e serviços financeiros em geral, mostrando também possíveis aplicações.

As quatro aulas finais falam sobre aspectos financeiros, regulatórios e legais. Mostram quadros atualizados sobre como os principais governos do mundo tem tratado o tema, incluindo quais países já regulamentam a moeda, como regulamenta, e quais estão mais propensos a proibir a negociação de criptomoedas. As duas últimas aulas tratam sobre inovação e sobre o uso de criptomoedas nos países em desenvolvimento, com ênfase em seu potencial de auxiliar os locais que possuem grande parte da população sem acesso a serviços bancários.

Como podemos ver, o curso abrange vários aspectos do universo de criptomedas. E faz isso trazendo conteúdo de excelente qualidade com dados atuais.

Além do sistema de aulas

Mas, obviamente, o melhor desse curso não está nas aulas. Em minha opinião, o mais proveitoso disso foram três coisas extras que o módulo online fornece: a sessão de Q&A, os fóruns de discussão e o grupo do Telegram.

Os fóruns são a oportunidade dos estudantes tirarem as dúvidas sobre determinada aula. Cada aluno pode criar o seu próprio tópico ou acompanhar um já criado por alguém que tenha a mesma dúvida que ele.

O grupo do Telegram é criado por cada turma. O meu foi – e ainda é – uma verdadeira fonte de aprendizado: nada menos que 80 pessoas de todas as partes do mundo (tem gente da África e até mesmo outros brasileiros) trocando conteúdo, experiências e discutindo os temas de cada aula.

E, por fim, a mais espetacular de todas as ferramentas: a sessão de Q&A ou perguntas e respostas. Uma vez por semana, a UNIC disponibiliza uma live com um dos criadores e orientadores do cursos. Nessa live, todos os alunos podem enviar perguntas e dúvidas, sejam gerais ou sobre as aulas, e o orientador responde a todas.

E o orientador é ninguém menos do que Andreas Antonopoulos!

Isso mesmo. O autor de Mastering Bitcoin e um dos principais evangelistas de criptomoedas do mundo também é um dos orientadores do texto, sendo que várias das aulas foram baseadas em capítulos do seu livro.

Agora imagine ter a sua pergunta respondida por alguém dessa envergadura. Só isso já vale a pena por todo o curso.

No final, cada aluno também recebe o seu certificado de conclusão do módulo online. Esse certificado é emitido pela UNIC e registrado na Blockchain. Uma prova eterna da minha participação em um dos melhores cursos do mundo.

Conclusão

O mestrado online da UNIC é, sem nenhuma dúvida, um dos melhores do mundo na área de criptomoedas. A qualidade das aulas, das ferramentas oferecidas e a chance de conhecer pessoas de gabarito internacional o fazem superior a qualquer outro material criado sobre o tema por qualquer outra instituição de ensino.

Domina bem o inglês e quer fazer um curso de qualidade sobre Bitcoin? O Chipre é o lugar certo para começar.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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