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Economista venezuelano afirma que o Bitcoin é dinheiro de qualidade ao contrário do bolívar

A adoção das criptomoedas na Venezuela, primeiro devido à hiperinflação e depois devido à dolarização, pode vir a desempenhar um papel fundamental na reconstrução econômica do país.

Essa é a opinião do professor Aaron Olmos, um dos economistas do país que mais abordam o assunto das criptomoedas. Em uma entrevista à Coindesk, Olmos dissecou as razões da dependência atual do país em relação ao dólar americano. Defensor apaixonado dos benefícios das criptomoedas, Olmos dá aulas sobre a tecnologia há mais de dois anos, inclusive liderando um programa focado em blockchain para a IESA (Instituto de Estudos Superiores de Administração), a faculdade de negócios mais proeminente da Venezuela.

Com várias publicações, conferências e entrevistas na televisão nacional, o economista demonstrou sua paixão por ensinar o público venezuelano sobre criptoativos e as implicações de sua adoção em massa no país.

Em sua entrevista, Olmos discutiu os desafios da situação econômica atual do país, onde o desvalorizado bolívar é usado como moeda oficial, apesar das várias alternativas usadas pela população. Na sua opinião, essa situação – consequência da má administração econômica – levou a uma crise em que o uso de criptomoedas aumenta à medida que o declínio do valor do bolívar se acentua.

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“Estamos em uma situação complicada porque ‘bom dinheiro’ – dólares ou criptomoeda – está disponível, mas é escasso porque as pessoas tendem a mantê-lo, não gastá-lo. Por outro lado, nosso “dinheiro ruim”, o bolívar, é aquele que deve ser usado por lei”, afirmou Olmos.

Somado a isso, o economista apontou o fato de que notas de dinheiro de altas denominações são limitadas, enquanto as notas em baixas denominações emitidas pelo Banco Central do país (BCV) não possuem poder aquisitivo algum.

“Isso cria uma distorção no preço dos bens e serviços, já que o valor da produção agora está baseado em dólares no mercado interno”, explica ele. “Todo mundo sabe: o bolívar é nossa moeda oficial em circulação, mas a moeda na prática é o dólar americano.”

Criptomoedas como uma solução

No entanto, em meio a essa crise, Olmos acredita que as criptomoedas podem ajudar a formar uma solução, em parte porque a sua adoção “já está acontecendo”.

Olmos acredita que juntamente com a reativação da produção e a criação de novas fontes de investimento, a resposta às questões econômicas do país poderia estar introduzindo um sistema de dupla circulação de moedas, semelhante ao utilizado no Brasil para superar a inflação desenfreada nos anos 90, a Unidade Real de Valor (URV), que vigorou durante um breve período antes da implementação do plano Real.

Desta forma, as criptomoedas poderiam ser aceitas como moeda corrente no país, juntamente com o bolívar. Algo parecido ocorre hoje no Peru, onde o Novo Sol peruano circula junto com o dólar americano.

“Dadas as condições, precisamos de um elemento alternativo de confiança, e não há nada melhor do que uma criptomoeda, enquanto uma política econômica se encarrega de fazer com que o bolívar recupere seu valor e seu poder de compra”, disse.

Olmos continuou indicando que não acredita que as leis atuais da constituição venezuelana excluam a possibilidade de usar uma criptomoeda para pagamentos como parte de um plano de reajuste.

“O que deve ser feito é reconhecer seu uso e dar algum espaço para o desenvolvimento para que funcione de forma adequada e temporária”, disse o economista, enfatizando que o objetivo final seria aumentar o valor de Bolívar.

“Poderíamos até usá-lo em formato digital.”

No entanto, Olmos descartou totalmente a possibilidade de apoiar o uso da criptomoeda oficial do país, o Petro. “O Petro não deu certo porque tem uma estrutura baseada na intervenção, concentração de energia e uso forçado”, disse.

Duas visões de um país

Naturalmente, o resultado será definido por quem conduzirá as rédeas do futuro da Venezuela.

“Desde 10 de janeiro, temos duas visões do mesmo país”, disse, fazendo referência ao fato de que a Venezuela conta com dois “presidentes”, visto que o autoproclamado presidente interino Juan Guaidó já obteve o apoio das principais economias do mundo.

O economista afirma que há um plano econômico para o período 2019 – 2025 que teoricamente inclui blockchain e criptomoedas. “Mas este documento não foi publicado nem visto por ninguém”, disse ele.

Por outro lado, não está claro qual posição será tomada, já que o governo responsável pelo presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, não emitiu mais opiniões sobre criptomoedas no contexto de seus planos para a recuperação da Venezuela.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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