Notícias

CryptoCars: entenda a ascensão e o fracasso desse projeto

Entre os chamados blockchain games, o CryptoCars (CCAR) talvez seja o exemplo mais ilustrativo da queda desse mercado. O jogo estreou com um grande apelo e força, mas logo caiu no esquecimento e viu a destruição de milhões de dólares em valor.

O Crypto Cars surgiu em 2021, mesmo ano em que a febre dos NFTs e dos jogos play-to-earn (P2E) tomavam conta do mercado. À esteira do sucesso do Axie Infinity vieram diversos outros jogos que prometiam altos ganhos, e o CryptoCars fazia parte dessa leva.

Mas o que exatamente é esse jogo e como seu auge (e queda) ocorreu de forma tão relâmpago?

Ganhos, carros e NFTs

O CryptoCars foi criado pelos desenvolvedores vietnamitas Ly Tran (CEO) e An Nguyen (CTO). Ambos possuíam experiência em criação de aplicativos para sistemas iOS, Android e BlackBerry. Quando se uniu, a dupla resolveu explorar as possibilidades que a tecnologia blockchain tinha a oferecer neste mercado.

🚀 Buscando a próxima moeda 100x?
Confira nossas sugestões de Pre-Sales para investir agora

Dessa forma, inspirados no filme de animação Carros, lançado pela Pixar de 2006, a dupla criou o famigerado jogo. O CryptoCars oferece uma seleção de vários modos de corrida, como um simulador de corrida virtual, corrida de jogador contra computador. Os jogadores também podem competir entre si e criar desafios particulares.

Além disso, os jogadores podem atualizar e trocar carros no mercado do jogo. Esses carros são os NFTs do CryptoCars, que os jogadores podem colecionar, trocar entre si ou vender.

Conforme o jogador supera os desafios, ele pode obter pontos de experiência e também a CCAR, criptomoeda do CryptoCars. Além disso, os jogadores com muito capital podem comprar uma oficina de carros, que representa imóveis virtuais na forma de NFT e permite que eles ganhem CCAR por meio de serviços de oficina, como reabastecimento e apostas.

Altos rendimentos

Da mesma forma que muitos tokens de jogos, o CCAR também servia como forma de ganhar dinheiro com o CryptoCars. Nesse caso, podiam vender tanto os NFTs quanto o token CCAR diretamente.

Lançado em agosto de 2021, o token chegou no seu auge de preço em novembro de 2021 quando, de acordo com o CoinGecko, atingiu R$ 9,03. Em outras palavras, quem vendesse apenas 100 CCAR no auge da cotação conseguiria R$ 903 – praticamente um salário mínimo brasileiro.

Portanto, não é de se espantar que muitos jogadores fizeram do CryptoCars uma renda extra e o jogo obteve enorme sucesso. Mas em poucos meses o sonho acabou e o preço do CCAR entrou em colapso, caindo abaixo de R$ 0,01.

Desempenho do CCAR e colapso. Fonte: CoinGecko.

O que aconteceu?

A queda do CryptoCars e do seu token tem vários motivos, entre eles a desvalorização do próprio mercado. O preço do Bitcoin (BTC) começou a cair em 2021, o que fez a maior parte das altcoins desabar de preço. E as mais desconhecidas, como a CCAR, acabaram sofrendo mais com isso.

No entanto, o jogo também caiu por erros cometidos pela sua própria equipe. Em primeiro lugar, os desenvolvedores limitaram os saques de CCAR a quantidades muito pequenas. Com isso, os jogadores não conseguiram retirar grande parte de seus lucros.

E a história mostra que quando um projeto limita ou suspende os saques, não se trata de um bom sinal, e os jogadores pensaram o mesmo. Muitos deles lucravam valores muito maiores do que o limite de saque, e como o preço do token caía sem parar, amargaram prejuízos.

Outro problema foi que para ganhar CCAR o jogador precisava ter NFTs de carros competitivos para participar das provas. Só que a equipe impôs um “prazo de validade” para os NFTs: quanto mais o jogador utiliza o veículo, menos lucrativo ele se torna.

Tal medida tornou obrigatória a compra e venda de novos veículos dentro de seu marketplace. E aí que surge o outro problema: as altas taxas. No marketplace, 25% do valor arrecadado com as vendas fica retido como taxa para a equipe do jogo – e isso torna a situação ainda mais complicada para os investidores.

Como resultado, os usuários começaram a reclamar nas redes sociais e pedir mudanças para fazer o jogo voltar a ser competitivo. E quem fez isso foi banido das redes sociais e grupos do projeto sob acusação de querer “espalhar desinformação”, o popular FUD.

Conclusão

Em resumo, o CryptoCars tentou surfar na onda dos jogos em blockchain, mas não contava com uma equipe preparada nem com planejamento. O resultado foi o colapso completo do jogo à medida que seus usuários deixavam de utilizar a plataforma.

O CryptoCars, então, passou a fazer parte do cemitério de projetos que eram promissores, mas perderam valor ao longo do tempo. Quem ainda acreditava no projeto saiu, deixando-o abandonado e eliminando o pouco de valor que o jogo ainda possuía.

Compartilhar
Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

This website uses cookies.