A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgou um relatório sobre o modelo de crowdfunding de investimentos na sexta-feira (7). De acordo com o documento, houve crescimento no número de plataformas, bem como na captação de recursos por esta modalidade no Brasil.
Conforme noticiou o CriptoFácil, o crowdfunding foi o modelo que a CVM recomendou para as tokenizadoras de ativos utilizarem na emissão de seus tokens de renda fixa. No entanto, apesar do crescimento da modalidade, as empresas ainda relutam em utilizá-la por causa de suas amplas limitações para o crescimento do mercado.
Mais de R$ 100 milhões
No documento, constam informações sobre número de investidores, valor médio de captação por oferta, dentre outros. Os dados coletados indicam crescimento do mercado, em primeiro lugar no número de plataformas, que atingiu o total de 60 em 2022.
Já o volume captado chegou a mais de R$ 131 milhões, enquanto o valor médio de captação por oferta chegou a R$ 1.579.887,23 no mesmo ano. Ou seja, um valor pouco maior do que R$ 1,5 milhão captado por projeto.
E é justamente nesse ponto que as tokenizadoras criticam o crowdfunding e a sugestão de sua adesão ao modelo de tokens. Daniel Coquieri, CEO da tokenizadora Liqi, afirmou que os dados por si só já mostram que esse modelo é inadequado para o setor.
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“Em 2022, 60 plataformas captaram R$ 131 milhões via crowdfunding. Somente a Liqi captou mais de R$ 70 milhões em tokenizações nos últimos 12 meses. São produtos diferentes”, disse Coquieri.
Nesse sentido, Coquieri destaca que a tokenização traz uma proposta de revolução para vários setores, desde fundos até o mercado de capitais. Em contrapartida, o crowdfunding possui um espaço muito menor para crescer, o que pode até limitar a capacidade das tokenizadoras.
“Acho positivo que a CVM já queira colocar os tokens dentro de uma norma como o de crowdfunding, pois mostra que o regulador está disposto a ajudar o mercado. Mas isso não é o suficiente. É preciso ter um olhar mais amplo para a tokenização e como ela pode impactar vários mercados como um todo, não apenas a tokenização”, disse.
O CriptoFácil entrou em contato com a Coinext e o Mercado Bitcoin, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. O texto será atualizado caso as empresas retornem o contato.
Nova norma de crowdfunding
O ano de 2022 marcou a edição da nova regra para crowdfunding: a Resolução CVM 88. A norma entrou em vigor em 1 de julho daquele ano e estabeleceu o aumento no limite de captação para até R$ 15 milhões. Essa norma também ampliou para R$ 40 milhões o limite de receita bruta que define o conceito de sociedade empresária de pequeno porte.
“A Resolução CVM 88 trouxe a possibilidade de negociação subsequente, ampliação dos limites de captação dos empreendedores e limite de investimento pelos investidores. Todas essas mudanças tendem a fomentar e incrementar o mercado de crowdfunding, e esperamos que isso seja refletido no crescimento dos números a partir deste ano”, disse Marcelo Firmino, Chefe da Divisão de Supervisão de Securitização (DSEC) da Superintendência de Supervisão de Securitização da CVM.
Mas apesar dos aumentos, os limites do crowdfunding ainda estão muito abaixo da capacidade das tokenizadoras, como mostram os dados da Liqi.