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Conheça as empresas que investiram em criptomoedas no último ano

O ano de 2020 foi positivo para o Bitcoin (BTC). A criptomoeda teve uma alta de mais de 270% e, nesse mesmo tempo, ganhou investidores de peso como PayPal, Stone Ridge, MicroStrategy, Square e Skybridge.

Em 2021, a Marathon Patent Group se juntou ao grupo de investidores institucionais após aplicar US$ 150 milhões na criptomoeda. Em reais, o valor ultrapassa os R$ 750 milhões.

Uma das maiores empresas de mineração autônoma de Bitcoin na América do Norte anunciou nesta segunda-feira (25) a compra de 4.812,66 BTC.

Com seu valor de mercado em US$ 1,72 bilhão, a Marathon Patent Group afirmou que trabalhou com a New York Digital Investment Group (NYDIG) a fim de que a compra fosse realizada com eficácia.

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A intenção da empresa é oferecer investimentos para indivíduos e instituições que buscam exposição ao Bitcoin.

MicroStrategy iniciou 2021 investindo mais

Nesse mesmo período, a MicroStrategy decidiu aplicar mais US$ 10 milhões, adquirindo assim mais 314 Bitcoins. A empresa, no ano passado, já havia aplicado US$ 1 bilhão em criptomoedas entre os meses de agosto e dezembro.

O anúncio da compra mais recente de Bitcoins foi feito na última sexta-feira (22) por meio do Twitter pelo CEO da empresa, Michael Saylor. Em sua publicação, ele afirmou:

“A MicroStrategy comprou aproximadamente 314 bitcoins por US$ 10 milhões em dinheiro, de acordo com sua Política de Reserva do Tesouro, a um preço médio de aproximadamente US$ 31.808 por Bitcoin. Agora, temos aproximadamente 70.784 Bitcoins”.

A entrada dessas instituições pode atrair ainda mais investidores, proporcionando uma nova série de alta para 2021.

Pontos negativos

O lado ruim da entrada dessas grandes companhias multinacionais, porém, é o risco de existirem intermediários para as transações com Bitcoin, como o PayPal.

No último mês, a companhia de investimento em criptomoedas e fundo de hedge Pantera Capital fez uma série de publicações em seu perfil no Twitter.

Em meio às publicações, a Pantera Capital afirma que o PayPal teria comprado mais de 100% de novas ofertas de Bitcoins. Contudo, essa porcentagem tem um quê de exagero.

O fato é que a empresa de pagamentos, na realidade, está comprando todos os Bitcoins que estão sendo ainda minerados, por isso foi utilizado o termo “mais de 100% das novas ofertas de Bitcoins”.

O valor investido pelo PayPal não foi divulgado. Entretanto, a entrada da gigante de pagamentos no setor deve trazer mais de 300 milhões de novos usuários, os quais poderão comprar criptomoedas com apenas US$ 1.

A questão é que se as criptomoedas ficarem nas mãos dessa gigante ou de qualquer outra, a essência do Bitcoin mencionada no white paper de Satoshi Nakatomoto sobre um sistema descentralizado e sem intermediários poderá cair por terra.

PayPal: mais que uma baleia

A empresa de pagamentos, que hoje possui como valor de mercado US$ 295,27 bilhões (cerca de R$ 1,59 trilhão), entrou no mercado não apenas como investidor — mas como uma nova concorrente para as exchanges.

Isso porque o novo serviço da empresa de pagamentos permite aos seus clientes comprar, vender e manter criptomoedas por meio de suas contas do PayPal.

Dan Schulman, CEO do PayPal, disse em entrevista cedida à CNBC que havia conversado com reguladores e bancos centrais pelo mundo. A partir daí, ficou claro que o uso de criptomoedas seria uma realidade, e a questão era apenas saber como e quando isso iria ocorrer.

Schulman explicou que o uso do Bitcoin pelo PayPal não significa que a pessoa irá pagar por algo diretamente com a criptomoeda. A empresa de pagamentos irá intermediar a transação, transformando Bitcoin em moeda fiduciária.

“Vamos tornar mais fácil comprar, vender e guardar criptomoedas. Vamos permitir que as criptomoedas sejam uma fonte de financiamento para qualquer transação que aconteça em todos os 28 milhões de nossos comerciantes e isso aumentará significativamente a utilidade das criptomoedas”, afirmou.

Um negócio arriscado

Essa facilidade, contudo, pode representar um retrocesso. O PayPal irá adquirir a criptomoeda de seus clientes em troca de crédito junto à empresa de pagamento.

A compra de bens e serviços será paga pelo PayPal em moedas fiduciárias, como real e dólar. As criptomoedas, por outro lado, ficarão nas mãos da empresa de pagamentos.

Quanto mais Bitcoins o PayPal tiver, maior será o controle da empresa sobre o mercado de criptomoedas. O sentido libertário do Bitcoin não terá caído por conta de um controle estatal, como muitos temem, mas por controle de grandes corporações.

Square de olho no Bitcoin

A corrida ao ouro digital vai além do PayPal. A ideia de entrar no mercado de criptomoedas não foi só dessa gigante.

A Square Inc. supostamente comprou desde o início do ano passado 40% dos Bitcoins que foram emitidos. A empresa, entre os meses de setembro e outubro de 2020, investiu US$ 50 milhões (em torno de R$ 269,5 milhões) na compra de mais de 4.700 BTC.

Mas, antes disso, ainda no primeiro trimestre do mesmo ano, a Square já havia aplicado US$ 306 milhões (R$ 1,64 bilhão) em Bitcoin. A empresa, cujo CEO é Jack Dorsey (mesmo CEO do Twitter), tem como valor de mercado US$ 100,50 bilhões (valor em torno de R$ 541,69 bilhões).

Das cinco companhias mencionadas nesta matéria que aplicaram em Bitcoin, essa é a segunda melhor posicionada em avaliação de mercado, perdendo apenas para a gigante PayPal.

No site da empresa, o CFO da Square, Amrita Ahuja, explicou que a razão para investir em Bitcoin é seu “potencial de ser uma moeda onipresente no futuro”.

Desta forma, a Square tem grande interesse em participar desse mercado, que tem crescido a cada ano.

MicroStrategy e o ouro digital

Esse foi o mesmo sentimento que fez com que a MicroStrategy aplicasse US$ 1 bilhão na principal criptomoeda do mercado. Em reais, o montante ultrapassa R$ 5 bilhões.

A empresa, cujo valor total de mercado é de US$ 5,35 bilhões (superior a R$ 28 bilhões), detém atualmente mais de 70 mil BTC.

A primeira investida em 2020 ocorreu entre os meses de agosto e setembro. Nesse período, a empresa de tecnologia aplicou US$ 425 milhões (R$ 2,2 bilhões) em BTC. O investimento feito deu bons frutos: o Bitcoin dobrou de preço nos meses após a compra.

A MicroStrategy, então, resolveu que era hora de aplicar mais. A empresa, após vender alguns títulos e levantar US$ 650 milhões (R$ 3,5 bilhões), decidiu investir mais na criptomoeda.

Michael Saylor, CEO da MicroStrategy, explicou ao canal What Bitcoin Did, que haviam dois motivos para investirem na criptomoeda.

Primeiro, por se tratar de uma boa reserva de valor com alto grau de segurança. Ele chegou a comparar o Bitcoin ao ouro, afirmando que a moeda digital é melhor do que minerar de ouro. Todavia, talvez as pessoas não tenham conhecimento disso.

Já o segundo motivo se dá pelo fato de existirem 932 milhões de pessoas vivendo em 20 países, nos quais suas moedas fiduciárias estão entrando em colapso. A resposta para isso seria o Bitcoin.

“Elas não têm chance para uma vida decente. Esse (Bitcoin) é o salva vidas para elas”.

Bitcoin versus ouro

Apesar da conversa de que o Bitcoin tem seu lado humanitário, a visão do CEO da MicroStrategy está mais focada no quanto esse ativo criptografado pode valorizar.

Numa publicação feita em dezembro de 2020 no seu Twitter, Saylor afirmou que “amigos não te deixam comprar ouro”. Nela, ele deixou claro que, apesar da alta volatilidade do Bitcoin, esse criptoativo apresentou uma rentabilidade em um só ano de 217,1%.

Enquanto isso, o ouro valorizou apenas 26,8%. Em outra publicação mais recente na rede social, ele demonstrou que o Bitcoin teve uma valorização de 374%, enquanto que o ouro ficou mais uma vez para trás com uma rentabilidade de 22,4% em 12 meses.

Sob essa mesma perspectiva, Saylor afirmou numa entrevista cedida à CNBC, que Tesla e Apple possuem um problema em comum:

“Eles estão gastando enormes pilhas de dinheiro e estão dissipando a riqueza dos acionistas a uma taxa de 15% a 20%  ao ano. Eles precisam se transformar de um passivo em um ativo, e a melhor maneira de fazer isso é convertê-lo em Bitcoin, porque o Bitcoin está subindo mais de 100% ao ano. O dinheiro está se degradando em 15% ao ano.”

Stone Ridge

A Stone Ridge (SRI, listada na Bolsa de Valores de Nova Iorque) é uma empresa que gerencia fundos de investimentos. Até o fim do ano passado, ela investiu US$ 330 milhões (R$ 1,77 bilhão) em fundos de criptomoedas.

Por meio de sua subsidiária, chamada de New York Digital Investment Group (NYDIG), a empresa opera um fundo de criptomoedas intitulado “Institutional Bitcoin Fund LP”. O fundo foi cotado em US$ 190 milhões (R$ 1,02 bilhão).

A relação desta companhia com Bitcoin não para por aí. O mesmo grupo subsidiado pela Stone Ridge gerencia o fundo “Bitcoin Yield Enhancement Fund LP”. Este está avaliado em torno de US$ 140 milhões (R$ 754,6 milhões).

Essa empresa não possui a mesma grandeza que o Paypal e a MicroStrategy. Seu valor de mercado não chega a casa dos bilhões. Ela está avaliada em US$ 808,81 milhões (algo em R$ 4,35 bilhões).

Esse cenário, porém, pode mudar com os investimentos em criptomoedas. Não é só o Bitcoin que tem chamado a atenção da Stone Ridge.

O NYDIG possui investimentos menores em Ethereum (ETH), Ripple (XRP), Litecoin (LTC) e Bitcoin Cash (BCH). Somados, esses fundos representam um montante de US$ 2,4 milhões (em torno de R$ 12,93 milhões).

SkyBridge

A empresa Skybridge Capital apostou US$ 25,3 milhões (R$ 136,36 milhões) no lançamento do SkyBridge Bitcoin Fund LP.

A estratégia é parecida com aquelas apresentadas por PayPal e da Square: fornecer aos seus clientes serviços para que eles possam comprar e vender Bitcoin.

Do mesmo modo que Saylor falou sobre o Bitcoin ser mais rentável que o ouro, o CEO da SkyBridge, Anthony Scaramucci, disse em entrevista à Bloomberg no dia 12 de janeiro de 2021 que a superioridade da criptomoeda sobre o ouro vai além da rentabilidade.

“É mais fácil de armazenar, é mais difícil de roubar, é mais portátil e, portanto, se tornou o livro-razão ou o armazenamento do futuro em termos de armazenamento de valor”, disse.

Com a custódia da Fidelity e auditoria da Ernst&Young, o fundo em Bitcoin da SkyBridge permitirá que investidores credenciados possam subscrever diretamente com um investimento mínimo de US$ 50 mil. Em reais, o valor beira os R$ 270 mil.

Fundada em 2005 por Scaramucci, a companhia adquiriu em 2010 o grupo de soluções de fundos de hedge do Citigroup Alternative Investments (CAI).

Por fim, de acordo com o Yahoo Finance, a SkyBridge está avaliada em US$ 9,2 bilhões — chegando a R$ 50 bilhões.

Ventos de mudança

A entrada das empresas de pagamento PayPal e Square nesse setor deverá trazer mudanças na forma com a qual as pessoas se comportam no mercado de crédito pelo mundo.

O que essas empresas estão fazendo é conceder a função de moeda eletrônica para uma criptomoeda. Empresas de cartão de crédito, como Visa e Mastercard, talvez tenham de rever seus modelos de negócio.

Outra mudança poderá ocorrer no volume de Bitcoins a serem transacionados. Com a possível entrada de mais 300 milhões de clientes do PayPal no ramo, há também a possibilidade deelevação no preço do Bitcoin.

O problema, porém, é que o preço pode ser elevado demais e colocar o controle do mercado de criptomoedas nas mãos de grandes corporações.

Com grande parte das criptomoedas sob seu poder, elas serão as intermediárias das operações com o Bitcoin e outras criptomoedas.

O que fora criado em 2008 para fugir do controle dos bancos, ironicamente, pode estar a poucos passos de cair nas mãos de gigantes da indústria de pagamentos.

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Alexandre Antunes

Jornalista, mestrando em Direito Constitucional pela UFF e pesquisador sobre criptomoedas e regulação desde 2016.

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