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Como o bitcoin resolveu um dos maiores problemas da computação descentralizada

Ao dizer que o bitcoin é uma invenção revolucionária, geralmente ouvimos falar de dois dos principais problemas que ele resolveu: o problema do gasto-duplo (o risco de gastar duas vezes o mesmo dinheiro) e o problema da escassez no mundo digital.

Porém, há um outro problema da computação que existia, o qual foi resolvido pela rede como um todo: a confiabilidade de uma rede descentralizada passar a informação correta e se proteger de potenciais sabotadores. O conhecido Problema dos Generais Bizantinos.

Problema insolúvel…

O problema dos generais bizantinos trata sobre as armadilhas e desafios que existem ao tentar coordenar ações de comunicação dentro de uma rede cujos pares não são totalmente confiáveis. Foi proposto em 1982 por Marshall Pease, Robert Shostak e Leslie Lamport, e desde então virou um problema bastante visto em aulas de computação, e tido por muitos como algo sem solução.

Um breve resumo: o problema mostra uma situação hipotética de batalha, onde dois generais planejam atacar uma cidade. Cada um deles tem um exército acampado em uma montanha, tendo um vale separando os dois. Eles precisam trocar mensagens, mas a única forma de fazê-lo é através do vale – o qual está cercado de forças inimigas, sendo pouco provável que um mensageiro não seja capturado lá.

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O problema em questão está em conseguir achar uma maneira de chegar a um consenso para resolver o problema. Uma das soluções propostas é a de nomear um dos generais como líder, cabendo a este a responsabilidade de avisar o segundo general sobre a hora do ataque. O problema é conseguir chegar a um algoritmo que permita a ambos concluir, de forma correta e inequívoca, “vamos atacar na hora marcada!

Um exemplo da falta de solução do problema é: o primeiro general pode começar enviando uma mensagem “Ataque às 09:00 em 4 de agosto.” No entanto, uma vez enviada, o primeiro general não tem ideia se o mensageiro entregou ou não. Essa incerteza pode levar o primeiro general a hesitar a atacar, devido ao risco de ser o único atacante. Isso gera um problema que mesmo um número infinito de confirmações não conseguiria eliminar. Esse sempre foi o calcanhar de Aquiles das redes descentralizadas.

Até que, em 2008, surgiu uma certa tecnologia…

… só que não! Surge o Bitcoin

Mesmo com a criação de tenologias descentralizadas já terem surgido antes de 2008 (como o caso do BitTorrent), foi naquele ano em que surgiu a maior inovação na área, algo que trouxe uma solução verdadeira para o problema dos generais: o Blockchain.

E como ele resolveu isso? Através do principal processo de validação de transações da rede Bitcoin: a mineração.

Toda transação na rede sofre com o problema dos generais: o que fazer se o cliente Bitcoin tentar realizar um gasto duplo, gastando a mesma moeda em mais de um bloco? Qual das duas deve ser aceita?

O sistema de mineração resolve isso através da criação de uma sólida rede de confiança através da vinculação do bloco minerado a todos os demais blocos da rede do Blockchain. Isso é feito através da criação de um número de hash específico para cada transação e bloco.

Caso haja uma tentativa de realizar um gasto duplo em algum bloco, tudo o que o sistema vai fazer é verificar o código daquele bloco e dos blocos anteriores, e verificar de qual corrente ele foi originado. O bloco que será validado e reconhecido pela rede será aquele que veio da cadeia mais longa. Isso, em termos de Bitcoin, significa que o bloco só será reconhecido caso tenha se originado da rede que tenha o maior poder computacional (ou hashpower).

Isso significa que se um minerador tentar minerar o mesmo bloco duas vezes, ele vai precisar de duas coisas:

  1. modificar todos os blocos anteriores ao que ele está tentando enviar o gasto duplo;
  2. fazer isso de forma mais rápida e com mais poder computacional do que toda a rede que segue minerando a cadeia de blocos originais. Ou seja, o fraudador precisará ter mais poder computacional do que todo o resto da rede do Blockchain (que já é uma das redes com maior poder computacional do mundo).

Logo, ele simplesmente não irá conseguir fazê-lo. Ao tentar, um dos blocos será minerado junto com a corrente original. Já o segundo será encarado como gasto duplo e será automaticamente descartado pela rede, virando um “bloco-órfão“.

Conclusão

O processo de mineração, através da reunião da força computacional da rede do bitcoin, permitiu a resolução de um dos principais problemas do mundo da computação.

Isso, aliado aos avanços da moeda na compreensão sobre o dinheiro, representa um verdadeiro marco na história da criptografia e da segurança de sistemas descentralizados.

Mesmo que o bitcoin venha a “morrer” em um determinado momento, o seu legado já não pode mais ser apagado. Nenhum general bizantino pode extraviar as lições que essa tecnologia trouxe.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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