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Colapso da FTX é pior que o da Mt.Gox? Analista responde

Quando a exchange de criptomoedas FTX entrou com pedido de recuperação judicial em 11 de novembro, muitos membros da comunidade cripto compraram o colapso da exchange de Sam Bankman-Fried com o da Mt. Gox, em 2014. Naquele ano, a plataforma suspendeu as negociações, fechou seu site e entrou com pedido de proteção contra falência. A exchange, que chegou a lidar com mais de 70% de todas as transações de Bitcoin (BTC) no mundo, perdeu cerca de 750 mil BTC, ou 6% de todo o suprimento na época.

Embora haja similaridades entre os dois casos, a Chainalysis, empresa de análise de dados de blockchain, afirmou que o caso da FTX é “menos pior” do que o da Mt.Gox. Portanto, da mesma forma que o mercado sobreviveu ao colapso da Mt.Gox há cerca de oito anos, sobreviverá ao caso mais recente.

FTX x Mt.Gox

De acordo com o líder de pesquisa da Chainalysis, Eric Jardine, o primeiro diferencial entre os casos é a participação de mercado das duas empresas:

“O colapso da Mt. Gox em fevereiro de 2014 fez o mesmo [que a FTX]. E, desde então, as criptomoedas prosperam”, tuitou. “A primeira coisa que precisamos perguntar: quão proeminentes foram a Mt. Gox e a FTX dentro do ecossistema geral de exchanges de criptomoedas. No ano anterior ao seu fechamento, a Mt. Gox teve uma participação média de 46% de todas as entradas em exchanges, enquanto a FTX teve uma média de cerca de 13%.”

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Conforme mostram os números, a Mt. Gox era uma participante da indústria maior do que a FTX na época de seu colapso. Isso, segundo Jardine, é uma boa notícia, já que o colapso da Mt. Gox não destruiu as criptomoedas.

Impacto psicológico

No entanto, ele ponderou que as trajetórias dos negócios também são importantes, especialmente quando se considera o impacto psicológico de um colapso.

“A Mt. Gox estava diminuindo constantemente em sua participação na atividade geral antes de seu colapso, enquanto a FTX estava lentamente ganhando participação até novembro de 2022”, tuitou ele compartilhando o gráfico abaixo.

De acordo com Jardine, este fato sugere que o colapso da FTX pode ser “um golpe maior para a confiança da indústria”. Afinal, foi a derrocada de grande negócio que estava ganhando participação de mercado. Contudo, ele observou que a história muda ao analisar as entradas brutas de capital ao longo do tempo.

“Nesta medida, os volumes da Mt. Gox estavam aumentando, enquanto os da FTX estavam diminuindo”, ponderou.

Jardine pontuou, então, que a Mt. Gox estava se tornando uma exchange entre muitas durante um período de crescimento para a categoria. A FTX, por outro lado, estava assumindo uma fatia maior de um bolo cada vez menor, superando outras exchanges, mesmo com a queda do volume bruto de transações.

Mt.Gox maior que FTX?

Outro aspecto relevante, apontado por Jardine, tem a ver com a presença de plataformas descentralizadas. Isso porque, em 2014, as exchanges centralizadas (CEXs) dominavam o mercado, diferentemente de agora em que as exchanges descentralizadas (DEXs) capturam quase 50% dos fluxos das exchanges.

Com base nisso, o analista concluiu que a Mt. Gox era, em última análise, uma parte maior do ecossistema cripto em geral quando entrou em colapso do que a FTX.

“A Mt. Gox foi responsável por 10,9% das entradas totais de serviços nos 12 meses antes de seu colapso, contra 4,7% para FTX”, informou.

Por fim, Jardine destacou que após o colapso da Mt.Gox, o volume de transações on-chain estagnou por cerca de um ano. Mas depois disso, se recuperou e o volume mais que dobrou em relação ao período Pré-Mt.Gox.

“Essa comparação deve dar otimismo ao setor. Mt.Gox era uma parte maior do ecossistema cripto quando entrou em colapso em 2014 em comparação com a FTX agora. E, embora o impacto no mercado tenha sido ruim, ele se recuperou com relativa rapidez”, disse. “Podemos ver que as criptomoedas sobreviveram a algo pior do que a queda da FTX. Não há razão para pensar que a indústria não pode se recuperar disso, mais forte do que nunca.”

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Lorena Amaro

Lorena é jornalista e escreve sobre Bitcoin, criptomoedas, blockchain e Web3 há mais de quatro anos, atualmente atuando como editora-chefe do CriptoFácil. É formada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduanda em Produção em Jornalismo Digital na PUC-Minas. Lorena é apaixonada por tecnologia, inovação e pela liberdade financeira que as criptomoedas promovem.

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