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Candidato a Deputado Federal do Partido Novo apoia a tecnologia blockchain

A campanha eleitoral de 2018 tem como grande expectativa a possível renovação do congresso nacional, tanto em termos de entrada de novos parlamentares quanto das novas ideias que poderão ser apresentadas.

Dentre as milhares de campanhas ao redor do Brasil, de deputados estaduais a senadores, podemos encontrar propostas variadas de modernização de processos e de gestão do estado brasileiro. E entre tais propostas, a tecnologia blockchain sem dúvida possui o seu espaço como catalisadora dessas mudanças.

No entanto, poucos candidatos – especialmente entre os presenciáveis – têm debatido o seu uso para otimizar e melhorar a confiança de serviços públicos. Os candidatos Marina Silva (Rede) e João Amoêdo (Novo) são as exceções até o momento: a primeira utilizou a tecnologia para registrar e dar transparência às doações recebidas pela sua campanha; o segundo, já mostrou-se favorável ao uso da tecnologia como uma alternativa ao sistema de cartórios e propôs, recentemente, a criação de um “governo digital“.

Nos demais cargos (deputados federais e estaduais, governadores e senadores), os candidatos que manifestaram interesse pelo uso da blockchain também são escassos. Um deles é o candidato Aurélio Barreto (Novo). Candidato pelo estado de Sergipe, o interesse de Barreto pela tecnologia e também pelo Bitcoin condiz com a sua formação como cientista da computação e analista de sistemas.

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Em sua declaração de bens fornecida ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o candidato declarou possuir criptomoedas em seu portfólio. Além disso, uma de suas pautas de campanha é muito similar à de João Amoêdo (ambos são do mesmo partido, por sinal): utilizar a blockchain para a criação de cartórios digitais.

O Criptomoedas Fácil entrou em contato com o candidato, que gentilmente concedeu uma entrevista exclusiva na qual fala mais sobre sua visão a respeito das criptomoedas e da blockchain e, principalmente, sobre a sua proposta de campanha.

Criptomoedas Fácil: Olá, Barreto. Conte aos nossos leitores um breve resumo sobre você e a sua trajetória pessoal e profissional.

Aurélio Barreto: Tenho 46 anos, sou filho de um taxista e de uma dona de pensionato. Somente aos 13 anos soube o que era morar um ambiente com privacidade, quando me mudei para um apartamento convencional. Através do esforço de minha família em me dar uma boa educação, venci através dela. Em 1991, entrei na primeira turma de Ciência da Computação da Universidade Federal de Sergipe. Entre programador e analista de sistemas, já são 25 anos de profissão, sendo cinco deles como consultor da ONU em tecnologia.

Além da TI, sou apaixonado pela política, ciência. Ao encabeçar os movimentos anticorrupção em 2015 e 2016, minha consciência despertou para a necessidade de ser parte ativa também nessa área. Em 2017, filiei-me ao Partido NOVO, um projeto político disruptivo, feito por pessoas comuns, único, que não usa recursos públicos e escolhe os candidatos através de um rigoroso processo seletivo.  Após 6 meses de provas, bancas e treinamentos, fui aprovado com nota máxima e hoje sou candidato a Deputado Federal por Sergipe.

CF: Como você conheceu o Bitcoin?

AB: Foco minha profissão em tecnologias inovadoras, atualmente Internet das Coisas (IoT). Conheço a moeda desde os seus primeiros passos, mas confesso que não acreditei no seu futuro. Aracaju, minha cidade, curiosamente tem um bom número de investidores, destacando-se nacionalmente.

Vendo colegas de profissão investindo fortemente, fui convencido em 2017 a incluir a criptomoeda no meu portfolio de investimentos. Ganhei, perdi e, no momento, estou em posição de “hold”, com a maior parte dos meus investimentos em cold storage (N do R: armazenamento em carteira offline).

CF: Quando você fez a sua primeira compra de Bitcoin? E qual ferramenta você utilizou (exchanges, P2P, outras)?

AB: Minha primeira compra foi em novembro de 2017, no boom da moeda no Brasil. Comprei em exchanges nacionais, mas fiz trades entre moedas em sites internacionais. Minha carteira de cold storage foi adquirida com Bitcoin, inclusive foi uma pechincha (risos).

CF: Quais foram os aspectos que mais lhe atraíram na tecnologia do Bitcoin?

AB: A maior vantagem do Bitcoin é sua independência. Num país instável como o nosso, seria uma forma de proteção a nossos investimentos. Os venezuelanos sabem muito bem como está sendo importante para quem investiu nela. A blockchain, a plataforma que a sustenta, talvez seja o que temos de mais importante no conceito. Além da sua confiabilidade e segurança, ele traz uma série de oportunidades e soluções para necessidades do mundo real, como serviços cartoriais de baixo custo, chegando até mesmo a eleições 100% digitais e mais confiáveis.

CF: Atualmente, qual a porcentagem do seu patrimônio que está alocada em investimentos em criptomoedas?

AB: Atualmente, em torno de 5% de meu patrimônio está em criptomoedas. Pretendo chegar a 20%.

CF: Você investe ou já estudou sobre outras criptomoedas? Quais?

AB: Atualmente, para simplificar o processo, estou apenas com Bitcoin. Mas investi em Litecoin, Ripple e umas aventuras com EchoLink, Quazar e LIFE.

CF: Qual o seu principal objetivo com seus investimentos em criptomoedas (especulação, longo prazo, aprendizado, etc)?

AB: Foi uma mistura de curiosidade e interesse em ganhos monetários. Sei que, a longo prazo, a chance de ganhos reais é muito grande. Quero desde já estar conhecendo bem o modo de operação para ter agilidade no momento adequado.

CF: Na sua opinião, de quais formas o Bitcoin e a tecnologia blockchain podem causar impactos na nossa sociedade?

AB: Primeiro, dar uma certa proteção ao patrimônio em períodos de turbulências. Após o Plano Real, pensei que não mais passaríamos por isso, pois vivi em época de hiperinflação, planos fracassados e trocas de moedas fiduciárias. Mas estava enganado. Por mais bem construído um plano econômico seja, políticas populistas e irresponsáveis são capazes de destruí-lo. Mas o maior de todos os benefícios, acredito que seja o Blockchain. Diversas demandas da sociedade podem se beneficiar dele, com mais comodidade, agilidade e custos infinitamente menores.

CF: Uma das suas propostas de campanha, de acordo com seu site, é utilizar a tecnologia blockchain para criar “cartórios digitais”. Pode nos explicar como funcionaria esse serviço na prática?

AB: Um governo se quiser ser, de fato, eficiente, tem que ser digital e tem que aderir ao blockchain. Em nível municipal, ele poderia ser usado em bilhetagem de transporte público, por exemplo.  Além de aderir às propostas do NOVO, como redução do Estado como forma de maior eficiência, trouxe para minhas pautas alguns temas de tecnologia para discussão no Congresso Nacional. Sou de uma profissão incomum na política, quiçá inédita. Pretendo levar meus conhecimentos práticos e raciocínio analítico e lógico, típico de nossa área, para aquela Casa.

A ideia seria a migração paulatina do nosso modelo arcaico, onde muitos registros ainda são armazenados em meios físicos. O alcance e a forma precisaria ser debatido publicamente. Quem precisa de um “inteiro teor” de seu imóvel, que é apenas o histórico da sua movimentação entre proprietários, sabe do que estou falando. Além de levar dias, é caro. Um processo que poderia custar centavos e ser imediato pelo seu celular.

O registro de um novo imóvel é outro momento de “dor”. Tudo isso, porque o Estado delega ao tabelião, o monopólio de garantir a veracidade de uma informação, a fé pública. Isso tem um preço. E alto.

CF: Você acredita que a população brasileira está pronta para utilizar um serviço digital em substituição aos atuais cartórios?

AB: É uma ruptura cultural. Somos uma sociedade cartorial, daquela que gosta do papel, do preto no branco. Mas é uma realidade que não devemos fugir. Pelo contrário. E quando as pessoas perceberem a diferença na resposta e principalmente nos custos, naturalmente, as barreiras cairão.

CF: Como você pretende enfrentar um possível lobby dos cartórios resistentes a essas mudanças, uma vez que trata-se de uma indústria que fatura bilhões de reais? (R$ 14 bilhões apenas em 2017)

AB: Quem tem medo de lobby é quem tem “rabo preso” (sic). Quando se enfrenta grupos poderosos, é natural a reação. Por isso, a importância de se ter esse tema escrito na sua proposta de trabalho. Sendo eleito, aquele pleito fora ratificado pela sociedade e é a ela que devemos prestar contas.

CF: O candidato à presidência da República pelo seu partido, João Amoêdo, já se mostrou favorável ao uso da tecnologia blockchain para substituir os cartórios, proposta similar à sua. Ele também mostrou simpatia pelo Bitcoin e, mais recentemente, defendeu a criação de um “governo digital”. Vocês chegaram a discutir juntos sobre esses temas?

AB: Sim, Amoêdo é muito inteligente e conectado, bem diferente do nosso modelo de políticos. Você pode debater com ele qualquer assunto sobre qualquer coisa que ele vai ter opinião formada. Conversei com ele sobre o tema, achando que seria novidade, e me surpreendi com a profundidade do seu conhecimento. Óbvio que não tem o conhecimento técnico detalhado, mas sabe como e onde aplicar a tecnologia. Coincidência ou não, três dias depois de nossa conversa, saiu matéria em vários jornais sobre o tema. Fiquei muito lisonjeado.

CF: Você acredita que o Bitcoin, como moeda, tem potencial para um dia se tornar a moeda corrente de algum país, ou até mesmo mundial?

AB: Essa é uma resposta de 2 milhões de dólares (risos). Muito difícil prever. Existem muitos interesses políticos e governamentais por trás, muito além de simples lobbies. Mundial, acho improvável. No entanto, em algum país pequeno, com cultura inovadora, é possível.

CF: Qual a sua visão sobre o atual sistema financeiro? Qual o espaço que você vê o Bitcoin ocupar na atual conjuntura econômica?

AB: O nosso sistema financeiro é muito concentrado e fechado. Defendemos abrir mais esse mercado, pois somente a concorrência trás inovação. Torço para que enxerguem como uma nova oportunidade de negócio e ajam também como exchanges das moedas digitais. Mas já movimento nesse sentido. O Santander, por exemplo, já usa a plataforma do Ripple para algumas transações.

CF: Obrigado pela atenção e disponibilidade, Barreto. O espaço está aberto para você deixar seus comentários.

AB: Eu agradeço a oportunidade de expor minhas ideias e aproveito para sugerir que cobrem de seus candidatos, principalmente de âmbito federal, o posicionamento sobre as moedas digitais e suas tecnologias. Precisamos de políticos qualificados nos representando.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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