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Candidata à deputada federal diz que a blockchain é uma revolução social

Dando continuidade às entrevistas com candidatos às eleições de 2018 que investem ou endossam as criptomoedas e a tecnologia blockchain em suas propostas de campanha, a entrevistada de hoje é a advogada Monica Rosenberg, candidata a deputada federal pelo partido Novo. Além de advogada, Rosenberg é criadora do Instituto Não Aceito Corrupção, organização sem fins lucrativos que busca controlar e prevenir a corrupção através de ferramentas como eventos, projetos e publicações.

Para ela, a blockchain é uma das principais aliadas no combate à essa prática, posto que uma de suas propostas de campanha é utilizar a tecnologia para coibir casos de corrupção. Em uma entrevista exclusiva, Rosenberg conta detalhes de seu envolvimento com blockchain e sua visão a respeito de seu uso.

Criptomoedas Fácil: Olá, Mônica. Conte aos nossos leitores um breve resumo sobre você e a sua trajetória pessoal e profissional.

Monica Rosenberg: Sou advogada, formada na USP em 1990. Fiz mestrado em Administração de Marketing na França, onde morei por 10 anos e tive dois filhos. Voltamos ao Brasil em 2017; descobri que meu marido tinha um tumor no cérebro, e escolhemos fazer o tratamento no Brasil. Em 2015, inconformada com os níveis de corrupção no Brasil, deixei meu escritório para montar o Instituto Não Aceito Corrupção, uma ONG que buscava combater corrupção com inteligência. O passo seguinte foi entrar na politica, para aumentar o impacto desse combate contra a corrupção. E isso só foi possível por eu ter encontrado o NOVO, cujos valores são alinhados com os meus princípios de ética e transparência. Em 2018, ao ser aprovada no processo seletivo do Partido NOVO para deputada federal, deixei minha posição no Instituto para dedicar-me à campanha. Fui selecionada para integrar o RenovaBR, um projeto de aceleração de novas lideranças políticas, e pela RAPS, a Rede de Ação Politica pela Sustentabilidade.

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CF: Como você tomou conhecimento da tecnologia blockchain? Quais aspectos mais lhe chamaram a atenção?

MR: Meu primeiro contato com Blockchain foi em um evento do BRI (Blockchain Research Institute do Brasil), ouvindo uma palestra do Don Tapscott. Fiquei imediatamente fascinada pela possibilidades daquela tecnologia, pela absoluta transparência e total segurança. Lembro-me que, ao ser questionado sobre a efetiva inviolabilidade dos dados registrados no Blockchain, Tapscott respondeu: “recuperar os dados consolidados no Blockchain seria como pegar um nuggets de frango e transformá-lo de volta em um galináceo”. Passei a estudar o assunto e investigar as inciativas já existentes. E sigo aprendendo.

CF: Você é uma das fundadoras do Instituto Não Aceito Corrupção. Pode nos falar como funciona o trabalho do instituto?

MR: O Instituto é uma associação apartidária, cujo objetivo é reunir inteligências para reverter a cultura de corrupção do nosso país. Foi fundado por pessoas de formações diferentes, para ter visões complementares e rigor científico. Fui diretora executiva do Instituto por quase 3 anos, e fizemos um trabalho importante de pesquisa, educação e mobilização, que incluiu a Semana de Combate à Corrupção, duas edições da Corrida Não Aceito Corrupção, vários projetos de educação, e o livro 48 Visões sobre a Corrupção, maior obra já publicada no Brasil sobre o tema, cujo prefácio foi escrito pelo Juiz Sergio Moro. A ONG depende exclusivamente de doações e de parcerias.

CF: Na sua opinião, quais são os principais impactos negativos que a corrupção causa na vida dos brasileiros?

MR: A corrupção mata, reduz empregos, tira saúde, educação e segurança. Ela impede o desenvolvimento econômico e social. E o que é pior, ela piora a desigualdade, pois rouba oportunidades de quem mais precisa. É uma forma sorrateira de empobrecer toda a população.

CF: Uma das suas propostas da sua campanha é a utilização da blockchain para controle e segurança. Como você pretende executar essa proposta, caso seja eleita?

MR: A tecnologia Blockchain tem dois elementos fundamentalmente necessários para reduzir a corrupção: transparência e segurança. Nesse sentido, tenho algumas ideias que vão desde o uso de Blockchain nas eleições e nas contas eleitorais, que as emendas parlamentares sejam todas no BKCH, que empréstimos com recursos públicos tipo BNDES sejam em Blockchain, e outras propostas menos ligadas aos gastos públicos, mas que também terão impacto na melhoria da qualidade de vida das pessoas.

CF: Você também defende o ensino de políticas anticorrupção nas escolas. Quais políticas que estão no seu radar fariam parte dessa grade de ensino?

MR: Na verdade o que devemos fazer é incluir essas politicas de forma pulverizada, inseridas nos conteúdos de todas as matérias da grade de ensino, desde a matemática e o português até história, e geografia. Pois devemos reverter a cultura de corrupção que hoje está banalizada em nossa sociedade.

CF: Na sua opinião, de que maneira a blockchain pode causar impactos positivos no combate à corrupção?

MR: A transparência e os smart contracts são inimigos naturais da corrupção, pois eles dificultam o desvio de dinheiro (em alguns casos impedem totalmente) e permitem a identificação de eventuais condutas suspeitas. Vai reduzir drasticamente as oportunidades de corrupção, e também diminuir a impunidade, que é outro grande aliado da corrupção.

CF: O Brasil é conhecido como um país cartorial, que ainda possui uma grande dependência dos “carimbos”. Quais as vantagens que você enxerga na tecnologia que podem ser utilizadas para modernizar esse sistema e dar mais segurança jurídica e menos margem a desvios de conduta?

MR: O fato de ter uma tecnologia que garanta autenticidade e transparência vai permitir a desburocratização, que é uma medida importantíssima na redução da corrupção. Os entraves da burocracia e de uma sociedade cartorial criam oportunidades de corrupção, com o pagamento de propinas para acelerar processos. O Blockchain vai permitir a modernização dos cartórios atuais, que poderão ganhar em eficiência e lucratividade, transformando-se em verdadeiros poupa-tempos de proximidade, prestando serviços efetivos à população.

CF: O candidato a presidente pelo seu partido, João Amoedo, já se manifestou favorável ao uso da tecnologia blockchain, chegando a citar que implementaria um “governo digital” caso seja eleito. O quanto você partilha dessa visão de digitalização dos serviços e documentos fornecidos pelo Estado?

MR: Compartilho integralmente da proposta de GovTech do João Amoedo. Considero que a implementação de um governo digital é questão de tempo, pois com isso teremos ganhos de eficiência na gestão dos recursos públicos, e melhoria da qualidade dos serviços prestados. E não me refiro somente a políticas de inclusão digital, mas sim de um reforma profunda onde a tecnologia será integrada de forma invisível a todas as etapas da relação Estado-Cidadão, para simplificar, agilizar e desmascarar processos.

CF: Obrigado pela atenção e disponibilidade. O espaço está aberto para você deixar seus comentários.

MR: Novamente agradeço pela sua disponibilidade e me coloco à disposição para quaisquer dúvidas. Quero trazer uma frase da Ingrid Barth, do Women in Blockchain, que considero perfeita para o momento atual: “O Blockchain não é uma revolução digital; é uma revolução social”. Vai mudar profundamente a forma como nos relacionamos com os nossos governantes, com nossos pares, e até com nossas coisas. A política não pode ficar alheia a essa revolução.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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