Blockchain vai revolucionar o mundo, entrevista com Greg Medcraft da OCDE no G20

 

O Criptomoedas Fácil, com apoio da corretora de criptomoedas Braziliex, esteve presente nas reuniões do G20, que ocorreram nos dias 19 e 20 de março, na Argentina. A OCDE, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, foi um dos principais órgãos internacionais a debater, juntamente com os ministros, o tema criptomoedas. Greg Medcraft, responsável pela diretoria financeira da instituição, concedeu uma entrevista exclusiva ao Criptomoedas Fácil, na qual falou sobre as propostas da instituição, Lighting Network e outros assuntos. Confira:

Criptomoedas Fácil: O tópico principal desta entrevista são as criptomoedas. A OCDE tem uma proposta sobre a regulamentação do mercado cripto?

Medcraft: O que precisamos claramente é uma discussão internacional sobre as criptomoedas em si, ou “tokens”, e quais as suas funções. Eu penso que temos cinco problemas. O primeiro é sua definição, se é ou não dinheiro, ticket, passe, enfim, o primeiro problema é sobre a perspectiva, o medo e a incerteza sobre o que é a criptomoeda e para seus investidores isso é um problema no momento, penso que isso tem que ser clarificado. Segundo, existe claramente um problema “global”, precisamos de coordenação global e francamente outro problema que temos é que não existe uma estabilidade financeira no momento como foi discutido, porém, existem três outras importantes questões, como a lavagem de dinheiro, que é um problema e precisa ser discutido com uma coordenação. O terceiro é a proteção do consumidor, claramente existem problemas com a proteção do consumidor, quem garante a “veracidade” de um projeto e o dinheiro que está investido nele. Outro problema é a integridade do mercado, sabe, temos o problema de hacking entre os sites de exchanges, etc. Então, eu penso que nesses pontos, a OCDE tem interesse, por que temos os princípios da OCDE para a proteção de investidores. Tanto os governos como os “reguladores” têm de se unir e conversar sobre o melhor modo de encontrar proteção ao consumidor nessa área. É nessa área que a OCDE está interessada.

CF: E o que você pensa sobre a tecnologia blockchain e toda a tecnologia DLT, como a Tangle da IOTA?

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Medcraft: Bem, eu entendo que a “distributed ledger” é a próxima evolução, eu penso que coletivamente essa tecnologia habilita, em minha opinião, transações mais rápidas e baratas. A transparência entre essas transações também ajudam tanto consumidores como investidores, o modo de compra peer-to-peer habilita as pessoas a comprarem coisas que antes não poderiam, isso é muito impressionante e empolgante. Então são algumas das coisas que estamos discutindo aqui na OCDE, são esses tópicos que estamos levando em consideração.

CF: Você acredita que a tecnologia blockchain proporciona mais transparência e segurança para os governos?

Medcraft: Acredito que os governos de todo mundo serão os grandes beneficiários dessa tecnologia, sendo elas inseridas em todos os processos. Então, se você olhar para os maiores beneficiários da tecnologia blockchain são eles:

  1. serviços governamentais
  2. áreas de serviços financeiros
  3. sistema do fluxo do mercado (supply chain)

Por que o que a “distributed ledger” faz são três coisas. Uma é que isso habilita a transferência de valores de forma segura, a segunda é a habilidade de transferência de dados de forma segura,e a terceira, que não está sendo mencionada com frequência, é o potencial do aumento da cibersegurança no mundo inteiro. Essa tecnologia vai reformar/reinventar o modo financeiro do mundo.

CF: Existem duas formas de blockchain: a blockchain privada e a blockchain pública. Você acredita que essas duas formas algum dia vão trabalhar juntas ou você acredita que governos e instituições vão apenas usar a blockchain de forma privada?

Medcraft: Eu penso que o que temos é um combinação das duas formas. Eu penso que quando você está transferindo valores, você precisa de alguma forma de referência/monitoramento por causa do problema de lavagem de dinheiro, porém ter referências não quer dizer que não podemos continuar anônimos entre duas instituições/grupos. É necessário existir a possibilidade da polícia poder identificar o fluxo/circulamento do dinheiro. Então, é por isso que temos a blockchain pública e a privada para a transferência de valores. Na transferência de dados, você não precisa de uma blockchain pública e privada, mas você pode ter um blockchain privado para a transferência de dados, mas para transferência de fundos porém, necessitamos ter um nível de controle/referência pelo fato de serem fundos monetários. No caso do Bitcoin, por exemplo, você pode rastrear endereços de IP entre um computador e o outro, mas o que você deve fazer é rastrear as transferências entre as pessoas, e esse é o problema que temos agora, não podemos rastrear pessoas que estão fazendo essas transações, e sim somente computadores, então precisamos mudar isso.

CF: Aqui na América latina temos alguns projetos em blockchain. Um deles, muito controverso, é o Petro da Venezuela, que tem gerado muitas dúvidas. O que você pensa sobre isso?

Medcraft: Acredito que o futuro desses “tokens”, na questão de transferência de fundos, requer uma garantia e nisso existem três áreas, como bancos desenvolvendo seu próprio token, que vai acontecer futuramente e mudar o sistema bancário. Segundo, temos tokens que são garantidos com algum valor material como o Petro. Eu penso que esses tokens tem futuro, mas a ideia é que você possa converter qualquer valor físico em um valor “cripto”, isso pode levantar algumas perguntas por exemplo, onde estão essas reservas do “material”. Daí temos o cripto que não é garantido por nada material, como por exemplo o Bitcoin, o qual realmente na baseada na demanda e oferta. Acredito que este tipo de ação, como o Bitcoin, futuramente vai perder popularidade, por que o mercado cripto futuramente vai ter que ser garantido tanto por valor material como por instituições bancárias, mas também penso que a habilidade de transferir valores monetários em tempo real é importante e o Bitcoin já realizou isso. Agora, o Bitcoin faz sete transferências por segundo e isso é um problema para o Bitcoin, pois requer muita energia e não é “escalável”, então existem suas limitações. A maravilha de tudo isso é que com a inovação, as pessoas vão resolver esse problema, estamos em uma jornada, então acho isso muito empolgante.

CF: Você acredita que a tecnologia Lightning Network do Bitcoin vai resolver esses problemas?

Medcraft: Eu penso que a tecnologia Lightning Network é uma delas, mas temos também Stellar, por exemplo, que vem trazendo transações mais rápidas do que a Visa. Então é importante que tenhamos novas tecnologias que vão resolver alguns dos problemas que temos hoje com outras Altcoins. A Lightning Network pode ser uma solução, mas temos o problema da transparência do Bitcoin, porém outras moedas como Stellar já vem trazendo uma tecnologia que oferece algo mais inovador.

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Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

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