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‘Binance Angels’ teriam ajudado chineses a driblar proibição de cripto; Binance investiga

A China proibiu as criptomoedas desde 2021. Mesmo assim, os chineses encontraram uma forma de contornar essa restrição. E, de acordo com uma reportagem da CNBC, publicada na quinta-feira (23), os “Angels” da Binance teria um papel nisso.

A exchange de criptomoedas liderada por Changpeng Zhao (CZ) possui um mecanismo de Conheça seu cliente (KYC, na sigla em inglês) que deveria impedir o cadastro de indivíduos que não deveriam estar na plataforma e isso inclui clientes da China. Contudo, com o suposto auxílio de colaboradores da exchange, residentes da China conseguem ocultar o seu país de residência ou origem. Assim, conseguem acesso às criptomoedas.

A CNBC obteve acesso a mensagens nas salas de bate-papo oficiais em chinês da Binance, incluindo um servidor no Discord e um grupo no Telegram que seriam controlados pela exchange. Mais de 220.000 usuários estavam em ambos os grupos, que não possuíam controle de acesso até o final de março. E foi dessa forma que a reportagem conseguiu acessar mensagens de 2021 a 2023.

Procurada pelo CriptoFácil, a Binance disse que seus funcionários “estão explicitamente proibidos de sugerir ou ajudar que usuários descumpram as leis e políticas regulatórias locais”. Além disso, a exchange informou que abriu uma investigação “para averiguar se algum funcionário violou as políticas internas, inclusive solicitando ou fazendo recomendações indevidas que não são permitidas ou não estão de acordo com nossos padrões”.

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Angels da Binance ajudaram a contornar KYC

A CNBC disse ter focado em mensagens que contas de funcionários da Binance ou voluntários treinados pela exchange, os “anjos”, enviaram. Essas pessoas teriam compartilhado técnicas para burlar os sistemas de KYC, residência e verificação da Binance. O objetivo era liberar o acesso a negociação de ativos digitais, bem como ao cartão de débito da Binance. As técnicas envolveriam a falsificação de documentos bancários, fornecimento de endereços falsos e até manipulação dos sistemas da Binance.

Especialistas em regulamentação que a CNBC ouviu expressaram preocupação de que seria muito fácil contornar os esforços de KYC e de combate à lavagem de dinheiro da Binance.

Um porta-voz da empresa disse à CNBC que a exchange toma medidas contra funcionários que possam ter violado suas políticas internas. Isso inclui, por exemplo, solicitação ou recomendação indevidas que a Binance não permite ou que não correspondem com os padrões da empresa.

“Temos políticas rígidas que exigem que todos os usuários passem pelo KYC, fornecendo-nos seu país de residência e outras informações de identificação pessoal. Não permitimos que os usuários usem/negociem em nossa plataforma sem passar por essas verificações de identidade”, disse a Binance.

Chineses contornam proibições envolvendo cripto

No entanto, mesmo após as proibições em 2021, clientes chineses continuaram buscando maneiras de negociar na Binance. Em maio de 2022, por exemplo, no Discord da Binance, um usuário perguntou “Como os usuários do continente podem se registrar agora?”

Então, uma pessoa, que se dizia ser um funcionário da Binance, disse que ele poderia ativar sua VPN e se registrar como residente de Taiwan. Em seguida, era só mudar sua nacionalidade de volta para a China. Além disso, a pessoa também sugeriu evitar o uso de nós VPN nos “Estados Unidos, Cingapura e Hong Kong”. Nesses países a Binance restringe o acesso a alguns produtos.

A Binance disse à CNBC que adotou “ferramentas avançadas de detecção” a fim de impedir que usuários de “regiões restritas e sancionadas” tivessem acesso a ferramentas como VPNs.

“Estamos em conformidade com o bloqueio ativo de VPNs provenientes de áreas restritas. Além disso, restringiremos imediatamente os usuários que se valerem de qualquer tipo de solução alternativa para burlar a lei local”, disse a exchange.

A Binance observou ainda que é “extremamente raro” que os usuários consigam implementar soluções alternativas. Isso porque a plataforma tem “vários procedimentos manuais e orientados por IA para garantir que nem os usuários, nem sistemas de IA possam contornar esses processos.”

Domínios livres de VPNs

Mas além do uso de VPNs, uma pessoa que seria gerente da comunidade Binance postou mensagens explicando como as pessoas poderiam usar um domínio especializado “livre de VPN”. Um repórter da CNBC conseguiu baixar o aplicativo de um local na China sem uma VPN e se registrar usando um número de telefone chinês.

A Binance disse que não oferece uma versão especializada de seu aplicativo para clientes chineses. “Existe apenas um aplicativo oficial da Binance.”

Angels da Binance não representam exchange

Sobre as supostas orientações dos “anjos”, a Binance ressaltou que eles “não são representantes da Binance”. E um deles disse que o papel dos anjos é limitado e que não falam em nome da exchange.

“O Binance Angel Program é um programa de embaixadores da comunidade, não diferente dos embaixadores da comunidade que operam em outras plataformas como Wikipedia e Reddit. Os Anjos da Binance não têm acesso aos equipamentos da Binance ou aos sistemas internos da Binance. Também não têm autoridade para falar pela Binance. Os Binance Angels estão proibidos de compartilhar recomendações que vão contra as políticas da nossa empresa ou a lei. Eles seriam imediatamente removidos do Programa Binance Angel se fossem flagrados fazendo isso.”

Outra suposta saída para usuários da China usarem a Binance inclui o uso do programa de residência digital de Palau. Por meio desse programa, que CZ chamou de “muito inovador”, usuários de todo o mundo conseguem acessar a Binance usando sua “residência” em Palau para ocultar seu país de cidadania e residência. Isso inclui a criação de um endereço austríaco de correspondência e a suposta falsificação de extratos bancários usando um editor de PDF.

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Lorena Amaro

Lorena é jornalista e escreve sobre Bitcoin, criptomoedas, blockchain e Web3 há mais de quatro anos, atualmente atuando como editora-chefe do CriptoFácil. É formada em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-graduanda em Produção em Jornalismo Digital na PUC-Minas. Lorena é apaixonada por tecnologia, inovação e pela liberdade financeira que as criptomoedas promovem.

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