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Avanço do coronavírus pode colocar em xeque papel do Bitcoin como ativo de proteção?

Visto por muitos investidores e entusiastas como um ativo de proteção contra crises financeiras, o Bitcoin experimentou uma forte correção nos últimos dias. Com os avanços da epidemia de coronavírus e os temores com uma pandemia de proporções globais, vários ativos experimentaram fortes quedas ao redor do mundo – com exceção do ouro, o ativo de proteção por excelência durante 5000 anos.

Tal movimentação despertou o questionamento de muitos: um grande avanço na epidemia pode impactar o papel do Bitcoin como ativo de proteção?

Medo abala mercados mundiais

O aumento na disseminação do coronavírus gerou um novo surto de medo entre os investidores, desencadeando uma liquidação nas bolsas de valores mundiais feita por investidores buscando ativos em refúgios seguros, como ouro e títulos do Tesouro dos EUA. 47 países relataram infecções em meio a relatos generalizados de cancelamentos de viagens, atrasos em remessas e interrupções de negócios.

As bolsas dos EUA caíram pelo sexto dia consecutivo, os rendimentos do Tesouro caíram para um nível recorde baixo (rendimentos mais baixos no Tesouro significam aumento na demanda pelos títulos). Já os preços do ouro destoaram do mar vermelho e se aproximaram do ponto mais alto em sete anos.

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Por sua vez, até o fechamento deste texto, o preço do Bitcoin está em queda de 0,98%, para US$8.724,82, de acordo com o site de análise CoinMarketCap. No entanto, a queda foi ainda mais forte durante a semana, na qual o criptoativo perdeu o suporte dos US$10.000,00 e chegou aos preços atuais.

Analistas do banco Goldman Sachs, alertaram em um relatório lançado na quinta-feira, 27 de fevereiro, que o vírus poderia interromper as cadeias de suprimentos das fábricas, diminuir a demanda por exportações e, finalmente, atrapalhar a produção econômica na China, nos EUA e em outros lugares. A empresa alertou que o impacto do contágio poderia acabar com qualquer crescimento nos lucros combinados das empresas do índice Standard & Poor’s 500, um dos principais índices da bolsa de valores de Nova York.

“Atualizamos nosso modelo de ganhos para incorporar a probabilidade de o vírus se espalhar”, escreveram os analistas do Goldman liderados pelo estrategista-chefe de ações dos EUA, David Kostin.

Também na quinta-feira, analistas do Bank of America escreveram que o coronavírus “dominava os mercados globais”. Prevê-se que as taxas de juros predominantes, já próximas das mínimas históricas e estabelecidas até em níveis negativos (como na Europa e no Japão), não possuem qualquer expectativa de serem elevadas “até que a atividade econômica chinesa melhore e haja sinais de contenção global do vírus”.

“Enquanto a maioria dos investidores americanos espera uma reversão do vírus no mercado de juros, a situação piorou”, escreveram os analistas. “Vemos os títulos dos EUA como a escolha ideal de proteção contra os impactos da crise.”

Impacto nas eleições dos Estados Unidos

Na quarta-feira, 26 de fevereiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escreveu no Twitter que os meios de comunicação de “notícias falsas” estavam “fazendo todo o possível para tornar o coronavírus (sic) o pior possível, incluindo deixar os mercados em pânico”.

Como a economia dos EUA enfrenta um novo risco de recessão, que pode prejudicar suas chances de reeleição nas eleições de novembro, Trump colocou o vice-presidente Mike Pence encarregado de coordenar a resposta do governo dos EUA às preocupações de saúde pública.

Sobre a escolha de Pence para a função, o jornal New York Times alegou que Trump queria que governadores e membros do Congresso tivessem uma única pessoa com quem se comunicar, “eliminando qualquer disputa pelo poder em uma situação descentralizada”. O jornal cita como fontes assessores da Casa Branca que pediram anonimato.

Liquidação nas bolsas e rali de alta do ouro

A liquidação desta semana no S&P 500, que rastreia grandes ações dos EUA, deixou o índice em queda de 7% até agora em 2020. O rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA com vencimento de 10 anos declinou 0,02 ponto percentual e atingiu 1,29%, um recorde de baixa nessas taxas.

Os contratos futuros de ouro negociados na Bolsa Mercantil de Nova York mudaram pouco na quinta-feira. O preço da onça-troy alcançou US$1.662 no início da semana, perto do maior valor em sete anos.

O Bitcoin caiu no início desta semana quando os medos do coronavírus começaram a atingir os mercados tradicionais. Isso levou alguns analistas a questionar a tese de que o criptoativo poderia servir como um porto seguro do pânico financeiro, semelhante à maneira como muitos investidores veem o ouro. Os preços do Bitcoin caíram para 8.627 dólares na quarta-feira, o menor valor em um mês.

O Bitcoin nasceu justamente dos escombros da última crise financeira global, desencadeada em setembro de 2008. Em seus 11 anos de existência, o Bitcoin serviu como ativo de proteção em diversas crises ao redor do mundo: Venezuela, Zimbábue, Argentina, Chipre e a crise entre EUA e Irã são alguns exemplos. Porém, o criptoativo jamais foi testado em uma crise global de grandes proporções – para muitos, esse teste é aguardado em uma futura crise financeira.

O investidor bilionário Chamath Palihapitiya, que atua como presidente da empresa de vôos espaciais Virgin Galactic, disse à CNBC na quarta-feira que o Bitcoin parece “completamente não correlacionado” com outras categorias de ativos, como ações, títulos e mercados emergentes.

Essa dinâmica deve levar os investidores a colocar 1% dos seus ativos em Bitcoin, embora eles devam acumular as posições gradualmente, disse ele. “Quando você acorda e vê um susto como o coronavírus e o Dow cai 2.000 [pontos], você não deve entrar e comprar Bitcoin de uma vez”, disse ele. “Essa é uma estratégia idiota”.

Leia também: Epidemia de coronavírus faz China adiar desenvolvimento de sua moeda digital

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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