Aumento de juros do Fed não controlará inflação e beneficiará criptomoedas, diz economista

O aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, bem como o fim dos programas de expansão monetária, são vistos com cautela pelos investidores. Muitos acreditam que essas medidas irão derrubar os preços de vários ativos de risco, como o Bitcoin (BTC).

Contudo, esta não é a opinião do renomado economista Mohammed El-Erian, presidente do Queen’s College. De acordo com ele, as medidas do Fed foram anunciadas tarde demais e não terão o efeito esperado. E no caso do BTC e do ouro, podem até contribuir para a valorização desses ativos.

Anúncios tardios do Fed

Durante uma entrevista ao programa CNBC Monday, El-Erian foi questionado a respeito das novas políticas anunciadas pelo Federal Reserve (Fed). O banco central dos EUA realizou um tímido aumento na taxa de juros e prometeu vender US$ 100 bilhões em ativos todos os meses.

Esta venda de ativos é o mecanismo que o Fed possui para remover liquidez, ou seja, retirar dinheiro do mercado. Dessa forma o banco central espera aliviar seu balanço e acabar com as políticas de expansão de dinheiro.

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O objetivo das medidas é controlar a inflação, que já supera 8,5% em 12 meses nos EUA e é a maior dos últimos 40 anos. No entanto, El-Erian disse que as políticas do Fed deveriam ter sido anunciadas em 2021.

“Deveríamos ter começado a remoção de liquidez (apelidada de QT em inglês) no ano passado. Nós não fizemos. E agora estamos vendo as conseqüências desse atraso do Fed”, alertou o economista.

O economista foi perguntado o que acontecerá com criptomoedas e o ouro se o Fed levar suas políticas adiante. Contrariando a opinião geral, El-Erian acredita que ambos vão subir de valor.

Na visão de El-Erian, a inflação virou um fator presente e não é transitória como o Fed afirmou no passado. Em segundo lugar, as altas de juros são muito fracas – o primeiro aumento foi de apenas 25 pontos-base (0,25%).

Com isso, a taxa de juros nos EUA subiu de 0%-0,25% (lá existe uma banda de juros) para 0,25-0,5%, ao passo que a inflação está em 8,5%. Só que El-Erian alerta que o Fed não pode fazer aumentos maiores, sob o risco de colapsar a economia estadunidense.

De fato, o Fed está encurralado. Se não elevar os juros, a inflação continuará sem controle. Se os juros subirem demais, as bolsas podem cair, gerando uma grande recessão. O banco Goldman Sachs afirmou que há 35% de chances dessa recessão ocorrer até 2024.

“Então, a grande questão é: podemos navegar nesta paisagem de crescimento de inflação que se tornou muito mais difícil? CEOs de bancos estão preocupados com o ambiente macroeconômico”, disse El-Erian

A restauração do valor

O economista também foi questionado sobre os temores de que essas políticas derrubem o preço das criptomoedas. Para El-Erian, o temor faz sentido e é bem fundamentado.

Nesse sentido, as quedas do mercado atuam como uma espécie de ajuste dos investidores a um paradigma em que a liquidez não é mais abundante nem previsível. Logo, os ativos estariam voltando a convergir rumo ao seu valor “real”, explica o economista.

“Há uma razão para isso. Ao contrário do ouro, as criptomoedas se beneficiaram enormemente de todas as injeções de liquidez. Ao mesmo tempo, elas são vistas como importantes ativos de diversificação.  Então há um cabo de guerra entre um reconhecimento que a liquidez está saindo do sistema como um todo e atratividade como diversificação. Até agora, é o elemento de liquidez que está ganhando”, disse.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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