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Atomic Swaps: um futuro atômico e descentralizado pode mudar o mundo das criptomoedas

A regra máxima do mercado de cripto é: tenha controle total de sua chave privada. Quem detém a chave privada é o dono do que nela está vinculado, assim, se suas criptomoedas estão armazenadas numa exchange, há, de certa forma, um contrato entre usuário e serviço, de que os fundos vinculados aquele código X, lhes pertencem, mas, ao pé da letra, eles não são seus, mas daquele que possui a chave privada vinculada aquele saldo, no caso, a exchange. Por isso, se amanhã, os donos da Bitfinex resolverem ‘picar o pé‘ e você tiver moedas lá, diga tchau as suas moedinhas, elas não te pertencem mais, alias, seguindo a regra máxima, nunca pertenceram. Mas, e ai, se eu quiser trocar meus Bitcoins por Ethereum ou Ripple eu tenho que ficar toda hora tirando da exchange e mandando de volta, com as taxas da blockchain sugando meu dinheiro aos poucos (nem tão aos poucos assim)? Em tese sim, mas, isso pode mudar.

Os Atomic Swaps, ou transações atômicas, podem representar uma revolução para todas as criptomoedas do mercado e, para todo o mercado em si, tendo em vista que não será mais necessário ficar preocupado se um governo vai banir as exchanges de criptomoedas de seu país ou se mesmo este governo vai proibir as moedas na nação. Por meio dos Atomic Swaps, as criptos poderão ser trocadas diretamente, entre as blockchains sem intermediários. Assim, por meio, por exemplo, de sua Wallet de Bitcoin, será possível converter o saldo automaticamente em Ethereum ou mesmo qualquer token ERC-20 e você pode depois converter os mesmos em Decred, em Litecoin e assim por diante, tudo de forma rápida e direto da sua wallet, sem exchanges.

E como isso funciona?

Essencialmente, as transações atômicas utilizam um esquema conhecido como contrato de timelock hashed (HTLC), uma fusão de duas outras tecnologias, um hashlock e um timelock. Ambos os quais estabelecem condições em uma transação de assinatura múltipla (ou multisig), que atua como um tipo de garantia. Por exemplo, um hashlock usa um enigma criptográfico para garantir que uma parte não possa liberar seus fundos sem que o outro faça o mesmo. E um timelock age como uma rede de segurança se nada acontecer, encaminhando fundos de volta aos remetentes após um certo período de tempo. Parece complicado mas o principio é o mais simples do mundo, um sujeito troca com o outro suas moedas diretamente por meio de um “acordo” entre eles, como se fosse uma simples troca de figurinhas (nem sei se isso existe ainda), por exemplo:

Marcos tem Bitcoins e quer trocar com Carlos por Litecoin. Para fazer isso, ambos abrem canais de pagamento em suas wallets e definem as “condições” do negócio no canal. A primeira condição usa um timelock para garantir que, essencialmente, se o comércio não tiver êxito, os fundos serão devolvidos após um determinado período de tempo. O segundo faz uso de um hashlock. Marcos gera um dado e seu hash. Ele então paga Carlos, mas inclui o hash, e diz essencialmente: “Se Carlos quiser reivindicar o pagamento, ele deve fornecer também o seu hash”. Quando o serviço estiver disponível, as interfaces que serão criadas permitiram aos usuários uma navegação muito fácil para a execução das tarefas. Basta ver a Versão Beta da Altcoin.io uma das primeiras plataformas preparada para os Swaps.

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Bitcoin, Litecoin, Zcash e IOTA

Algumas da principais moedas do mercado já realizaram testes no modelo ou desenvolveram soluções parecidas em seus sistemas. No ano passado, por exemplo,  Jay Graber, desenvolver da Zcash, demonstrou como o processo funciona utilizando o XCAT, a ferramenta exige que os usuários executem um nó completo do bitcoin e um nó completo do zcash para implementar um swap nas blockhains. Graber explica que a equipe está trabalhando em uma implementação que não requer a execução de nós completos, mas, por enquanto, a ferramenta é um pacote Python simples que qualquer usuário pode instalar. O XCAT não é a única ferramenta que fornece a interoperabilidade das blockchains, no caso da ZCash, a plataforma Interledger, e os protocolos do Nero Tier  também  fornecem esse tipo de conectividade de maneira diferente.

Ao mesmo tempo, a Lightning Labs, uma empresa dedicada à promoção da Lightning Network, entre outras, uma solução de escalabilidade para a rede Bitcoin, realizou, também no ano passado, sua primeira troca atômica, no entanto, fora da cadeia principal, sendo executada numa cadeia de teste. Nesta transação foram trocados Bitcoin por Litecoin.  Os swaps atômicos permitem que a negociação seja automática, não dependendo dos tempos de processamento das diferentes blockchains.

Mas, tenha em mente que os swaps atômicos apenas fazem uma coisa: executam o comércio.  Para que realmente eles funcionem também precisam combinar os comerciantes (quem quer trocar Bitcoin por Litecoin e vice versa) e negociar agregados para determinar um valor de mercado. A boa notícia é que isso seria totalmente descentralizado e ambos sempre seriam os  donos de seus fundos pois teriam controle total de suas chaves privadas.

Já a IOTA, trabalha com o mesmo conceito de canais em uma solução, também disponilizada no ano passado, chamada Flash Channels, embora a função não permita os Atomic Swaps, o conceito é praticamente o mesmo, criando canais de pagamento que são realizados fora da cadeia principal e depois, sincronizados quando os canais são fechados.

Quando isso estará disponível?

No caso da IOTA, as funções dos canais Flash, já estão disponíveis e podem ser programadas, mas, não são as transações atômicas, estas, ainda não estão previstas pela moeda que não utiliza Blockchain e sim um DLT chamado Tangle.

Nas moedas que trabalham com Blockchain e que já realizaram os testes, embora bem sucedidos, não ha qualquer prazo para a implementação, tendo diversas opiniões sobre o tempo em que os recursos estarão disponíveis. O CEO da Lightning Labs, Elizabeth Stark, é do time dos menos otimistas em relação aos atomic swaps cross-blockchain.

“Qualquer pessoa que diga que os swaps da Lightning estará pronto em meses não sabe do que esta falando. Ainda há uma boa quantidade de infraestrutura para construir”.

Elizabeth afirma isso, pois a infraestrutura necessária para a interface entre bitcoin e ethereum, por exemplo, ainda está em desenvolvimento (no caso Lightning e Raiden Network, respectivamente). Enquanto isso, já há plataformas que permitem trocas ‘atômicas’ entre tokens do mesmo padrão, como a 0x (pronunciado ‘zero-ex’) e EtherDelta, que permitem trocar tokens que são suportados pelo padrão de token ERC-20 na blockchain Ethereum. Um site, swapready.net , fornece uma tabela de quão perto cada criptomoeda é capaz de suportar uma troca atômica em sua blockchain.

O fim das Exchanges?

Certamente isso não significa o fim das Exchanges, as trocas descentralizadas, são uma grande parte do sonho da descentralização e do controle total dos fundos na mão do usuário. Em outras palavras, um dia, pode ser possível pagar um comerciante que só aceita bitcoin em litecoin, monero, zcash ou o que quer que seja. Não importa, porque nos bastidores, seu dinheiro é instantaneamente convertido em bitcoin. Também não importaria mais se um determinado País vai ou não impedir as criptomoedas em  seu território, afinal, por meio da descentralização, será possível realizar as trocas de qualquer parte para qualquer parte sem a necessidade de um terceiro, Peer-to-Peer na veia.

Talvez um futuro atômico pode ser menos explosivo e nocivo que seu passado e muito mais descentralizado, garantindo ao individuo o seu direito em primeiro lugar.

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Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

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