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Assinaturas Schnorr podem ser a maior mudança na rede do Bitcoin desde o SegWit

As assinaturas Schnorr estão chegando!

De fato, a atualização do Bitcoin deu o passo mais significativo em direção à implementação na semana passada, quando o influente desenvolvedor Pieter Wuille revelou um arquivo delineando a composição técnica do Schnorr. Com o lançamento, a ideia, que está sendo tocada há anos por desenvolvedores do Bitcoin Core, está a um passo de melhorar a escalabilidade e a privacidade da criptomoeda mais valiosa do mundo.

Em termos práticos, isso pode configurar o Schnorr como a próxima grande mudança para a rede, e provavelmente a maior mudança de código desde a implementação do Segregated Witness (SegWit), uma correção de bug principal que levou à uma batalha na comunidade no ano passado, antes de ser adotada em agosto.

Em um nível técnico, adicionar suporte ao Schnorr, um esquema de assinatura digital, daria aos usuários uma nova maneira de gerar chaves criptográficas que eles precisavam para armazenar e enviar suas moedas. Ao fazer isso, ele também abre caminho para uma série de benefícios empolgantes, incluindo as já citadas questões de privacidade e escalabilidade, indiscutivelmente dois dos problemas mais preocupantes no Bitcoin.

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“É um bloco de construção para uma variedade de melhorias”, disse Wuille à agência de notícias CoinDesk, acrescentando que ainda existem algumas melhorias adicionais que precisam receber atenção. Enquanto Wuille espera que a mudança seja finalmente adotada, ele acrescentou que “em última análise, a decisão de adotá-la ou não caberá aos usuários”, exatamente como foi no caso do SegWit.

Co-escrita por vários desenvolvedores, incluindo os contribuidores do Bitcoin Core Johnson Lau e Gregory Maxwell, a proposta técnica e matemática descreve o esquema exato de assinatura que pode ser codificado no Bitcoin. E, embora esteja longe de seu objetivo final, é uma atualização necessária.

O engenheiro e coautor da Blockstream, Jonas Nick, comentou sobre o uso do Schnorr:

“Padronizar a melhoria para o Bitcoin é um grande passo para usá-lo na rede.”

Um passo além

O rascunho da proposta de melhoria do Bitcoin (em inglês, BIP) ajuda a evitar confusões futuras, propondo um padrão que garante que todos os desenvolvedores e comerciantes implementem o código de assinatura Schnorr da mesma maneira.

Embora a descrição completa possa ser lida no repositório da BIP, a ideia principal é descrever a matemática necessária para produzir assinaturas Schnorr e oferecer uma alternativa ao Algoritmo de Assinatura Digital de Curva Elíptica (ECDSA), o único atualmente usado para produzir chaves e verificar transações de Bitcoin.

As assinaturas Schnorr terão uma coisa em comum com o esquema de assinatura que procura compreender, no entanto. Se o plano for aceito, ele usará a mesma “curva” matemática que o ECDSA usa para produzir as chaves, a qual é chamada “secp256k1”. Trata-se de conceitos matemáticos que podem soar complicados aos mais leigos, então não é surpresa que o lançamento tenha provocado discussões técnicas na lista de discussão dos desenvolvedores do Bitcoin.

Mas nada de importante surgiu até agora e os desenvolvedores estão otimistas, especialmente porque um dos principais benefícios do Schnorr é que, ao contrário do ECDSA, a segurança pode ser provada matematicamente.

Embora o Schnorr ofereça uma série de melhorias por conta própria, os desenvolvedores também estão empolgados com o fato de que ela também abrirá caminho para uma série de mudanças que podem ser construídas a partir da implementação dele, como novas técnicas de privacidade.

No momento, a complexidade do uso do Bitcoin torna-se bastante óbvia em transações como as chamadas “multi-sig”, que são um tipo mais avançado em que mais de uma pessoa é obrigada a assinar uma transação por causa do livro público do Bitcoin. Mas o uso do Schnorr abre o caminho para que essas transações sejam parecidas com todas as outras em termos de complexidade.

Nick observou que o Schnorr conduzirá essas transações avançadas, que também serão mais baratas – uma melhoria importante, uma vez que as transações podem crescer muito em tempos de congestionamento da rede. E, cada vez mais, novas tecnologias construídas em cima do Schnorr estão sendo propostas.

“Devido à riqueza de novas descobertas, acredito que essas tecnologias devam ser desenvolvidas passo-a-passo, e meu foco para um primeiro passo é apenas no Schnorr e no Taproot”, disse Wuille, referindo-se à melhoria intitulada de “Taproot”, proposta no início deste ano por outro influente desenvolvedor do Bitcoin, Greg Maxwell, que tem como objetivo melhorar ainda mais a privacidade da moeda.

Menos detratores?

Dito isto, ainda há um caminho a ser percorrido. O Schnorr é um grande projeto e, como tal, possui muitas peças que estão em movimento.

Embora esta BIP proponha um padrão para os desenvolvedores entrarem em sintonia, Nick observou que há também uma implementação de código que está sendo desenvolvida há anos, que coloca em prática muito do que está no projeto da BIP.

Além disso, uma vez que os desenvolvedores trabalham incansavelmente até decidirem que não há mais problemas pendentes, eles vão precisar criar uma maneira de adicioná-lo ao Bitcoin, entre outras coisas.

“Os detalhes de como implantar o Schnorr no Bitcoin ainda estão sendo discutidos ativamente”, disse Nick.

Tendo passado por algumas mudanças de “consenso” em seus anos como desenvolvedor, Wuille deu uma lista particularmente longa de coisas para fazer.

“Como qualquer mudança de consenso, será um longo processo envolvendo a elaboração de um rascunho para integração, publicação, coleta de comentários da comunidade técnica e do ecossistema, redação de implementações de regras de consenso e integração em software de carteira, proposição de um plano de implantação, e se tudo correr bem, faça com que seja ativado”, disse ele.

“Parece que agora há menos detratores do que havia para o SegWit”, disse o desenvolvedor Riccardo Casatta, referindo-se ao grande debate em torno da implementação dessa melhoria na rede do Bitcoin. O debate envolveu até o risco de um hard fork na rede, o que poderia ter causado grandes problemas para a moeda no curto prazo. Felizmente, o debate foi “vencido” sem a necessidade de uma divisão drástica.

Casatta acrescenta que não está se arriscando além do necessário, e ressalta que é preciso executar as discussões e mudanças no projeto de forma paciente:

“Você não pode dizer como as coisas vão e como sempre, é melhor ser paciente.”

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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