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Artigo da Folha critica o Bitcoin e comete 3 graves erros

A Folha de São Paulo publicou um polêmico artigo sobre Bitcoin (BTC). Intitulado Bitcoin na mão é vendaval, o artigo foi escrito pelo doutor em economia Luiz Guilherme Piva. Logo no título, a obra já revela o tom crítico à criptomoeda.

Este tom continua ao longo das 549 palavras do artigo. No entanto, as críticas são acompanhadas por uma série de erros crassos a respeito do BTC. E não apenas isso: apesar de ser doutor em economia, Piva comete alguns erros conceituais sobre o funcionamento do sistema monetário atual.

Fé em algo que não existe

Em primeiro lugar, o economista classifica o entusiasmo com o BTC como uma fé que move pirâmides. Segundo o dicionário, fé é “um sentimento de total de crença em algo ou alguém, ainda que não haja nenhum tipo de evidência que comprove a veracidade da proposição em causa”.

Isto é, o BTC é, na visão de Piva, algo que não existe, ou pelo menos que não tem comprovação de sua existência. De fato, o autor chega a dizer que esta fé adora o Bitcoin porque ele não existe. Nesse sentido, por ser um bem digital e que não possui representação física, o BTC não existiria.

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Ora, tal argumento não faz nenhum sentido. De fato, o BTC não tem uma forma definida, como uma cédula ou moeda. Contudo, os saldos em Bitcoin são 100% visíveis e auditáveis através da blockchain. Qualquer pessoa pode conferir seus registros e saber quantos Bitcoins possui.

Se este argumento fosse levado a sério, então a música também não existe; afinal, ela não pode ser vista. Ninguém consegue ver as notas que formam uma sinfonia ou um riff de guitarra, embora possa escutá-los. Portanto, o fato de não ver algo não significa que esta coisa não exista.

Lastro na economia

Na segunda parte de seu texto, Piva aborda a evolução do dinheiro desde as commodities até as moedas fiduciárias. Ele define corretamente que o sistema financeiro atual se baseia na confiança em relação ao monopólio da moeda pelo estado.

Contudo, o economista se confunde ao falar sobre lastro e dizer que as moedas atuais, supostamente ao contrário do BTC, possuem lastro. O lastro do dólar, real e demais, na visão de Piva, é a economia dos países, bem como a já citada confiança no monopólio.

“Com o fim do padrão-ouro, a fidúcia seguiu sendo, em parte, a confiança na consistência das economias e, mais e sempre, no monopólio estatal de emissão. Ou seja: há lastro e as três funções permanecem, sejam elas exercidas por dígitos, lobos-guará ou Pix”, diz o texto.

Porém, esta é uma definição equivocada sobre o que é lastro. No padrão-ouro, o lastro de uma moeda era a quantidade de ouro que um banco e, em última instância, um país, possuíam. Por exemplo, o valor do dólar equivalia a 1/20 de grama de ouro no século XIX. Isto significa que um cidadão norte-americano poderia ir ao banco com uma nota de um dólar e resgatar 1/20 de grama de ouro.

Fim do lastro e hiperinflações

Portanto, o dólar tinha um valor definido, ou seja, cada unidade tinha lastro em 1/20 de grama de ouro. Hoje, porém, tal lastro não existe mais e nenhuma moeda pode ser trocada por ouro. Logo, apenas a confiança nos bancos centrais garante que o dinheiro não perderá valor.

Tal confiança, porém, tem sido inútil para muitas nações ao longo da história. Coincidentemente, o século XX vivenciou mais de 40 casos de hiperinflação ao longo da história. Todos eles tiveram como causa o aumento na impressão de dinheiro e a consequente destruição do seu valor.

Gangues e Bitcoin

Por fim, o texto de Piva menciona o feito histórico de El Salvador, primeiro país a adotar o BTC como moeda de curso legal. E faz isso por meio de uma correlação espúria entre as gangues do país, como se fossem elas as responsáveis pela aprovação da Ley Bitcoin.

Conforme já foi exaustivamente destrinchado, o BTC é um meio extremamente ineficiente para cometer crimes, pois todas as transações são públicas. De fato, existem serviços que fazem a identificação e rastreio de carteiras associadas a crimes, dificultando ainda mais a vida dos criminosos.

A pá de cal nesta teoria partiu de um relatório da empresa de análise de dados Chainalysis, revelando que as transações ilícitas jamais representaram mais de 2% de todas as transações do Bitcoin. Este pico foi alcançado em 2019, mas já em 2020 o total caiu para míseros 0,5%.

Em suma, o BTC não é uma ferramenta útil nem tampouco muito utilizada pelo crime organizado. As maras (nome dado às gangues salvadorenhas) não se beneficiarão do BTC, mas sim os demais 6 milhões de cidadãos que hoje vivem na pobreza. Pessoas estas que, aparentemente, foram ignoradas durante a rasa opinião de Piva em seu texto.

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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