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A alta na taxa Selic pode motivar investidores brasileiros a migrar das aplicações em renda variável, como as criptomoedas, para a renda fixa, como os CDBs.
Essa é a opinião de Paulo Cunha, sócio-fundador da iHUB Investimentos. Ele acredita que a expectativa de retorno da renda fixa pós-fixada, aquela que acompanha a rentabilidade e a subida dos juros, considerada com menor risco, pode ganhar novo impulso com a selic em alta.
Segundo ele, o investidor perceberá que está recebendo um percentual mais satisfatório ao deixar seu capital neste segmento. Assim, pode querer aumentar sua alocação ou até mesmo retirar de outro lugar.
Conforme explicou Cunha, com a Selic a 5,25% ao ano, o investidor já recebe 0,50% ao mês na maioria das aplicações pós-fixadas. Vale destacar que, alguns meses atrás, esse rendimento não passava de 0,20% ao mês.
De acordo com o analista, no início da pandemia, em meados de março de 2020, houve uma preocupação muito grande por parte do Banco Central em estimular a economia através da diminuição de juros.
“Em fevereiro, por exemplo, a taxa Selic estava em 4,25% ao ano. Já em agosto ela já tinha sido reduzida para 2,00%, patamar que nunca foi atingido antes no Brasil”, disse.
Esse movimento de queda estimulou fortemente o crédito imobiliário, que estava mais sensível à taxa básica de juros. Além disso, incentivou o setor de construção civil, que é uma área que consome muitos materiais básicos.
Após um período de demanda por commodities, os preços desses materiais começaram a subir fortemente. Como consequência, impactaram a taxa de inflação:
“Como a inflação e a expectativa dela subiram além da meta do Banco Central, a solução foi voltar a subir os juros (…) de modo a tentar frear um pouco a demanda pelos materiais básicos. E, também, segurar a cotação do dólar, na casa dos R$5,20 para tentar conter a alta inflação”, destacou.
Por fim, Cunha apontou que a poupança rende 70% da taxa Selic, resultando em 3,75% ao ano, atualmente.
“Sendo assim, nunca é a melhor opção voltar a investir na poupança, uma vez que é possível aplicar o dinheiro em um título público e ter a rentabilidade de 100% da Selic, totalizando 5,25% hoje. Isso é considerado mais seguro que a poupança”, apontou.
Entretanto, segundo ele, com a chegada da taxa básica de juros a 8%, ou em um cenário mais agressivo, acima de 10%, a renda fixa começa a ficar bem atraente e deve começar a atrair mais recursos.
“Atualmente, não há expectativas no mercado financeiro que a taxa Selic sofra uma redução. Pelo contrário. A dúvida está no tamanho da alta, se vai para 8% ou a 10% já no começo de 2022”, finalizou.
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