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A história do Bitcoin parte 20: O primeiro dólar

Foi um marco que muitos fãs do Bitcoin já antecipavam há tempos. Não obstante, o dia em que o criptoativo alcançou a paridade de 1 para 1 com o dólar americano (USD) foi marcado por muita comemoração. 09 de fevereiro de 2011 foi a data histórica e, no fórum Bitcointalk, as conversas inevitavelmente foram sobre o que esse marco representava para a criptomoeda. E é sobre isso que falaremos no episódio de hoje da série Bitcoin History.

“Uma nova corrida”

Essa foi a previsão realizada pelo membro do Bitcointalk “jimbobway”, que abriu um tópico intitulado “Parity Party!!!” (festa da paridade, em tradução livre) no dia 11 de janeiro de 2011. Levaria algumas semanas para o Bitcoin finalmente valer US$1,00, mas a festa já estava pronta. Quase 9 anos depois, a discussão subsequente nos permite uma leitura interessante sobre os pontos de vista da então pequena, mas fervorosa, comunidade Bitcoin.

O debate sobre a paridade trouxe vários pontos de vista. Uma hipótese criada pelo membro “FatherMcGruder”, era que a “paridade significativa” só ocorreria quando o “número de bitcoins em circulação fosse igual ao valor dos dólares em circulação. Se isso acontecesse nos dias atuais (em 2011), 1 Bitcoin seria negociado por cerca de 390.000 EUA, eu acho.”

Enquanto isso, o saudoso Hal Finney parecia ciente de que ele e seus companheiros estavam testemunhando algo monumental. “Temos muita sorte de estar no início de um novo fenômeno possivelmente explosivo. Considerando as chances de investimentos que triplicam o dinheiro, o Bitcoin parece um bom lugar para alocar uma porcentagem do seu portfólio”, escreveu Finney.

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“Possivelmente explosivo” se mostrou um termo nada exagerado. Não apenas o Bitcoin chegaria a US$1,00 um mês depois, mas em junho do mesmo ano alcançaria o estonteante valor (para a época) de US$31,91.

Vozes dissidentes na festa

No entanto, vale destacar que nem todos os membros do fórum comemoravam a paridade do Bitcoin com o dólar. Uma pessoa que procurava atenuar as expectativas foi o desenvolvedor do Bitcoin Mike Hearn, que ponderou: “A questão é realmente: o preço ficará acima da paridade do dólar ou não?”

Outra reflexão veio de um novato no fórum chamado Veltas. Embora alguns membros possam tê-lo visto como um importuno desmancha-prazeres, sua avaliação honesta foi acompanhada de importantes reflexões e, por que não dizer?, premonições.

“Tudo isso não faz sentido (especialmente a paridade com o dólar). O Bitcoin vale tanto quanto [queremos] que seja e até que tenhamos essa ideia muito simples em nossas cabeças, não seremos capazes de entender quando realmente deveríamos comemorar. Por um lado, garanto que ele continuará subindo e não parará com a paridade ao USD ou GBP (libra esterlina, moeda do Reino Unido). Não, isso (o Bitcoin) vai continuar por muito tempo.”

“A única coisa boa sobre isso é que seus bitcoins atuais valem muito mais do que valiam antes, muito bem; vocês estão um pouco mais ricos. A má notícia é que aposto um dólar que você ainda não tem a quantidade de bitcoins que deseja, e talvez nunca tenha, pois será mais difícil obter bitcoins com a inflação (do dólar)”, afirmou Veltas.

“Tudo isso é realmente simples, a paridade do Bitcoin com o dólar é tão especial quanto o aniversário do Bitcoin. Celebre se quiser, mas não preste atenção. E sim, o número de bitcoins em circulação ser igual ao valor dos dólares em circulação também não é especial, pois isso se deve ao valor por trás do dinheiro e, mesmo assim, tudo se resume ao que é mais estável. Então, novamente, pare de tentar encontrar valor em números que significam muito pouco e podem nos ajudar com pouco”, finalizou.

As reflexões de Veltas, então, levaram a um questionamento em comum: o que realmente significou a paridade do Bitcoin com o dólar?

O verdadeiro significado

Enquanto Hearn e Veltas fizeram comentários interessantes, membros entusiasmados do fórum puderam ser perdoados pela comemoração excessiva. O fato é que, apenas dois anos após seu lançamento, o Bitcoin deixou de valer praticamente zero e ficou igual ao dólar, a maior moeda de reserva do planeta. Apenas seis anos depois, ele seria negociado ao mesmo valor de uma onça de ouro. Trata-se de grandes feito ara uma “forma abstrata de dinheiro”.

Veltas, por sua vez, não parou contribuir com seus comentários e reflexões. Ele respondeu a um usuário que sugeriu que o Bitcoin poderia se tornar uma ferramenta adotada pelo mainstream econômico.

“Se o governo tentar regulá-lo (o que é inevitável depois de ser mainstream por tempo suficiente), tente converter Bitcoin em bens e tal seria tributável. Se o governo achar que o Bitcoin é uma mercadoria convencional, eles podem cobrar impostos, porque em qualquer negociação que você possa ganhar e que o governo possa reconhecer, é tributável.”

Naquela época, o IRS (a receita federal dos Estados Unidos) ainda não tomava conhecimento sobre o Bitcoin. Nos últimos anos, a agência afirmou repetidamente que as transações em moeda virtual são tributáveis ​​por lei e que aqueles que não reportarem sua renda com criptomoedas poderão sofrer multas e juros. O argumento de Veltas em favor da não adoção do Bitcoin pelo mainstream está muito alinhado com os primeiros adotantes da criptomoedas, que queriam manter o governo fora do Bitcoin.

Curiosamente, o tópico sobre a paridade no Bitcointalk esfriou em 10 de fevereiro de 2011. Ele foi revivido em 12 de abril de 2015, quando o membro ‘americanpegasus’ comentou sobre como Hal Finney “ficou furioso e incomodado com o preço dos bitcoins triplicar e atingir um dólar cheio. Descanse em paz, doce príncipe. Que paridade vem a seguir? Quando o valor total dos bitcoins excede o ouro? M1? Produto global?”.

Ainda não temos a respostas para as perguntas de “americanpegasus”. Mas certamente será algo que a  geração atual de bitcoiners provavelmente discutirá nos próximos anos.

Leia também: A história do Bitcoin parte 19: Wikileaks e o ninho de vespas

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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