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A história do Bitcoin parte 12: o lixo de um homem é o tesouro de outro

Hoje, o Bitcoin é um bem tão precioso (e valioso), que seus “hodlers” são propensos a guardarem suas chaves dentro de cofres de bancos, carteiras de hardware com segurança de nível militar e até mesmo em bunkers nucleares.

Brincadeiras à parte, o fato é as coisas nem sempre foram assim. Em seus primórdios, o Bitcoin era considerado algo de nicho, o qual ninguém desejava possuir. Trocá-lo por moeda fiduciária estava fora de cogitação. A alta demanda pelo criptoativo foi construída ao longo do tempo. E essa construção é o tema da parte 12 da série Bitcoin History.

O lixo de um homem é o tesouro de outro homem

Os Bitcoins negociados nas exchanges hoje são, em muitos casos, as mesmas moedas que estavam mudando de mãos em 2010. As propriedades dessas moedas, apesar de terem passado por centenas de carteiras nos anos seguintes, não mudaram: um Bitcoin hoje é exatamente o mesmo que um Bitcoin de 2010.

O que mudou foi o valor atribuído a cada um desses Bitcoins. Assim como o ouro é precioso em nosso planeta, mas provavelmente seria uma rocha sem valor para quem habitasse um planeta feito do metal áureo, quando o Bitcoin era fácil de se obter e existiam poucas maneiras de usá-lo, trocá-lo por qualquer outra coisa.

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A maioria dos bitcoiners, mesmo aqueles que entraram no mercado recentemente, devem conhecer a história de Laszlo Hanyecz. Ele é o cara que realizou a primeira compra registrada de bens em troca de Bitcoin, quando adquiriu duas pizzas da Domino’s por 10.000 BTC em maio de 2010.

Muitas pessoas imaginaram que, uma vez que essa transação histórica tenha ocorrido, as comportas foram abertas a uma onda de adoção por parte dos comerciantes, e um florescente ecossistema de troca foi gerado. A realidade, contudo é menos revigorante. Em 15 de junho de 2010, três semanas depois de comprar suas pizzas, Laszlo tentou fazer outra venda de bitcoins. Desta vez para um bem mais complexo – uma câmera. Será que alguém aceitou sua oferta?

Procura-se: câmera fotográfica

“Eu estou disposto a pagar uma combinação de bitcoins e dólares por equipamentos fotográficos compatíveis com Canon. Lentes, filtros e outros”, escreveu Laszlo no fórum Bitcointalk. “Se alguém estiver vendendo esse tipo de coisa, me avise”. Seu tópico recebeu o silêncio como resposta.

“Ainda estou interessado nisso se alguém tiver lentes e elas quiserem converter em dinheiro/Bitcoins”, voltou a escrever Laszlo, um mês depois. Novamente, não houve resposta.

O post de Laszlo foi escrito apenas três dias antes do lançamento da Mt. Gox, a exchange que levou o Bitcoin do anonimato ao estrelato. E, no entanto, por incrível que pareça hoje, o Bitcoin era tão desconhecido e pouco apreciado, exceto por alguns crentes, que mesmo com a Mt Gox, se desfazer de suas moedas em meados de 2010 era praticamente impossível.

Um mês antes da tentativa fracassada da compra da câmera de Laszlo, e dois dias antes de sua venda de pizza ter sido concluída, outra pessoa tentou criar um mecanismo para trocar bitcoins por mercadorias.

“Estou aceitando Bitcoins agora para o [jogo online] Um conto no deserto”, escreveu o usuário Teppy no Bitcointalk. ‘Um jogador diz ao cliente do jogo que ele quer se inscrever. Eu gero um endereço e digo a ele envie 2.000 Bitcoins para X”.

“E quando os Bitcoins aparecem, eu garanto a você um mês de acesso ao jogo.”

Como Laszlo, Teppy se esforçou para gerar interesse em sua proposta, e não está claro se A Tale in the Desert coletou uma única assinatura paga em bitcoins.

Hoje, o Bitcoin é muito mais difundido como meio de pagamento. Ele pode ser usado para comprar todo tipo de mercadoria, desde passagens aéreas até camisetas. Já existem cartões de crédito pré-pago recarregáveis com Bitcoin. Nunca foi tão fácil usar a criptomoeda, no entanto, e paradoxalmente, devido ao imenso valor que o criptoativo alcançou, a maioria dos bitcoiners atuais reluta em gastar suas moedas.

Leia também: A história do Bitcoin parte 11: a primeira grande perda de Bitcoins

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Luciano Rocha

Luciano Rocha é redator, escritor e editor-chefe de newsletter com 7 anos de experiência no setor de criptomoedas. Tem formação em produção de conteúdo pela Rock Content. Desde 2017, Luciano já escreveu mais de 5.000 artigos, tutoriais e newsletter publicações como o CriptoFácil e o Money Crunch.

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