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2018 o ano em que o Estado fará contato

No clássico filme de Peter Hyams, “2010: o ano em que faremos contato“, bem resumidamente, astronautas saem em missão para buscar informações acerca do que haveria acontecido com uma outra missão espacial e se deparam com novos conhecimentos nunca antes imaginados sobre todo o mundo. Não há imagem melhor para ilustrar como 2018, ao que tudo indica, deve ser: O ano que o Estado fará contato: com as criptomoedas.

Isso não quer dizer que o “contato” não tenha sido realizado antes, no entanto, assim como no filme, este será o ano em que os Governos irão realmente entrar no negócio da criptografia, ao que tudo indica, de duas formas: regulamentando e interagindo/criando seus próprios ativos virtuais.

A regulamentação

Não passa um dia em que o mercado não é surpreendido com notícias de regulamentação, sejam elas do Oriente, como as que, recentemente vieram da China e da Coréia ou mesmo de nações menores como Vietnam; ou do Ocidente, como a do ministro das finanças da França, Bruno Le Maire que sugeriu que uma regulamentação do Bitcoins seja pauta do encontro do G20.  Frente a tudo isso, uma coisa é certa, em 2018, mais e mais governos (com conhecimento de causa ou não) irão propor regulamentações de ICO e criptomoedas. Há até mesmo um debate mundial organizado pela ISO para definir padrões ou normas para os usos da Blockchain.

Vista pelos mais ideólogos como uma algo ruim, afinal o próprio conceito do Bitcoin é ser totalmente P2P, libertário, anônimo e não regulamentado e pela industria “criptocoin” como algo necessário, a regulamentação das criptomoedas é um fato e vai acontecer, afinal, hoje a imensa maioria das altcoins e majoritariamente os tokens, são destinados a integração e interação com toda a sociedade: comércios, industrias e até governos. Tokens destinados a cadeia de suprimentos de logística, a construção civil, à produção audiovisual, são apenas alguns exemplos de ativos digitais que lidam com ramos que necessitam, obrigatoriamente, de regulamentação, como a construção civil por exemplo. Assim, será impossível haver uma plataforma desregulamentada atuando num setor altamente regulamentado e no qual, qualquer falha pode significar não só milhões perdidos como desastres e mortes.

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No caso das altcoins, a Ethereum lida com soluções, em blockchain, para inúmeras empresas globais que seguem regulamentações (diferentes em cada país) para realizar suas operações e atingir seu mercado, certamente não passará a Blockchain de mais de US$ 101 bilhões ilesa de enfrentar o Juiz do Estado. A IOTA que pretende ser a espinha dorsal para a Internet das Coisas (IoT) e lançou um grande Big Data de IoT, chamado Iota DataMarketPlace, também não será o único livre num mundo conectado e no qual todos que utilizam sua rede enfrentam regulamentos. Isso para citar apenas dois exemplos.

Uma certeza é clara: o mercado será regulamentado, a dúvida preocupante é como? Afinal 2017 foi o ano em que fizemos a Odisséia, agora como faremos o contato ai é que, como dizia minha mãe, “a coisa deu nó“, pois os governos, em quase todos os graus, tem um conhecimento muito limitado do que vem a ser o mundo cripto e colocam na mesma gaveta ICO, Blockchain, Bitcoin, SilkRoad, lavagem de dinheiro, criptomoeda, exchange, enfim, poucos são os que conhecem a diferença e as várias nuances do universo das criptomoedas. O resultado disso pode ser leis sem sentido e totalmente proibitivas, isolado nações de uma revolução que não pode ser contida.

Moeda estatais

No caminho que trilharam para entender o mundo cripto, além das regulamentações os Estados tem entendido que as criptos são uma tecnologia inovadora mas sua descentralização nada tem a ver com o papel do Estado e, portanto, a forma mais correta seria os estados terem suas própria criptomoedas (garantidas pela moeda fiat correspondente na proporção 1:1) assim, tudo que para eles as criptos permitem, como lavagem de dinheiro (só para lembrar as malas do Geddel Vieira Lima não continham um Bitcoin, mas milhões de reais) poderia ser fiscalizado e combatido.

Por isso nações como a Inglaterra, Suécia, Ucrânia, Líbano, Israel, China, Dubai, entre outros anunciaram que pretendem ou já estão trabalhando no lançamento de seus “CriptoFiats”, sem contudo dar nenhum detalhe sobre como pretendem estipular o funcionamento destes com o mercado atual e nem como o vendedor e o comprador comum vão poder utilizar esta ferramenta. O caso mais temerário é o que vem ocorrendo na Venezuela que deve lançar o Petro, sua moeda estatal vinculada ao valor do Petróleo. A proposta foi proibida pelos Deputados daquele país, mas o presidente segue com o projeto que terá até um ICO e Tokens garantidos para os desenvolvedores (ou seja, dinheiro da nação na mão pessoal de políticos, um roteiro conhecido), porém o mais sensato é aguardar como esta, que parece ser a primeira cripto estatal, vai se comportar e pautar, se é que isso vai acontecer, o desenvolvimento/aperfeiçoamento dos outros projetos.

Blockchain

Outro caso particular é a Blockchain, esta, digamos é a menina dos olhos dos Governos. Há quase uma unanimidade entre as nações em assumir que a tecnologia por traz do Bitcoin é fantástica e abre um novo caminho para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de projetos estatais. Emissão de identidades, controle da cadeia de suprimentos para produtos médicos, Smart Cities, registro de imóveis, eliminação de burocracia, entre outros, são os diferentes usos que o estado tem pensado colocar em blocos. Portanto, se o Estado fará uso da Blockchain sua regulamentação é condição essencial para a implementação, seja ela Hyperledger Frabic, Cardano, RailBlocks, Ethereum ou em DAG como Byteball e IOTA.

Portanto, por mais que promessas de transações atômicas e exchanges descentralizadas interagindo com carteiras de hardware sejam anúncios que prometem mais controle na mão do usuário, isso não significa que elas eliminam o controle do Estado e nem que vão impedir que os governos criem normas para o mercado cripto. As regras virão porque não falamos mais apenas de uma moeda P2P, mas de todo um mercado que irá pautar o futuro da sociedade, conectando computação quântica, inteligência artificial, machine learning, internet das coisas com todo o mundo analógico que temos hoje.

Neste universo, é preciso entender que o Estado é e sempre será o Estado, aquele que detém o poder de regular (e, principalmente, punir) a convivência entre os indivíduos sobe sua proteção visando garantir denominadores comuns que possibilitem esta vida em conjunto. O fim do Estado (entendido também como um poder central) é completamente absurdo e cenários que imaginam uma  auto regulamentação entre os humanos desconhecem completamente a Psique humana.

No entanto em vez de assistir ao filme e aguardar como o “Contato” será feito o mundo cripto deve entrar na cena e entender que o Estado é composto e feito pelos seres humanos, eles que estabelecem as regras e as leis que ditam o caminho do Estado. Assim é mais do que necessário que os Geeks também participem da cena política, não apenas revelando documentos secretos, mas discutindo e buscando aperfeiçoar  as formas como o Estado será formatado no futuro, afinal, se a tecnologia é o futuro da sociedade e nós somos parte desta vanguarda, não podemos deixar que sempre os mesmos dinossauros digam como deve guiar-se um veiculo autônomo.

2018 será o ano que o Estado fara contato, mas os próximos podem ser os anos em que os Geeks invadiram a Matrix.

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Cassio Gusson

Cássio Gusson é jornalista há mais de 20 anos com mais de 10 anos de experiência no mercado de criptomoedas. É formado em jornalismo pela FACCAMP e com pós-graduação em Globalização e Cultura. Ao longo de sua carreira entrevistou grandes personalidades como Adam Back, Bill Clinton, Henrique Meirelles, entre outros. Além de participar de importantes fóruns multilaterais como G20 e FMI. Cássio migrou do poder público para o setor de blockchain e criptomoedas por acreditar no potencial transformador desta tecnologia para moldar o novo futuro da economia digital.

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