O Petro, um Token ERC-20 que será emitido pela Venezuela com lastro em barris de petróleo e outras commodities, ganhou, segundo anunciou oficialmente do Ministro de Comércio Exterior Venezuelano, José Vielma Mora, apoio e investidores do Brasil, Canadá e de países da Europa. Até o momento da redação nenhum dos países citados confirmou as declarações.
A notícia foi divulgada pela rede Telesur, estatal de comunicação criada pelo ex-presidente Hugo Chaves e controlada pelo governo da Venezuela, e lista que um grupo de empresários brasileiros deseja investir um total de US$ 300 milhões no Petro, começando com um aporte de US$ 100 milhões. Montante este que, se investido na primeira rodada do ICO da moeda (de acordo com dados divulgados anteriormente, mais de 38 milhões de Petros serão vendidos para investidores institucionais em uma pré-venda de um mês que começará em 20 de fevereiro), geraria para os investidores um total de 5 milhões de Petros ou mais de 8.333 milhões da moeda caso o desconto de 60% anunciado para esta primeira rodada seja aplicado (a possibilidade de desconto consta também no Whitepaper do Petro).
Ainda segundo o ministro José Vielma, países da Europa também darão respaldo ao Petro como Polônia, Dinamarca e Noruega além de Honduras e Vietnã (que baniu o uso de Bitcoin no pais), entre outros teriam manifestado interesse em exportar mercadorias para a Venezuela, como alimentos e remédios, no valor total de US$ 435 milhões, aceitando como pagamento a criptomoeda de Maduro. Vielma também declarou ter sido procurado por representantes de uma Câmara de Comercio do Canadá, também interessados na moeda venezuelana para intercâmbio em produtos farmacêuticos. Lembrando que o Petro não será conversível em seu ativo físico, ou seja, não será possível trocar a moeda pela quantidade equivalente de barris de Petróleo.
Muito antes do anúncio de José Vilena, Nicolás Maduro tem buscado apoio institucional e financeiro para seu projeto, o mais recente foi sua proposta para a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) de adotar uma criptomoeda comum para a organização, sem citar o Petro nominalmente. O presidente já buscou respaldo internacional para os planos de seu token ERC-20 no Qatar e na ALBA, ambos, até o momento sem sucesso.
Mineração
O projeto venezuelano conta ainda com “fazendas de mineração” para o Petro, sem contundo especificar o que será e como será feita esta mineração, dado que, segundo o Paper (analisado pelo Criptomoedas Fácil) todas as 100 milhões de moedas Petro serão pré-minadas, ou seja emitidas de uma só vez. Além disso, por se tratar de um ERC-20 o Petro terá que pagar a taxa da rede (gás) e utilizará a Blockchain da Ethereum não necessitando de uma mineração própria. O Paper da moeda não faz nenhuma menção a proposta, a não ser, uma vaga citação de mineração em PoS (algoritimo desenvolvido por Sergey Ivancheglo e utilizado pela primeira vez na moeda NXT e Decred. A Ethereum vem fazendo testes para, possivelmente, migrar de PoW para PoS em uma atualização chamada Casper).
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No entanto, apesar de toda a falta de informação, o presidente venezuelano declarou que mais de 860 mil cidadãos se inscreveram para fazer parte da equipe “mineira” da nação sul-americana. O registro de mineradores foi lançado pela Superintendência de Criptografia e Atividades Relacionadas da Venezuela e esteve aberto até o dia 21 de janeiro para inscrições. Durante a reunião de lançamento oficial do Petro, Maduro revelou pela primeira vez o “Petro Container”, destacando que centros de mineração da moeda estariam sendo instalados em instituições educacionais (escolas e universidades).
Oposição
Os planos do Petro não são cercados apenas de mistério e detalhes mal explicados há também fortes opositores, neste time, um dos mais recentes membros é Juan Zarate, ex-vice-assistente do presidente George W. Bush, e ex-assessor de segurança nacional para combater o terrorismo. Zarate foi o responsável pela criação de instrumentos financeiros, como as sanções, para pressionar nações contrarias aos interesses americanos. Segundo ele a possibilidade de Tokenização que retira do Dolar o poder de denominador comum, impede a imposição de qualquer medida de pressão econômica para restringir a circulação de bens e divisas e, assim, diminui enormemente a capacidade americana neste campo.
Justamente esse foi o principal objetivo de Maduro, explicitado no próprio Paper, para lançar o Petro, fugir das sanções americanas que proíbem o pais de realizar transações com títulos da dívida venezuelana e comprar bônus de sua empresa estatal petroleira (PDVSA). As sanções reduziram o acesso da Venezuela às finanças globais e à banca internacional.
O Congresso venezuelano já condenou a moeda como ilegal e o Departamento do Tesouro dos EUA declarou a criptomoeda como ‘ilegal’ para cidadãos americanos, tendo em vista as últimas sanções impostas por Donald Trump. Recentemente o Petro também foi citado na audiência com Christopher Giancarlo, presidente da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês), e Jay Clayton, presidente da Comissão de Segurança e Câmbio (SEC, na sigla em inglês) realizada no Capitólio com os senadores americanos.
Ainda não foram lançadas, oficialmente, wallets para o armazenamento do Petro e nenhuma Exchange ainda anunciou suporte oficial a moeda, tampouco o governo forneceu mais detalhes de como será a circulação do Petro e sua possível convergência em moeda fiat nem como adotara mecanismos para impedir lavagem de dinheiro, evasão de divisas, entre outros delitos, amplamente atribuídos a criptmoedas até mesmo pelas autoridades venezuelanas que em 2017 ‘caçaram’ mineradores de Bitcoin, prendendo-os acusados justamente por estes crimes.