A exchange NegocieCoins, apontada pelo CoinTradeMonitor e pela CoinMarketCap como a maior plataforma de negociação de criptomoedas do Brasil, é constantemente acusada de fraudar seus dados e volumes com o intuito de inflar ordens. De fato, no momento em que essa matéria é escrita, tanto a NegocieCoins quanto a TemBTC, duas empresas do grupo Bitcoin Banco, aparecem com mais de 44 mil BTC (cada uma) negociados nas últimas 24 horas. Enquanto isso, a terceira colocada no ranking, a Mercado Bitcoin, aparece com pouco mais de 291 BTC, ou seja, apenas 0,7% do volume da NegocieCoins.
Os números altos muitas vezes acendem alertas na comunidade cripto/blockchain nacional quanto à veracidade das ordens relatadas e – tendo em vista que outros indexadores de preços como BitValor e Brix não listam a exchange – surgem suspeitas entre os usuários. Algumas pessoas, em mensagens enviadas ao CriptoFácil por meio das redes sociais, chegaram a acusar a exchange de “imoral”, alegando que pelo fato de realizarem operações entre as empresas, isso lhes daria um acesso privilegiado ao livro de ordens, o que faz com que o trader entre numa plataforma unfair for trade.
O volume declarado pelas exchange é um debate complexo em todo o mundo, pois somente uma auditoria interna, direto no software das empresas, seria capaz de identificar o que é ou não volume falso. Recentemente, a Bitwise afirmou que 95% do volume global de Bitcoin apresentado na ferramenta CoinMarketCap é falso, mas não conseguiu provar, sem sombra de dúvidas, suas alegações, mesmo porque sem acesso direto ao sistema das exchanges, só é possível questionar e apontar possíveis faltas de ética.
No caso do Brasil, estudos já foram feitos sobre o assunto e o tema é delicado entre a comunidade que diz, citando dados do Alexa, que os acessos às plataformas de negociação de criptomoedas têm caído desde o boom de 2017. Desta forma, no caso da NegocieCoins, um volume de 80 mil BTC seria “questionável” pois colocaria a empresa como a quinta maior exchange de Bitcoin do mundo, acima da Bitfinex, da Binance e da Huobi Global. Estudo sobre o volume das exchanges no Brasil também já foram feitos tanto por pesquisadores nacionais quanto internacionais, mas mesmo estes, em sua maioria, são baseados em dados públicos, informados por plataformas e que também podem ser imprecisos.
Posição da NegocieCoins
O CriptoFácil conversou com Brunno Ramos, diretor da NegocieCoins, que declarou que as acusações não têm nenhum fundamento e que a NegocieCoins é a unica plataforma do Brasil que possui transparência nas ordens executadas com um modelo de hash que permite comprovar as transações feitas em criptomoedas.
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“As acusações relacionadas ao volume da NegocieCoins são antigas e estão aí desde 2018, partindo principalmente do responsável por um site de consultas de valores de criptomoedas, que hoje está desatualizado e conta com menos da metade das exchanges brasileiras. Naquele momento [em 2018], não era possível usar API de trade tanto interna como externamente. Todo volume negociado na exchange era oriundo do valor movimentado por grandes players do mercado e negócios efetuados pelas diversas empresas que compõem o grupo Bitcoin Banco, que tem como um de seus objetivos difundir o uso das criptomoedas”, explica Brunno Ramos.
Em 2018, a NegocieCoins já era a primeira exchange em volume negociado no Brasil, e estava no ar há três anos ininterruptos, desde 2015, com seu código próprio desenvolvido por Rodrigo Lullez. A exchange iniciou, segundo Ramos, uma série de ações para garantir absoluta transparência à movimentação e eliminar qualquer possibilidade de suspeita sobre a lisura de seu trabalho. Uma delas foi a implantação de apelidos no book de ofertas, o que traz mais clareza às operações e possibilita a identificação dos usuários.
A segunda ação adotada, prossegue o diretor da NegocieCoins, foi o bloqueio de ordens de compra e venda pelo mesmo ID. Isso impede que ordens manipuladas afetem o order book da plataforma. “Além disso, recentemente implantamos um sistema que permite que as hashs das transações sejam consultadas automaticamente, minimizando também os riscos de manipulações”, afirma o diretor.
Quanto ao aumento no volume negociado, Brunno Ramos ressalta que as exchanges NegocieCoins e TemBTC têm batido recordes de movimentação de criptomoedas e que os números cresceram graças à integração entre plataformas que permite aos clientes das duas corretoras realizar transferências em reais. A operação agora é feita de maneira ágil e sem o pagamento de TED, a taxa de transferência bancária. Nesse caso, há apenas a taxa de retirada de 0,5%.
Esse livre trânsito de criptomoedas entre as duas exchanges está ativo desde 08 de janeiro, das 8 às 22 horas e desde o dia 25 de fevereiro, foi liberado por 24 horas aos clientes, além de se tornar totalmente automatizado. Além disso, o Grupo Bitcoin Banco disponibilizou para os clientes todas as transações em tempo real no site da NegocieCoins. Dessa maneira, o usuário pode realizar suas operações e acompanhar a exibição na lista de transações. Essa ferramenta é inédita no mundo dos criptoativos e confere total transparência às negociações.
Nesta semana, o Grupo Bitcoin Banco está lançando sua terceira corretora, a BatExchange, que também conta com as transferências inter exchanges livre de TED e horário bancário, o que deverá aumentar ainda mais os volumes negociados.
Posição dos índices brasileiros
Segundo Wagner Silva, do CointradeMonitor, a NegocieCoins está incluída no índice de preço pois o site respeita primeiramente o usuário e lhe dá ferramentas para que ele possa optar pela exchange que achar mais conveniente.
“Todas as exchanges brasileiras são incluídas pois a política do Cointrader Monitor é de respeitar a capacidade de escolha do cliente, incorporando em nossas ferramentas a possibilidade de utilizar uma exchange ou não nos cálculos de preço ou arbitragem”, declarou.
Já o bitValor declarou:
“Não temos nenhum comentário sobre exchanges em particular. O bitValor não adiciona todas as exchanges no indexador pois nem todas apresentam requisitos considerados necessários para estar no índice. Existem várias exchanges brasileiras que são periodicamente reavaliadas mas não foram incluídas no índice.”
O mais recente índice brasileiro Brix seguiu na mesma linha do bitValor e declarou que tem um procedimento interno próprio sobre as plataformas que são aceitas para determinar o índice do preço do Bitcoin e que, desde que as empresas atendam estes critérios, elas são listadas e que não há, por parte do Brix, qualquer estudo ou acusação sobre volume de exchanges.
Processo
Em 2018, a exchange NegocieCoins processou um cliente da corretora que afirmava que a plataforma continha volumes falsos, entre outras acusações. Após audiência de conciliação realizada depois do processo aberto, o cliente postou no grupo fechado do Facebook uma retratação pública informando que tais afirmações tratavam-se de opinião pessoal e que não existia comprovação dos fatos.
“O Grupo Bitcoin Banco entendeu que o autor ultrapassou a linha da opinião e, portanto, da liberdade de expressão. Ao entendermos que cometeu ofensa e violou o chamado direito da honra objetiva da empresa, tomamos a decisão de buscar reparação em juízo. Durante a audiência de conciliação, a NegocieCoins ofereceu proposta de acordo para encerrar a ação penal, mediante publicação de retratação. Está sendo feita uma análise exaustiva de outros casos para que o Grupo Bitcoin Banco proteja a honra objetiva da empresa com o intuito de valorizar a atuação séria e honesta das companhias que atuam nesse mercado”, disse a exchange na época.
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