No início de abril, o CriptoFácil noticiou sobre sócios da G44 que demandaram judicialmente o bloqueio de R$ 55 mil da empresa, após a mesma não efetuar pagamentos.
Em conversa com a defesa dos sócios, o CriptoFácil obteve a informação que a G44 não tem valores em suas contas. Isso quer dizer duas coisas: ou a empresa não possui fundos, ou uma possível ocultação de bens está em curso.
G44 responde a mais de 150 processos no Distrito Federal
Em contato com o escritório de advocacia Bayma e Fernandes Advogados Associados, o CriptoFácil obteve a informação que a G44 Brasil (como também é conhecida a G44) responde a mais de 150 processos, números que correspondem apenas às demandas ajuizadas no Distrito Federal.
Porém, os investidores podem acabar frustrados na busca pela reparação judicial dos pagamentos não feitos pela G44, uma vez que a empresa não possui valores em suas contas. Conforme o resultado dividido com o CriptoFácil, a busca por meio do sistema Bacenjud acusou a inexistência de valores:
Segundo declaração da advogada Camila Montandon, do escritório Bayma e Fernandes Advogados Associados, os rendimentos não pagos também estão sendo alvo dos pedidos de bloqueio:
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“O grupo econômico formado pela G44 Brasil, que atua em diversos segmentos, dentre eles minério de esmeraldas e ouro, construção civil, fabricação e tecnologias em criptomoedas, atraiu diversos investidores em todo o Brasil a empreenderem no mercado financeiro com a promessa de rendimentos diários. No entanto diversos investidores que depositaram sua expectativa e confiança ao investir significativos valores junto ao referido grupo econômico relatam que passaram a não receber os rendimentos prometidos. As ações ajuizadas em desfavor do grupo econômico visam resguardar os direitos dos investidores que viram os seus sonhos interrompidos diante do dito descumprimento contratual. Os investidores buscam assim a chancela jurisdicional a fim de que possam reaver os valores investidos, bem como os rendimentos não pagos.”
Acordo extrajudicial não cumprido
A G44 firmou um acordo que consiste no pagamento de valores nos dias 10 e 25 de cada mês, que teria cumprimento iniciado em março.
Entretanto, até agora apenas alguns investidores receberam os valores, estes referentes apenas ao dia 25 de março. A empresa está justificando os atrasos com a pandemia de coronavírus instaurada no globo, afirmando dificuldade para liquidar seus ativos.
De qualquer forma, a justificativa não tem sido aceita, uma vez que o bloqueio dos bens têm sido decretados da mesma forma – como ocorreu no caso do bloqueio dos R$ 55 mil, embora não haja valores em conta.
Promessa de pagamento com outra suposta pirâmide
A Goldario é outro esforço da G44 Brasil, tendo a empresa afirmado que o momento é “excelente”, após apresentarem a criptomoeda ao mundo.
Segundo o material de apresentação da Goldario, já exposto pelo CriptoFácil, o token é supostamente lastreado por esmeraldas e é oferecido por meio de uma confusa oferta inicial de moedas (ou ICO).
O projeto tem os mesmos aspectos das ofertas da G44, ou seja, os traços de uma suposta pirâmide financeira. Ainda não é certo quantos clientes a Goldario captou, tampouco o capital obtido pela empresa.
Desta forma, a promessa de pagamento feita aos clientes da G44 se baseia em algo incerto, com os mesmos indícios de fracasso da empresa.
O que é a G44?
A G44, ou G44 Brasil, é um conglomerado que supostamente atua com mineração de ouro e esmeraldas, construção civil e criptomoedas. A empresa ficou famosa após suas ofertas de ganhos estratosféricos, auferidos por meio de supostas negociações com criptoativos.
Desde 2019, os clientes da empresa não recebem os rendimentos prometidos, com boa parte destes investidores sequer conseguindo reaver os valores depositados. Em fevereiro deste ano, a empresa apresentou uma proposta de acordo extrajudicial sobre seus produtos, Sprint 200 e Sprint 250.
Contudo, mesmo com a proposta de acordo extrajudicial, os investidores não estão recebendo os valores. A G44 e seus sócios, Joselita de Brito de Escobar e Saleem Ahmed Zaheer, respondem a um processo administrativo na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) desde 2018.
Por fim, o grupo econômico foi denunciado em Santos/SP, pela prática de 11 condutas criminosas diferentes.
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