De acordo com uma reportagem do portal iraniano Mehr News na segunda-feira, 04 de maio, a nova “Reforma da Lei Monetária e Bancária” do Irã foi aprovada no parlamento. A principal determinação da nova lei diz respeito à troca da moeda local: o rial será substituído pelo toman nos próximos dois anos. A cotação estabelecida para a troca da moeda será de 10.000 rials ara cada toman, com cada toman equivalendo a 100 paresh.
A nova lei foi aprovada com o objetivo de combater a hiperinflação que assola o país, motivada tanto pela crise da pandemia de Covid-19 quanto pelas sanções aplicadas pelas potências ocidentais, especialmente os Estados Unidos. A troca de moeda para combater a escalada nos preços é um recurso muito utilizado nessas situações. Aqui no Brasil, foram oito trocas de moedas no período entre 1942 e 1994, todas motivadas por episódios de hiperinflação.
Hiperinflação e Bitcoin no Irã
Em 2018, as autoridades iranianas estabeleceram uma taxa de câmbio oficial em cerca de 42.000 rial para cada dólar (USD). Muitas casa de câmbio ainda mostram seus preços como a taxa atual. Ao mesmo tempo, a exchange P2P de Bitcoin LocalBitcoins registrou uma forte alta no preço do Bitcoin no país. A cotação chegou a 1.445.658.900 rials por Bitcoin, o que, de acordo com a taxa de câmbio oficial, representa aproximadamente US $ 34.500 (R$190 mil), o que equivale a quase quatro vezes a cotação internacional (US$8.860,00 no momento da produção deste texto).
Tal situação é bastante semelhante ao que ocorreu no Zimbábue em 2019, na qual a demanda pelo Bitcoin fez seu preço saltar para mais de US$300 mil na época (R$1,670 milhão na cotação atual do dólar), conforme relatou o CriptoFácil.
De acordo com a Radio Free Europe, o preço do dólar no mercado negro iraniano chegou a alcançar 156.000 rials, quase quatro vezes maior do que a cotação oficial. O toman cortará quatro zeros das taxas atuais, mas pode se deparar com os mesmos problemas que impediram o rial de prosperar.
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Anos de hiperinflação no Irã
As sanções impostas pelos Estados Unidos a partir de 2018, após o presidente Donald Trump retirar o país do acordo nuclear com o Irã e a União Europeia assinado em 2015, iniciaram o atual período de hiperinflação e problemas econômicos. Mais recentemente, a luta do Irã para conter o coronavírus e o colapso do preço do petróleo agravaram os problemas existentes.
O aumentou do interesse dos iranianos por criptomoedas levou o país a legalizar as atividades de mineração em julho de 2019. Outros países que enfrentaram hiperinflação usaram criptomoedas para combater a desvalorização de suas moedas – mais recentemente, a Venezuela viu surgir um novo dólar sintético apoiado pelo Bitcoin.
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