Se você comprar algo como Bitcoin ou outra criptomoeda, você realmente não terá nada que produza algo para você. Você estará apenas esperando que o próximo pague mais.
A frase acima foi usada por um dos homens mais ricos do mundo como uma crítica ao frenesi em torno do Bitcoin.
Em entrevista ao Yahoo! Finance em maio, Warren Buffett afirmou que não vê o Bitcoin como um investimento, mas sim como mera especulação. Segundo ele, a única utilidade do Bitcoin é ser vendido por um preço maior do que o preço de aquisição do comprador.
Muitos grandes investidores utilizam esse argumento para mostrar que não existe solidez por trás de uma análise do Bitcoin, uma vez que ele não gera renda ou “não tem valor intrínseco.” Portanto, a crescente busca de investidores não passaria de uma histeria comparável com a Mania das Tulipas (comparação que o próprio Buffett chegou a realizar).
O texto de hoje tem como objetivo contrapor essa análise do “Oráculo”. Longe de querermos dizer que ele está errado, o objetivo aqui é mostrar que existem, sim, diversos motivos para ficarmos de olho no Bitcoin esse ano, e considerá-lo como um ativo em nosso portfólio. Afinal, grandes nomes do mercado financeiro estão seguindo esse caminho — e muitos deles já estão obtendo grande sucesso.
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Vamos aos fatores.
Bolsas e bancos tradicionais voltam suas atenções para a moeda
Embora investidores como Warren Buffett menosprezem o Bitcoin, os grandes mercados começam a adotar negociações da moeda. No final do ano passado, as duas maiores bolsas de mercado futuros do mundo — CBOE e CME — anunciaram o começo dos mercados futuros de Bitcoin. Desde então, os volumes de compra e venda dos contratos aumentam a cada mês.
Além disso, bancos como o Goldman Sachs já estudam a utilização da tecnologia blockchain em seus processos, o que pode aumentar o interesse pelo Bitcoin. E nessa semana tivemos a surpresa de que a Bolsa de Nova York (NYSE) lançará uma empresa para transacionar e custodiar Bitcoin, a Bakkt.
Maior volume de negociação e aumento do interesse dos grandes bancos significa mais dinheiro institucional entrando no mercado, em quantidades cada vez maiores. Se levarmos em conta que o Bitcoin é um ativo extremamente escasso, muitos fundos terão dificuldades em conseguir ativos em um cenário de alta demanda. Consequentemente, o preço tende a saltar ainda mais de valor no médio e longo prazo.
Eleições
Esse é um fator mais localizado, uma vez que estamos falando das eleições brasileiras para presidente e congresso nacional, em outubro deste ano.
Embora eu não goste de atrelar o sucesso de um ativo a uma eleição, tampouco invista em ativos cujo “sucesso” dependem do próximo presidente, é inegável que o resultado final da corrida eleitoral pode causar um aumento no preço do Bitcoin em termos de reais. Afinal, todo o mercado será impactado por esse resultado.
A posse de um candidato com ideias populistas e avesso a reformas, por exemplo, pode causar stress nos mercados e levar investidores a se refugiarem em ativos que ofereçam maior proteção. Nesse caso, ouro, títulos de dívida estrangeiros (como dos Estados Unidos) e o Bitcoin poderão se beneficiar. A criptomoeda tem como grande vantagem a facilidade de aquisição, tanto em termos de burocracia quanto em custos. Isso pode atrair o pequeno investidor que deseja proteger seu patrimônio, causando um aumento na procura da moeda — e, consequentemente, um aumento no preço.
Halving
O Halving é um evento que ocorre na rede do Bitcoin a cada 216 mil blocos minerados (o que dá cerca de quatro anos). A cada período desses, a recompensa de bitcoins emitida por bloco minerado, atualmente em 12,5 bitcoins emitidos a cada 10 minutos, é cortada pela metade.
Como citado no tópico sobre os mercados tradicionais, o Bitcoin é um ativo escasso. Apenas 21 milhões de unidades existirão no mundo, sendo que 17 milhões foram mineradas até agora. Desse modo, o próximo halving reduzirá a recompensa para 6,25 bitcoin, depois 3,125, e assim por diante, até que todas as unidades sejam mineradas.
O corte quadrianual da recompensa faz com que menos unidades de bitcoins sejam emitidas, o que aumenta ainda mais a sua escassez. A partir do próximo corte, que ocorrerá em 2020, a taxa de “inflação” da criptomoeda se aproximará da taxa histórica do ouro (2% ao ano). Esse evento pode trazer, como já trouxe no passado, grandes movimentações positivas no preço do Bitcoin e fazer da moeda um investimento ainda mais lucrativo.
Nova crise financeira
A possibilidade de um novo crash nos mercados mundiais é algo que não está em destaque na grande mídia. Entretanto, isso não significa que ela não possa ocorrer em breve.
Já estamos a 10 anos desde a última crise, que ocorreu em 2008. Muitos mercados encontram dificuldades para crescer e superar suas máximas históricas (como o caso da China e do Japão). E a guerra comercial, travada entre Estados Unidos e China, pode prejudicar de forma significativa o comércio global, o que pode acelerar esse processo.
Em um momento de crise, o Bitcoin terá uma grande oportunidade para provar seu valor como ativo de proteção e disputar com o ouro a atenção dos investidores que buscarem um porto seguro contra a quebra geral dos mercados. Esse será, caso ocorra, o maior desafio do Bitcoin desde a sua criação — curiosamente, ocorrida no mesmo ano da última grande crise.
Conclusão
Os quatro fatores listados tem grande probabilidade de ocorrerem ou de se fortalecerem ainda neste ano (com exceção do halving, previsto para 2020). Por isso, cabe uma atenção maior a como o Bitcoin se comportará nessa última parte de 2018.
Antes de adotar o pensamento de “bolha”, procure estudar melhor sobre o Bitcoin e avaliar os seus fundamentos (sim, eles existem e podem ser mensurados). Mesmo que seu objetivo não seja investir, o conhecimento sobre o ativo servirá para embasar sua opinião — contrária ou a favor — de forma mais segura.