Uma notícia divulgada nesta sexta-feira, 03 de agosto, pode significar o grande marco rumo à uma adoção passiva do Bitcoin por parte do mercado tradicional. De acordo com a revista Fortune, a Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) anunciou que participará de um consórcio cujo objetivo é lançar uma plataforma de negociação e custódia de Bitcoin.
O anúncio foi divulgado pela Intercontinental Exchange (ICE), megagrupo financeiro que detém o controle da NYSE. O consórcio será responsável pela criação de uma nova empresa chamada Bakkt. E é justamente esse novo empreendimento, que deve ser lançado em novembro, que oferecerá os serviços em Bitcoin – apoiados por toda a regulamentação dos Estados Unidos.
Com a criação da Bakkt, a ICE pretende transformar o Bitcoin em uma moeda global confiável com amplo uso. E para garantir o sucesso dessa empreitada, ela conta com dois parceiros de peso no mercado global: as empresas Microsoft, gigante do mercado de softwares, e a famosa rede de cafés Starbucks. Além delas, o grupo também inclui empresas como o Fortress Investment Group, o Eagle Seven, o Susquehanna International Group e o Boston Consulting Group, bem como empresas com menor participação acionária.
De acordo com a reportagem, o principal objetivo da Bakkt será tornar o Bitcoin um ativo seguro e sólido para os principais investidores que ainda evitam investir na criptomoeda – como algumas das grandes instituições financeiras do mundo. O intuito é abrir caminho para grandes gestores financeiros oferecerem fundos mútuos, fundos de pensão e ETFs atrelados ao Bitcoin como investimentos tradicionais regulados pelos órgãos oficiais. Mas os objetivos da empresa não param por aí: o próximo passo depois disso pode ser usar o Bitcoin como uma ferramenta para substituir o cartão de crédito.
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Sobre o funcionamento, a Bakkt planeja oferecer um pacote completo combinando uma grande bolsa regulada pela CFTC com compensação e custódia regulada pela CFTC, dependendo da aprovação da comissão e de outros reguladores. A Bakkt fornecerá acesso à uma nova plataforma de negociação de Bitcoin na bolsa ICE Futures US. E também oferecerá serviços de armazenamento completo, um negócio que a ICE ainda não fornece.
“A receita da Bakkt virá de duas fontes”, diz Loeffler, “as taxas de negociação na bolsa ICE Futures nos EUA e as taxas de depósito pagas pelos clientes que compram Bitcoin e armazenam com a Bakkt.”
“A Bakkt é projetada para servir como uma entrada escalável para a participação institucional, comercial e do consumidor em ativos digitais ao promover maior eficiência, segurança e utilidade”, disse Kelly Loeffler, diretor de ativos digitais da ICE, que atuará como CEO da Bakkt.
“Estamos colaborando para construir uma plataforma aberta que ajude a liberar o potencial de transformação dos ativos digitais de mudar o mercado financeiro a nível global.”
A notícia pegou pegou muita gente de surpresa, visto que o mercado não esperava que a maior bolsa de valores do mundo planejava uma ação tão incisiva no mercado de criptoativos. E tal mistério tem uma explicação: Loeffler disse à Fortune que a ICE e seus parceiros construíram o modelo da Bakkt nos últimos 14 meses, no mais estrito sigilo. O nome da empresa só foi decidido nas últimas duas semanas. Loeffler explica que “Bakkt” é uma jogada de “lastreados” (backed, em inglês), como em “títulos lastreados em ativos”, e significa evocar um investimento altamente confiável.
Se o plano da Bakkt funcionar como planejado, uma verdadeira avalanche de novos fundos de Bitcoin pode aproveitar a demanda reprimida pela criptomoeda, tornando-a uma opção segura e fácil para os investidores do mercado tradicional – especialmente os investidores mais jovens, millennials, que poderão utilizá-las para adquirir seus primeiros 401(k)s, os fundos de aposentadoria norte-americanos.
Além disso, o serviço oferecido pela NYSE trará ainda mais credibilidade e reconhecimento do mainstream para o Bitcoin, o que pode acelerar a aprovação das propostas de ETF que atualmente estão sob e análise da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês). No mês passado, a Comissão rejeitou, pela segunda vez em pouco mais de um ano, um pedido enviado pelos irmãos Winklevoss. Entretanto, a decisão não foi unânime: uma dissidência foi aberta por Hester M. Pierce, que apresentou diversos argumentos favoráveis à aprovação.