A WSK Trader Investimentos é uma empresa que prometia rendimentos de 300% sobre supostas operações no mercado forex e de criptomoedas. A empresa surgiu em meados de outubro de 2018 e, desde julho de 2019, não processa os rendimentos de seus investidores – afirmando possuir mais de R$ 3 milhões presos junto às corretoras XP Investimentos e Instaforex. A empresa atuava sem registro junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O CriptoFácil conversou com um investidor lesado, que faz parte de um grupo de investidores que organizou uma denúncia coletiva ao Ministério Público Federal (MPF), para entender o caso com detalhes.
Sem indícios de que ia mal
O investidor, que preferiu não ser identificado, explicou ao CriptoFácil como tudo aconteceu. O dono da WSK Trader Investimentos é um pastor evangélico, chamado Wesley Silva Pereira, de Vila Velha/ES. Utilizando da crença dos seus fiéis e da sua credibilidade como figura religiosa, Pereira captou em torno de 500 a 600 investidores – conforme estimado pelo investidor.
A empresa atuou por 11 meses sem atrasar os saques de seus clientes, operando com a modalidade de investimento livre, por meio da qual os investidores aplicavam a quantia que lhes fosse possível. Porém, Pereira anunciou pouco antes da paralisação dos pagamentos que o investimento mínimo deveria ser de R$ 4 mil, fazendo com que diversos investidores pegassem empréstimos e assumissem outros compromissos para investir enquanto o valor era “livre” – nas palavras do investidor que conversou com o CriptoFácil.
Logo após captar os investimentos mínimos de R$ 4 mil e acumular mais de R$ 3 milhões, a empresa interrompeu os pagamentos. Os clientes, indignados, cobraram uma posição da WSK Trader Investimentos. A resposta recebida foi de que as corretoras XP Investimentos e Instaforex estariam bloqueando a retirada dos valores. O investidor então afirma:
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“Enviei e-mail para ambas na época, e elas afirmaram que não existe possibilidade de travar contas sem expedição judicial ou suspeita de fraude. A empresa não responde, nem prova com documentos este bloqueio!”
Depósitos continuaram com nova promessa
A WSK continuou prometendo que efetuaria os pagamentos assim que os valores fossem liberados pelas corretoras, fazendo com que alguns clientes que ainda acreditavam na empresa continuassem depositando.
Em setembro de 2019, a empresa fez uma nova promessa, dessa vez relacionada ao sócio de Wesley: Klenio Brito de Oliveira. Oliveira possui uma empresa de mineração em seu nome, chamada Kimberli Mineração LTDA, e ela seria a suposta saída para os pagamentos. Foi dito pelos sócios da WSK que tudo seria pago com o dinheiro de um lote de minério supostamente vendido à China pela Kimberli Mineração.
Porém, até hoje a empresa sustenta que ainda não foi paga pelo negócio, razão pela qual os pagamentos continuam retidos. O investidor da WSK ainda contou que Wesley chegou a criar um novo pacote de investimento, chamado WSK Turbo, que também captou aportes.
Reféns da fé
O investidor afirma que a figura de Wesley como pastor tem ajudado a WSK até mesmo no período de dificuldade. Ele confidencia ao CriptoFácil:
“Eu vou ser sincero, eu acreditava na empresa. Nunca imaginaria que um pastor, que vivia fazendo cultos nos grupos de investidores, passaria a perna em tanta gente assim.”
Ele então passa a contar que diversos investidores lesados não querem se manifestar judicialmente contra a empresa, pois acreditam em uma “intervenção divina”, após Wesley afirmar que “o inimigo se levantou contra sua empresa”. O investidor acrescenta:
“Ele pediu para que os investidores orassem pela empresa e pelos seus pagamentos. Tem gente que tá orando até hoje.”
Até mesmo o irmão de Wesley, chamado Marcelo, gravou um áudio por meio do qual revela que também foi enganado – afirmando que investiu um dinheiro guardado e que até mesmo teve problemas no casamento. Em um trecho do áudio, Marcelo afirma:
“Minha mulher quis sair de casa, a gente tá tentando reconstruir, mas não tem mais aquela confiança. Tô com salário dos meus funcionários atrasado, o aluguel da minha lojinha atrasado, eu tenho um carrinho e ele tá com a prestação atrasada, a prestação do apartamento que eu tenho também tá atrasada (sic).”
Clientes lesados se organizam
Quase 50 clientes lesados pela WSK se organizaram em um grupo do WhatsApp para denunciar, de forma coletiva, a empresa ao Ministério Público Federal. O investidor contou ao CriptoFácil que ele, assim como outros investidores, não têm mais esperança de receber as quantias retidas – tendo em vista o sumiço dos sócios da empresa.
Ele convida aqueles lesados pela WSK que têm interesse de denunciar a empresa para o grupo organizado. É possível entrar por meio deste link: https://chat.whatsapp.com/CmykCFvbpuW2Tmhx1rfyb2
O investidor afirma:
“Eu tenho esperança que eles respondam junto à CVM e ao MPF, porque eles não tinham registro para oferecer os investimentos.”
Dono da WSK indica outros negócios
Wesley indicou ainda aos seus filiados a J7 Marketing Digital, que promete ganhos de até 4% ao dia durante 40 dias úteis, que disponibiliza saques apenas às quartas e sextas-feiras. A empresa promete os rendimentos por meio de supostas operações no mercado de criptomoedas, intermediadas por robôs de arbitragem, e ainda tem o típico sistema de indicação do marketing multinível.
O dono da WSK, por meio de um áudio, fala que é amigo de anos de Jussier Souza de Oliveira – proprietário da J7.
“Eu gosto muito do Jussier, ele é uma pessoal boa. Eu vou colocar aqui a lâmina, aquele que achar interessante, pode fazer o cadastro se quiser. […] O projeto dele parece que é mais ou menos igual ao nosso, e o Jussier vocês já conhecem. Aqueles que quiserem, tá. Conheço o Jussier e ele é uma boa pessoa, nunca deixou a desejar.”
Enquanto isso, a WSK continua oferecendo serviços, como a WSK Marketing Digital. O paradeiro dos sócios da empresa ainda é incerto.
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