Se você não consegue parar de falar que o Bitcoin é o futuro da humanidade, que ele vai matar os bancos e promover uma revolução financeira, que pode ajudar a acabar com a pobreza, se você não cansa de falar que o white paper de Satoshi Nakamoto é a coisa mais revolucionária dos últimos tempos e se você não desgruda os olhos das ferramentas que monitoram as oscilações nos preços dos criptoativos, talvez você precise fazer uma visita à Escócia.
No país que pertence ao Reino Unido, está localizado o Castle Craig, um centro de reabilitação para pessoas viciadas em álcool, sexo e drogas e que agora iniciou tratamentos de outro vício: o Bitcoin.
Segundo um documentário da Motherboard, o programa de reabilitação de viciados em Bitcoin está em funcionamento há cerca de um ano.
“Se você está predisposto ao vício, ele vai apenas agarrar você e não vai deixar você ir. E isso destruirá sua vida”, diz Tony Marini, terapeuta do Castle Craig.
Marini diz que o Castle Craig é um dos primeiros centros de reabilitação a reconhecer a natureza viciosa da criptomoeda. A reportagem da Motherboard concentra-se em um paciente chamado Mark que se autoproclama um viciado em apostas desde os 13 anos. “Não importa se eu ganhei ou perdi”, diz ele. A “pressa” de assumir o risco era seu vício e seu primeiro contato com o Bitcoin foi comprando drogas na deep web.
No total, Mark havia acumulado cerca de US$9.000 em Bitcoin em suas “andanças” na deep web, que ele deixou de lado por um tempo quando parou de usar a rede obscura, mas quando o rali de alta do BTC começou a elevar os preços para níveis históricos, ele percebeu que seus US$9 mil eram agora mais de 2 milhões de dólares australianos e com sua nova fortuna, o vício ganhou espaço.
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Mark alega ter feito outros 500.000 (em dólares australianos) em operações de short com Bitcoin. Mas a recompensa financeira veio ligada com poucas noites de sono e um negligenciamento total da família (esposa e filhos). Viciado em notícias sobre criptomoedas, Mark passou todo o seu tempo obcecado com movimentos de preços. No dia de Natal de 2017, quando o preço do Bitcoin fechou em torno de US$14.000, Mark fez check-in em uma sala de emergência. Ele acreditava que havia perdido o contato com a realidade.
Mark admite que o vício em Bitcoin era apenas mais um faceta dos outros vícios pelo qual ele sofria, mas que o mercado volátil e “insano” das criptomoedas podem potencializar predisposições como a dele, fato que também é destacado pelo terapeuta Tony Marini, que destaca como a extrema volatilidade afeta a dopamina no cérebro humano.
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